quarta-feira, 31 de julho de 2013

Igual só que diferente



Que os homens pensam de um jeito e as mulheres de outro não é novidade. Também não é novidade que este é o motivo de tanta discussão sem sentido entre casais.  Uma forma de ultrapassar diferenças e que não deveriam atrapalhar o amor é, sem dúvida, compreendendo as razões do outro. Mas leveza e bom humor também ajudam. Rir de si mesmo e daquilo que não precisa ser levado tão a sério pode ser um exercício bem eficiente para curtir com qualidade uma relação a dois. Rir das diferenças é uma sabedoria também. 

Uma amiga me apresentou uma música divertida sobre o tema. Ela me disse que volta para casa ouvindo esta canção (entre outras da mesma cantora) e que a deixa bem calminha. Quem a conhece sabe que ela não tem nada de calma, portanto fiquei muito curiosa para conhecer a artista que conseguia fazer esta mágica com ela. 

Estou falando da música Eu Me Lembro, da Clarice Falcão. Nunca ouviu falar? Já deve ter ouvido, pois ela é comediante e ficou famosa nos últimos tempos com a Porta dos Fundos. Mas Clarice é cantora também. O timbre de voz dela é muito suave e mesmo sendo a letra da canção uma piadinha, a melodia é bem gostosa. Ela acabou de lançar um CD com letras divertidas. Também está à venda na app store.

A canção é para refletir! Tudo na vida tem ao menos dois pontos de vista. Mas o que importa é termos as mesmas (boas) intenções e chegarmos num ponto comum. E amor. Muito amor.


terça-feira, 30 de julho de 2013

Ninguém tem bola de cristal para advinhar o que você quer


Quem nunca ficou profundamente magoado, profundamente irritado, profundamente alguma coisa quando o companheiro, amigo, filho, irmão, funcionário ou seja lá quem for não fez algo exatamente do jeito que você esperava? Pois a primeira pergunta que me faço, nesses momentos é: "eu deixei claro o que eu queria?". Sempre me surpreendo com a quantidades das vezes que a resposta é não! "Nem disse o que queria, quanto mais deixei claro!" 
Tomei consciência disso da seguinte forma: durante anos chamei às quintas-feira do "dia da irritação". Trata-se de uma bobagem (vou logo avisando). Eu tenho uma coleção de São Francisco e eles ficam numa prateleira na sala. Toda quinta a funcionária da minha casa faz faxina na estante e tira todas as esculturas do lugar para limpar. E toda quinta à noite, quando chegava em casa, a primeira coisa que me acontecia era olhar para a estante dos "chiquinhos" e ver que eles estavam todos fora do lugar e bagunçados.
Irritadíssima, reorganizava tudo, reclamando da falta de cuidado da moça. Isso aconteceu até o dia em que ela saiu de licença maternidade. Decidi que a substituta não colocaria a mão ali e passei a limpar a coleção aos sábados. Esqueci, durante 4 meses, a irritação. As quintas à noite voltaram a ser de paz.
 Então ela voltou da licença e tudo começou novamente. Foi quando tive a "brilhante" ideia de perguntar se ela não percebia que eu sempre deixava as imagens mais ou menos com a mesma arrumação. Não que ela precisasse decorar a ordem correta, mas poderia deixar todos olhando para o mesmo lado, os menores na frente, enfim, fui orientando conforme queria que ficasse. Pois não é que começou a ficar certinho? Resolvi elogiar o trabalho dela, agradecer e dizer que estava impressionada com a sua memória, pois estava tudo tão certinho! Ela me olhou, deu um sorriso e disse: "Mas eu não decorei a posição deles. Tirei uma foto. Olha aqui no meu celular". Uma bobagem, não? Eu avisei! Mas foi com esta bobagem que aprendi algo de muito valor: quando deixo de me irritar e passo a usar minha energia para dialogar, não só consigo resolver a questão como percebo que o outro vai realmente tentar atender ao meu pedido. E o melhor: esta regrinha básica serve para qualquer tipo de relacionamento. 
Contei isso para algumas pessoas e depois esqueci o assunto até dias atrás, quando uma amiga me ligou. Ela estava empolgadíssima porque havia voltado com o marido. Não dei nenhuma atenção inicialmente, já que este casal vive entre idas e vindas. Mas aí ela disse que ligou para agradecer. "Mas agradecer o que, criatura?", perguntei sem entender nada.  Pois eu havia contando sobre os "são chiquinhos" para ela e a história fez com que ela se questionasse se o marido sabia mesmo o que ela queria. Não pensou nos grandes dilemas da vida, pois estes eles já discutiam sem parar, mas de coisas corriqueiras da vida a dois. Disse que nunca imaginou que ele não sabia o quanto "pequenas bobagens" a deixavam profundamente irritada. Ele, por sua vez, se mostrou completamente surpreso por, finalmente, após anos, ter entendido a razão por ela estar sempre tão raivosa ao chegar em casa. 
Se vão viver felizes para sempre é outra história, mas ela sentia que tinham avançado depois disso. Disse a ela que deveria agradecer a São Francisco, pois ele é que andava operando o milagre de pacificarmos nossas relações ao dialogar. Demos boas risadas e foi um bom dia aquele. Talvez até fosse uma quinta-feira. A quinta da paz e não mais da irritação.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Crenças motivadoras e crenças limitantes. Quais você escolhe para te guiar?

O fato de estarmos falando tanto em crenças fez algumas pessoas nos perguntarem se podemos viver sem elas. Creio que isso é impossível. Pelo que estudei até agora, vejo que sempre temos que crer em algo. Acreditar faz parte do ser humano. As crenças nos move.

Estudando a história, inclusive a atual, vemos que toda sociedade tem seus mitos. Que contribuem com a construção e consolidação de crenças sociais. O que é bastante saudável, no meu entendimento, porque os mitos são instrumentos como dizia Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos de mitologia de todos os tempos, um pouco verdadeiros, um pouco falsos - que ajudam a lidar com o intangível, o desconhecido, o que não conseguimos explicar nem entender. Ajuda a lidar com nossas sensações e sentimentos.

As crenças criam realidades na nossa mente e no nosso sentir que nos conduzem, que nos promovem ou nos limitam; que nos ajudam a decidir o que faremos, o que seremos. Se elas são tão relevantes assim, porque não, então, questioná-las? 

Para contribuir com essa reflexão aqui vão alguns conceitos: existem as crenças motivadoras, que nos levam para frente, que ampliam nossos horizontes, que tornam positiva a nossa vida, a nossa realidade. Existem crenças limitantes que fazem que duvidemos de todas as nossas possibilidades. Que restringem nossa realidade; a tornam difícil, densa, pesada.

As crenças são criadas dentro de nós pelos valores que observamos e recebemos desde bebês e que alimentamos através de escolhas - por isso é tão importante compreender pai e mãe ou a ausência de ambos na nossa vida. 

Também contribuem à formação de crenças as experiências que vivemos. E este é um ponto interessante: as crenças são tão poderosas em nós, que muitas das experiências da nossa vida, devem-se a escolhas que fazemos para, inconscientemente, comprovarmos a realidade que cremos. De tudo que aprendi até agora tenho uma crença que me guia: nós temos o poder de criar - e recriar - a realidade em que vivemos.

Não ficou claro? Vou usar como exemplo uma crença limitante que observamos no Projeto Mulheres e no Projeto Homens: não existe amor leal. Se você parte desta realidade - e se neste momento você diz: 'mas isso é verdade', cuidado! - é muito provável que você seja tolerante com pessoas menos leais nas suas relações amorosas, afinal, não existe amor leal. É possível ainda, que você também não seja leal com seus amores; afinal, não existe amor leal

E a pergunta que deixo para você é: como você espera lealdade se você já escolhe pessoas desleais? Como você espera lealdade, se a lealdade talvez nem seja um valor tão relevante para você já que tolera a deslealdade? Talvez você diga, mas se eu esperar lealdade numa relação amorosa ficarei só. Será? Não será esta uma crença limitante sua? Ainda, será que as pessoas leais não te interessam? Será que elas não são interessantes para você? E se continuarmos nessa linha, porque elas não seriam tão interessantes para você? É bom refletir sobre isso porque nós projetamos nos nossos companheiros o que desejamos representar. Somos o consorte de quem escolhemos para amar. Bom, mas isso é tema de outro post.

Voltando, uma coisa tenho certeza: quem acredita piamente que o amor pode ser leal tem muito mais chances de viver um amor assim.

Portanto, quais crenças limitantes e motivadoras você escolhe para te guiar?

Para quem se interessar pelo tema de mitos nossa sugestão é ouvir o mestre Joseph Campbell falando sobre O Poder do Mito. Trata-se de uma entrevista que deu lugar ao livro mais famoso dele, com o mesmo título.

Boa segunda-feira para você.





sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dance bem, dance mal. Dance sem parar




A dica para este fim de semana é dançar! Todo mundo sabe dançar. Não precisa ser profissional e nem frenquentar salões. Basta uma música e deixar o corpo se mexer. Mas a maioria de nós não se permite fazer isso. Primeiro porque não queremos nos sentir ridículos aos olhos dos outros e, também, porque nossa mente, sempre em busca da perfeição (aquela que não existe) quer nos limitar. Pois então dance “escondido”.  O que importa é colocar uma música que goste, soltar o corpo e sentir o ritmo. Nada mais. Faça isso nem que seja enquanto não tiver ninguém olhando.

Foto tirada de uma
obra de Santos Silva
Acervo: Hotel Pestana Bahia
Para quem tem filhos existe os tapetes de danças. Todo videogame tem o seu modelo: Playstation, wii, Xbox. Além de fazer bem ainda vai te aproximar das crianças que se divertem muito ao brincar de danças com o adultos. Lá em casa me divirto muito dançando com meus sobrinhos menores. Quando meu filho era criança ainda não tinha os tapetinhos, mas lembro que nós adorávamos inventar danças estranhas. Era muito gostoso. Até hoje (agora ele é adolescente) no carnaval imitamos os passistas das escolas de samba fazendo passos bem estranhos - já que não "temos o samba no pé". Damos boas gargalhadas de nós mesmos por conta disso. É um privilégio pode fazer isso com um menino de 16 anos.

E se você realmente gosta do assunto faça até mais do que dançar neste fim de semana. Procure aulas de dança de salão. Sempre tem algum lugar, perto de você,  que oferece esta opção. Um dia eu fui ver como funcionava e disse a atendente que queria muito fazer, mas não tinha par. A pessoa olhou para mim e respondeu: "par você arranja aqui. Portanto não tem desculpas!

Um outra opção, ao ar liver, são as danças circulares que acontecem em parques de diversas cidades brasileiras. Além da dança, esta versão ainda te coloca em contato com a natureza e funciona como uma meditação. Você pode ver alguns locais clicando aqui.

Dance! Faz bem para o corpo e para a alma. Um fim de semana cheio de movimento para todos nós.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Coisas que aprendi com um homem das antigas



O Vidigal era um “homem das antigas” como diz a expressão. Amoroso, protetor, cavalheiro. Jamais deixou de abrir a porta do carro para uma mulher, sempre escolhia o restaurante e pedia o melhor vinho. Depois pagava a conta. Fazia questão! Uma mulher, ao seu lado, só precisava dizer qual era o seu desejo. Ele atendia a todos! Era rico – o que ajudava bastante a suprir todos os caprichos da amada da vez. Também era charmosão - mesmo quando o conheci – já mais velhinho. Seus cabelos brancos reluziam, lindos, num topete. Era alto o Vidigal. Tinha porte de atleta. Era culto. Dirigia uma mercedes antiga, daquelas que quando você entra no carro fica impressionada ao ver que o símbolo do capô fica muito, mas muito distante do para-brisas.

Quando se apaixonava (Vidigal vivia apaixonado) dizia que  estava “cortejando” a sua escolhida. Não é à toa que teve centenas de noivas, mas nunca casou. Fui apresentada ao Vidigal por uma amiga, num dia em que estávamos batendo papo num Café. Ele entrou com seu cabelão e seu porte vaidoso e eles logo se reconheceram. Foi uma farra. Fazia anos que não se viam. Ficamos horas conversando. Depois Vidigal me cortejou, assim como já havia, no passado, feito com minha amiga. Mas nunca consegui ter mais do que um grande amor fraternal por ele. Na verdade eu e minha amiga acabamos criando um jargão a respeito do assunto. Sempre que estávamos passando por situações difíceis lá vinha o Vidigal nos amimar. Terminávamos sempre nos sentindo melhor e dizendo: “Sempre teremos o Vidigal”. Na verdade ele nem se chamava Vidigal, mas logo que o conheci, eu confundia o nome e o chamava assim. Ele dava risada da confusão. Depois o Vidigal empobreceu. As mulheres sumiram e os “amigos” de farra também. Vidigal foi ficando deprimido, chateado e, por fim, sumiu. Nunca mais conseguimos saber dele. Gosto de pensar que ele está em outro canto do mundo (ou em outra dimensão) cortejando mulheres e as fazendo se sentir rainhas, como fez conosco. A nós sobrou a lembrança de que "sempre teremos o Vidigal".

Me lembrei dele agora porque  outro dia estávamos dialogando com um grupo de homens. Um rapaz muito jovem nos contou que não entende o que as mulheres querem. O pai, que faleceu quando ele era ainda menino, teve tempo de ensiná-lo que deveria ser cavalheiro. Então, ao crescer, começou a usar o que aprendeu com ele: abrir a porta do carro, pagar a conta do restaurante. Essas coisas de outro mundo. Mas as meninas não gostavam. Ele conta que a maioria deixava claro que preferiam abrir, elas mesmas, as portas e quase o deixavam sozinho no restaurante, ofendidas, porque elas podem pagar uma conta. Então ele parou de fazer isso. Achou que os tempos haviam mudado da época do pai para cá. E começou a tratar as mulheres mais de igual para igual. Pois não é que levou paulada de novo? De repente elas queriam que ele fosse mais cavalheiro e que pagasse  não só a conta, mas as cobrissem de mimos. 

Como já dizia a minha vó: não tem “cangalha” que sirva. Assim estamos nós, mulheres, hoje. Depois achamos que os homens estão perdidos à toa. E o Vidigal ressurgiu nesta história porque, muitas vezes, me sentia incomodada com os mimos e cortejos dele. Depois que virou uma espécie de irmão mais velho não, mas no início, me sentia constrangida. Depois entendi, que ele não queria nada em troca e que eu não precisava terminar a noite me oferecendo para ele por ter sido tão carinhoso e atencioso comigo. Talvez as meninas que foram surpreendidas pelo rapaz, na sua fase cavalheiro, também tiveram este mesmo sentimento.

As mulheres e seus receios, vinculados a um passado de repressão, precisam limpar está má impressão da  sua essência, do seu DNA. E como fazer isso? Vulnerabilidade. Acessibilidade. Confiança. Coisas que aprendi com Vidigal.