quinta-feira, 24 de abril de 2014

Amor incondicional é uma roda mágica

Dizem que o amor de  mãe pelo filho é a forma mais completa de amor incondicional. Como mãe de um único filho, posso dizer que experimentei, de fato, uma forma de amor completamente nova a partir do nascimento do pequeno Pedro. Antes, quando ele ainda estava sendo gerado dentro de mim, eu sentia algo diferente, mas não sei definir exatamente se era amor. É por isso que eu acredito que o amor é algo que cresce. 

É uma mágica o que acontece nos primeiros meses em companhia de uma criança gerada por você. O dia a dia é tão intenso, o trabalho braçal é insano e ainda tem toda a carga emocional e todos receios vindo à tona num mesmo momento. Mesmo assim, de repente, você se dá conta que está completamente inundada por um sentimento infinitamente novo.

É algo que não tem como se preparar. Sempre falo para as minhas amigas grávidas que não existem palavras para o que elas vão sentir daqui alguns meses.  É explosão de amor, uma coisa tão vibrante, intensa. Mas não é avassaladora. É paz. Esta é a grande diferença. Não há dor neste amor e isso é simplesmente envolvente. Essa sensação ficou tão registrada em mim, que consigo me lembrar com perfeição dos dias em que me dei conta desse amor. Lembro do clima, dos cheiros, de todas as percepções. É divino, sem dúvida. 

Era tudo tão novo que eu me perguntava, se este amor é tão incondicional, porque temos tantos problemas a resolver com nossos pais? Tantas neuroses nascem deste relacionamento? Psiquiatras passaram a vida tentando explicar esta complexa relação. Eu tinha uma visão equivocada deste tipo de amor, pensando que ele deveria ser perfeito e, portanto, a qualquer cenário de imperfeição, começava a acreditar que não era o tal amor incondicional que tanto se alardeava.

Foi ai que aprendi algo sobre o amor, através das palavras de dois escritores americanos, Hugh e Gayler Prather,  que também foram conselheiros matrominiais e casados durante décadas. Eles escreveram diversos livros juntos e dizem assim: “É verdade que amar cura, mas receber amor não. Receber amor apenas mantém a porta aberta para a cura, para a felicidade e a realização, para a satisfação das necessidades. Mas para atravessar essa porta, é preciso amar. Se receber amor curasse alguém, todas as criaturas seriam perfeitas, pois têm e sempre vão ter o amor de algo maior.”

Por isso hoje penso diferente: amor simplesmente é. Mas é preciso estar alerta. O amor sozinho não é suficiente. É preciso praticar o amor. É preciso cultivar o amor. Libertar. Ele não pode existir no medo ou no seu desejar. Muito menos pode acontecer pelo ego. Pois isso não é amor. Dizer que se ama loucamente uma pessoa ou ama de doer é algo impossível de acontecer. O amor é exatamente o antídoto para estes desespero desenfreado. Por isso é preciso cuidar como se fosse uma planta que nasce frágil e torna-se forte com os cuidados e o passar do tempo. 

Amo incondicionalmente meu filho, mas não vivo no paraíso. Sei que, o meu amor, não o salvará de nada. Muito pelo contrário. E por tanto amar é que tento ensiná-lo que o mais importante é ele trilhar o seu próprio caminho do amor. Isso pode nada ter a ver comigo, mas assim, liberto seu coração e me liberto. Por isso, amo. É uma roda mágica.


Pedroca e eu em Kopenhagen anos atrás.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Que o amor nos sirva de exemplo

Vamos falar de amor! Especialmente amor incondicional. Tocar o coração de quem nos prestigia com a leitura e  emocionar. 

“Nossa! Que fácil” , pensei eu num primeiro momento. 

Agora aqui, diante do “papel em branco” fico me perguntando: por que eu achei que seria um tema fácil? Fico aqui pensado e pensando e tento buscar histórias emocionantes. Lembro de algumas delas, mas todas parecem menor diante de um pensamento que não sai de mim. Não temos o intuito de falar de religião, mas o homem que me vem, querendo ou não, é um santo hoje.

Me refiro a São Francisco de Assis. Sei que ele é conhecido pelo seu amor aos animais e por semear a paz. Mas recentemente eu li uma biografia chamada Francisco de Assis, o Santo Relutante, de Donald Spoto. Ali, não havia narrativa do santo e sim, do homem. Desde então, quando penso em amor, também penso em Francisco e poderia narrar diversas passagens que explicariam a minha correspondência entre ele e o amor, mas uma em especial, me toca demais. 

Tentarei fazer um breve relato histórico para chegar ao fato que realmente nos interessa. Era o ano de 1219 e o mundo se encontrava perturbado e anárquico, nas palavras do autor do livro. Todos estavam envolvidos, de alguma forma, com os preparativos da quinta cruzada. Francisco decidiu que, embora toda a energia que emanava do evento fosse bélica e violenta, ele levaria a sua verdade ao oriente através da proclamação e do exemplo - não pela ameaça e força, mas pelo amor ao próximo. 

Junto com ele viajou seu amigo e companheiro de irmandade Illuminatus, por ter conhecimentos rudimentares de árabe e, desta forma, na cabeça de Francisco, ele seria o intérprete das palavras que levaria à terra santa, onde ele estaria em breve. 

Só para lembrar, os cristãos foram massacrados pelos muçulmanos nesta cruzada, comandados pelo jovem sultão al-Malik al Kamil, governante do Egito, da Palestina e da Síria. Apesar de preparado para a guerra, o jovem odiava o conflito e preferia o caminho da fé. Tentou, depois de inúmeras batalhas, fazer com que a paz fosse restabelecida através da redenção dos cristãos, porém os ocidentais jamais se entregaram e foi assim que Francisco se viu diante de uma carnificina sem precedentes. 

Foi aí que Francisco, que tinha a mesma idade de Al-Kamil, decidiu que iria falar pessoalmente com o Sultão. Lógico que o objetivo de Francisco era falar da sua fé, completamente oposta ao do muçulmano. Era de se esperar que este fosse o fim de Francisco e que, para a Itália, voltasse apenas a sua cabeça. Mas não foi o que aconteceu. Apesar dos poucos relatos históricos existente sobre este momento, sabe-se que não houve precedentes na história das relações entre cristãos e muçulmanos que se assemelha ao encontro desses dois homens. Francisco ficou com Al-Kamil por uma semana, como seu convidado e, discutiram todas as suas diferenças em puro estado de respeito e amor. Obviamente a ida de Francisco não mudou as crenças do muçulmano e nem vice-versa, mas a lição, tão esquecida tanto naquela época, como no mundo moderno, é quanto o amor pode transformar a história da humanidade. Desde que li sobre este encontro penso no exemplo lindo de amor que estes dois homens nos deixaram.

Isso me fez Lembrar de um projeto realizado em 2011 chamado Blood Relations, onde pessoas que tiveram parentes mortos nos conflitos entre israelenses e palestinos, aceitaram doar sangue lado a lado. Chamou-se isso de uma demonstração de paz. Mas também é um ato de amor, pelo próximo e pela humanidade. 
   


Para encerrar gostaria de contar como o livro sobre São Francisco chegou nas minhas mãos. Meu irmão mais nova veio me visitar em São Paulo e me falou sobre este livro.Disse a ele que tinha procurado nas livrarias, mas não havia encontrado. Um dia depois que ele foi embora, recebi uma encomenda. Estranhei porque não havia comprado nada e quando abri o pacote entendi tudo: meu irmão me deu o livro de presente. Chorei, e choro, quando lembro disso. Um pequeno gesto tão cheio de amor. Meu irmão é realmente muito lindo.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Renascer no amor incondicional.

Na correria do dia-a-dia e de tantas obrigações que vamos carregando ao longo da vida, poucos de nós lembramos o significado católico da Páscoa: o renascimento de Cristo. A volta do Ser que veio nos ensinar - e todo ano nesta época nos lembrar - o que é o amor incondicional.

Aprendi há algum tempo que o amor não foi criado para ser recebido mas sim para ser dado. Quanto mais damos amor, mais somos nutridos por ele. Quanto mais nutridos pelo nosso próprio amor, mas plenitude alcançamos. Esse raciocínio muda totalmente a crença que precisamos de ser amados pelo outro para ser feliz. Quanto mais desejamos e procuramos amor no outro, mas vazia e dependente fica nossa alma. Mais instável e insegura. Pode tornar-se um buraco sem fundo, insaciável. Creio profundamente, que o que realmente preenche nossa alma é a prática de amor. Se for incondicional, melhor ainda. É claro que é uma prática que exige muita disciplina e força de vontade.

A prática do amor é um exercício que se inicia, aprendi, pelo perdão. Se não sabemos perdoar, dificilmente saberemos amar. Porque amar o outro, envolve entrega nem sempre recompensada. Devemos entender que nenhum de nós está pronto para não errar, para não machucar as pessoas ao nosso redor. Por isso, também sofreremos com os erros dos outros, também seremos machucados por aqueles que amamos. 

Alguns podem se perguntar: isso significa suportar tudo? A minha resposta é não. Outro ponto que aprendi foi que amor é diferente de relacionamento (amoroso). Amor é doação. Relacionamento é troca. Você pode amar uma pessoa a vida inteira e optar por não se relacionar com ela, porque percebe que não está pronta para viver um amor no nível de compromisso que você deseja, por exemplo. Ou, você pode amar uma pessoa e desejar não manter a relação porque os valores que a regem não são coerentes com os seus. 

O amor perdoa tudo mas o relacionamento tem limites. Ou deveria ter. O limite, penso eu, é teu próprio bem-estar. Tua saúde mental, física e emocional.

Optar por se relacionar, significa conviver e estabelecer premissas de vida que devem ser honradas por cada um para que o relacionamento siga em frente saudavelmente. 

Mas amar é entregar, doar, perdoar, aconchegar. É desejar e fazer o possível para que outro seja feliz. Sem condições. Amor incondicional. É o que o Mestre Jesus, Buda e Maomé nos ensinaram. 

Que tal praticar e viver essa energia?

Boa semana para todos.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Nelson Rodrigues entendeu tudo

Tempos atrás fui com uma amiga buscar uma encomenda na casa de uma senhora (amiga das antigas da sua mãe). Era um sábado, logo após o almoço, e a vila simpática em que morava estava um silêncio só.  Ela  veio nos receber feliz e amorosa, mas falando bem baixinho, quase sussurrando. 

Quando entramos ela fez sinal para falarmos como ela, pois "ele" estava dormindo. Intuí que "ele" era um netinho e comecei a falar bem baixinho, afinal, não queria acordar o pequeno. Sentamos na sala e entre uma conversa e outra, ela falava algo "dele". 

Ele anda tão fraquinho. Ele não come mais como antigamente. Ele... ah...coitadinho

Comecei a ficar com o coração apertado pensando se tratar de uma criança doentinha. Então "ele acordou". Veio andando sozinho do quarto. Mas para minha surpresa "ele" era o marido dela! 

Ela, aliás, enquanto eu me surpreendia, já estava na cozinha preparando um café, para ele, claro. Enquanto isso o senhor atravessou a sala arrastando os chinelos, nos cumprimentou à distância, sentou-se confortavelmente numa poltrona e ligou a TV. Parecia um rei em seu trono. 

Ela serviu o café. Ele perguntou se não tinha bolo. Ela mais do que depressa lhe trouxe uma generosa fatia de bolo. Quando percebeu que ele havia se acalmado, voltou para a sala e gentilmente nos ofereceu café e bolo. Mas já não era mais aquela senhora falante e relaxada. Uma tensão se estabeleceu no ar e a visita encerrou-se rapidamente.

Sempre quando lembro desta história penso que poderia se tratar de uma peça de Nelson Rodrigues. Mas hoje, depois de uma longa conversa com a Nany, eu entendi que o comportamento deste casal não é exatamente um conto e sim, uma realidade bem comum. Sabe-se lá por que, mas nós mulheres, tendemos a apoiar esta situação do homem tão fraquinho, desamparado, tão coitadinho. E não acontece só com casais mais velhos não. Nunca havia me dado conta até hoje, mas é muito comum mesmo, inclusive com casais mais jovens. Tenho amigas que tratam os seus maridos como filhos frágeis. Sempre existe um motivo.

Coitado! trabalha tão longe. Coitado! está doente. Coitado! sofreu tanto naquela firma. Tadinho! Ele sai tão cedo de casa que eu nem me chateio de acordou UMA HORA antes que ele para fazer uma comidinha para ele levar.

Não estou falando de mulheres dependentes não. Estou narrando casos de mulheres fortes e decididas, porém dispostas a fazer concessões de todos os tipos em nome do companheiro tão "coitadinho". Não é à toa que "concessão" é um substantivo feminino!

Fico confusa com isso. Nós reclamamos tanto dos homens bobões, sem atitudes, incapazes e, no entanto, o achamos coitadinhos? Estranho, não? Será que não é hora de deixarmos nossos rapazes caminharem com mais autonomia e atitude? 

Fiquei aqui pensando que seria legal se o senhor acordasse um dia desses e, simplesmente, a amiga da minha amiga tivesse se evaporado, sem deixar nem um bilhetinho explicando o sumiço. Será que ele faria o seu próprio café? Bolo eu tenho quase certeza que não faria. Nelson Rodrigues, eu creio, iria divertir-se com essa virada de mesa da senhora. E eu também!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Poupamos homens por que os consideramos mais fracos? Reflexões sobre a educação de nossos filhos

Sem dúvida temos falado nas últimas semanas sobre temas espinhosos para os relacionamentos amorosos mulher-homem. O objetivo é gerar reflexão sobre nosso comportamento e compreender que uma crise na relação tem responsabilidade em ambos. Um comportamento alimenta o outro. Para mudar, é necessário alterar o que pertence ao nosso comportamento que alimenta o circuito negativo do casal. Não adianta olhar somente para o que o outro está fazendo. É mais produtivo e saudável olhar e refletir sobre a única coisa que temos controle: nosso comportamento.

Esta semana vamos aprofundar no tema da semana passada: a atitude masculina em relação a não assumir suas responsabilidades, em muitos casos, ancorado na quase adolescente atitude de querer fazer o gosta e não no que que deve. De onde vem esta atitude?

Compreendemos durante os Projetos Mulheres e Homens conduzido pela Behavior que existem dois principais motivos para isso acontecer: o primeiro, mais antigo e profundo é que os homens são criados para terem direitos "especiais". Há uma crença que nos invade e permanece, que o homem ocupa - e merece ocupar - um lugar de destaque na sociedade. Por mais que nós mulheres, lutemos contra isso nas nossas relações afetivas, tenho entendido que na hora que somos mães transmitimos essa crença mesmo que sem dar-nos conta. Por que criamos filhos homens diferentes das filhas mulheres? Por que poupamos nossos filhos dos trabalhos e das obrigações de pertencer a uma família? Por que incentivamos na menina o desejo de superação e responsabilidade e com os homens somos mais condescendentes? Por que, ainda hoje?

O outro motivo é uma crença tão daninha quanto a outra, que considera o homem mais fraco que as mulheres, mais frágil. Todos podem dizer que "imagina!" mas pense bem: porque poupamos o homem dos trabalhos chatos, pesados, sensíveis, difíceis? Porque as mulheres podem encarar vários desafios e dar conta e esses mesmos desafios o evitamos para os homens?

Considero que há uma certa desconfiança que o homem irá dar conta. Essa crença vem desde a criação dos pais. Pais sempre poupam e protegem o filho mais fraco. Mesmo que inconscientemente. É um instinto natural de preservação, mas peço para refletir sob a seguinte ótica: essa proteção reforça a crença em todo o núcleo familiar da fraqueza do poupado. Ninguém fala disso, mas todos no fundo no coração, sentem. Criar um filho confirmando sua franqueza, ainda pelos próprios pais, podem ter certeza que irá definir boa parte de seu destino.

Muitos filhos homens são criados sob a sina do ser o mais fraco em relação as irmãs. Eles ganham na ilusão do ego a sua base de autoestima. Tornam-se vaidosos e condescendentes consigo mesmos. Se acham reis de um reino ilusório e vivem a vida achando que a vida lhes deve e que devem fazer só o que gostam. 

Por verem quanto os pais permitem tudo - ou quase tudo deles - confirmando sua fraqueza - vão assim alimentando a falsidade de sua identidade. A vaidade neste caso, no fundo, entendo eu, guarda uma profunda dor de se crer o pior - reforçado pelos próprios pais e o núcleo familiar mais próximo.

Aos fracos deveríamos dar vitaminas e expor, com cuidado, mas consistentemente. Ir empurrando à vida, para ele próprio ganhar autoestima e autoconfiança verdadeira, embasada no seu valor. Confie no seu filho e deixe ele voar. Deixe ele ter os arranhões que a vida dá mas que são importantes para conseguirmos nos saber fortes e vencedores. Faça ele assumir suas responsabilidades e pagar os preço de suas escolhas. Enfim, deixe ele crescer. 

Há algum tempo vi no meu jardim uma cena que me trouxe claramente essa reflexão: um passarinho muito pequeno chegou numa árvore através de um vôo descontrolado e incerto. Ele se balançava no galho com notável instabilidade. Logo em seguida chegou a mãe. Eles piavam sem parar. A mãe balançava o corpo como mostrando ao filhote e se lançava no ar. O filhote balançava mas não se soltava do galho. A mãe voltava e fazia tudo de novo. Foi assim umas três, quatro vezes e o filhote nada de voar. Até que na última vez ela fez o movimento de sempre e esperou, ao ver que o filho só se balançava e não soltava as garras do galho, sem duvidar, o empurrou. O filhote saiu voando quase que em queda livre. A mãe ao lado acompanhava a queda piando. Até que perto do chão - bem perto para meu desespero - ele conseguiu bater as asas firmemente e subir em direção à liberdade. 

O filhote poderia ter morrido na queda, mas a mãe sabe que se ele não aprender a voar, ele irá morrer de qualquer maneira rapidamente. Isso, para mim, é uma grande demonstração de amor. Confie no seu filho, no seu homem. Faça isso por ele e por você.

Boa semana, boa Páscoa para todos. Que este renascimento de Cristo, independente da sua crença religiosa, traga o fortalecimento do amor incondicional em você.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Com amor, compreensão e respeito fica fácil


Outro dia um amigo me ligou dizendo que precisava de um conselho: ele estava totalmente oprimido e infeliz na empresa onde trabalhava. Tentou dizer a mulher que ia pedir demissão naquele dia e ela, conhecendo os impulsos do marido, ameaçou dizendo que se separava dele, caso ele tomasse essa decisão assim, sem planejamento. 

Ele estava entre a cruz a espada, já que não tinha nenhuma intenção de se separar. Mas também não conseguia encontrar mais forças para continuar seguindo em frente. Como era a semana do carnaval, e ele trabalha numa cidade e mora em outra (onde fica a esposa e os filhos), disse a ele para respirar fundo e nada fazer durante esta semana. Ele teria muitos dias de folga pela frente para conversar pessoalmente com a mulher. Eu tinha certeza que ela entenderia que o caso era bem sério e que eles encontrariam uma solução juntos, movido pelo amor que sentem um pelo outro. 

Foi legal porque ele fez isso e depois do carnaval pediu uma oportunidade na empresa, para trabalhar como fornecedor deles - e não mais como empregado. Eles estão negociando os termos desta parceria ainda, mas ele está mais feliz e casado. Isso me faz pensar que para tudo existe uma solução. Só é preciso mesmo agir como adultos.

Eu gosto sempre de ter uma história positiva para contar sobre o tema da semana, pois fica mais fácil quando não só a gente identifica com o tema, mas sente - profundamente - que sempre existe uma saída. 

Nada precisa ser tão difícil e doloroso. Precisa ser trabalhado, ter amor, compreensão e responsabilidade, claro. Mas é sempre mais fácil quando vemos luz no fim do túnel. Concordam?

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Homens irresponsáveis, casamentos difíceis

A Nany iniciou o tema da semana falando sobre o ser humano e a pergunta: o que é ser homem para você? Ela termina o texto chamando a atenção para o lado masculino da irresponsabilidade e que nada tem a ver com a leveza (abordado na semana passada) . 

Vem bem a calhar, pois na última sexta-feira, num happy hour com uma amiga, falávamos sobre este assunto. Ela estava admirada com o fato de ter uma quantidade grande de amigas que passavam pela mesma situação: o marido irritou-se com o trabalho e simplesmente demitiu-se, sem nenhum preparo emocional, estrutural ou financeiro. E agora, a maioria, está há pelo menos 6 meses sem trabalhar. Alguns casos chegam há um ano ou dois. E lá estão as suas lindas esposas ralando de trabalhar e segurando a casa financeiramente. 

Isso lembra a minha mãe. Pois é! Estamos falando de um atitude bem masculina, mas a primeira coisa que me passa pela cabeça é uma frase que minha me disse várias vezes na vida: “No trabalho (e na vida também) a gente tem que aturar e engolir muitos sapos, não adianta pedir demissão a cada contrariedade". Quando era menina (recém saída da faculdade), época em que ela me falava isso, achava um absurdo este pensamento. Para mim, as pessoas não devem viver infelizes e pressionadas. Interpretava aquela afirmação como um “aceite a opressão”. Hoje entendo o real significado da frase. Ninguém precisa ficar num emprego oprimido, que faça mal, que tire o sono, a saúde e a vontade de viver. Mas se você é pai (ou mãe), têm filhos que dependem de você, financia uma casa (que é o lar da sua família), têm bocas para alimentar é preciso um certo planejamento para sair de um emprego. É a parte ônus da história, afinal. 

Conheço uma meia dúzia de casos de homens que passaram dois, três, dez anos se organizando financeiramente. Além disso buscaram ajuda de um coach ou headhunter para mudar a situação e foram a luta em busca de nova uma oportunidade. Alguns tornam-se empreendedores. Demorou para conseguirem o que queriam? Como disse: dois, três, até dez anos. Mas eles tinha um plano definido e uma meta que os alimentavam. 

Infelizmente foram poucos os que eu eu vi fazendo isso. A grande maioria faz como os amigos da minha amiga. Tolerância zero: não aguento o meu chefe, a minha "firma", o trânsito, sabe-se lá mais o que e simplesmente dizem adeus sem nada planejar. Alguns nem comunicam a mulher antes! Fácil quando a esposa trabalha e passa a sustentar a casa. Na verdade era para ser algo equilibrado, onde os dois trariam o melhor para a família e, de repente, lá está ela correndo atrás e o bonitão bagunçando a casa. Porque ainda tem isso, né? Muitos até aceitam inverter os papéis por um tempo, cuidam da casa e das crianças. Mas já ouvi histórias absurdas de maridos que, sem emprego, não são capazes de ajudar nem com as crianças e ainda deixam a casa um caos. E depois ainda querem sexo à noite e reclamam que a mulher não tem desejo. Difícil, né? 

Agora tem um grupo de casais que combinaram isso: o marido não tem mais condições físicas e emocionais para continuar e muito menos para planejar uma saída a médio/longo prazo. Infelizmente o mundo corporativo tem feito isso com muitas pessoas que se deixam intoxicar por ambientes, muitas vezes, nocivos. Então a mulher entende e ambos combinam um período onde ela vai assumir financeiramente a casa e ele vai atrás de ajuda para se fortalecer e voltar a ativa. De fato eu conheço apenas uns dois ou três casais nesta situação, mas isso prova que dá para ter uma relação madura quando ambos estão dispostos e abertos ao bônus e ônus que a vida nos traz. 



segunda-feira, 7 de abril de 2014

O que é ser homem para você?

Assisti ao filme Noé esta semana e há duas definições do que é ser homem ditas no filme: a primeira vem de Noé que diz para seu filho "seja homem e faz o que tem que ser feito" dentro de um contexto de abrir mão dos sentimentalismos e preferências pessoais para fazer aquilo que é necessário em prol de algo maior. 

A outra definição vem de outro personagem - e vou me deter nas descrições para não estragar o filme para quem não o viu ainda - que após ver um jovem matar um homem disse: "agora você é um homem". Duas definições bastante distintas para a mesma coisa: ser homem.

Há aqueles que consideram ser homem (e embora no filme refere-se ao gênero masculino, aqui coloco no sentido de ser humano), "matar" alguém. Usam do poder - seja econômico, cultural, educacional ou físico - para se impor. Como se isso os torna-se valentes. Precisar que o outro se renda é para quem ainda não entendeu que a vida não é uma competição e que ser alguém e estar na terra feliz não depende do outro. Na psicologia se compreende que a competição como estado de espírito demostra imaturidade, porque se depende do outro para ser alguém. A competição é comum nas crianças e nos adolescentes e se espera que num adulto saudável, que vai ganhando consciência de seu próprio ser e com isso segurança, diminua até desaparecer.

A consciência de quem se é pode ou não trazer orgulho de si mesmo. Uma das crenças que me regem é que a força que nós sustenta nos momentos mais difíceis da vida, vem de saber que desenvolvemos a capacidade interna de dominar nossos próprios desejos e vontades. E isso se desenvolve na medida que fazemos "o que tem que ser feito" como disse o personagem Noé. Sem crise, sem sacrifício, sem nos vitimizar.

Assumir e cumprir nossas responsabilidades. Mesmo que a gente não goste de fazer. Parar de achar que a vida nos deve e que temos direito - irrestrito - ao prazer e só fazer o que nós gostamos. Querer só o bônus e não o ônus de estar vivo é virar adulto.

Quando fazemos o que é certo para nós, não necessariamente o que é bom para nós, costumamos ficar mais alegres conosco. Orgulhosos de quem somos e não necessariamente de quem representamos ser. E ai, penso eu, é que nos tornamos homens.

Infelizmente, os homens, e aqui sim eu me refiro aos do sexo masculino, têm misturado os momentos de escape e leveza (positivos) do qual falamos a semana passada com a irresponsabilidade. Criados muitas vezes se achando que o mundo está para eles, como o reino para o rei. Negam-se a fazer o lado chato da vida. Ao não assumir suas responsabilidades, deixam de cumprir a suas promessas dadas. Com isso, vai se gerando um processo de auto-estima alicerçado no ego - se achar muito importante - que o deixa fraco e frágil. A roda do espiral negativo está armada. Quanto mais fraco ele se sente, mas ele se alicerça na ilusão de sua auto-importância.

Tema denso, após Noé. Mas vale pena refletir sobre valores mais profundos esta semana. Para quem se interessar, aqui vai um pouquinho do filme.







Boa semana a todos. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pressão, sim. Surto não.

Ontem eu assisti a dois programas e, por coincidência (ou não), vi cenas de como homens e mulheres lidam com a pressão de formas tão diferente. 

No primeiro programa, chamado, Tudo por Um Lar, que estreou ontem na Discovery Home&Health, duplas de decoradores amadores têm o desafio de decorar uma casa enorme. A cada novo episódio, uma peça da casa tem que ser arrumada. Ontem o desafio era fazer a suíte principal usando o tema glamour e eles tinha 15 horas para fazer isso (incluindo pensar no projeto e fazer todas as compras necessárias). Uma das duplas, formada por um homem e uma mulher, começaram o trabalho de forma harmônica enquanto pensaram o projeto e foram as compras. Mas na hora de colocar a mão na massa ficou bem claro que ia pegar fogo. Enquanto a moça fazia tudo muito rápido e estava bem focada, o rapaz era mais lento e disperso. Lá pelas tantas as menina simplesmente perdeu a paciência e começou a gritar loucamente com o menino que apenas ria e dizia: "se perder tempo em discutir com você agora, não terminamos o quarto". E quanto mais ele ria e se mostrava indiferente, mais ela se alterava a ponto de perder completamente a razão. Para quem assistia ao programa, parecia mesmo uma pessoa desequilibrada. O interessante é que o projeto deles foi um dos que os jurados mais gostaram e, realmente, até para quem não entende nada sobre o assunto como eu, deu para ver que o quarto ficou um arraso. 

No outro programa, também da Discovery H&H, chamado Irmãos à Obra, um casal está a procura de uma casa para comprar. Os irmãos (gêmeos) que dão nome ao programa, vão em busca de uma casa para eles. Um deles é corretor e o outro empreiteiro. A intenção é convencer o casal interessado que a casa dos sonhos só é possível se comprar um imóvel que precisa de reforma. O casal do programa de ontem eram judeus e uma das exigências é que a casa tivesse uma cozinha kosher (com duas bancadas para manipular laticínios em uma e carne em outra, pois para os judeus estas duas categorias de alimentos não podem ser misturadas). Eles eram muito simpáticos e super tranquilos. Um casal bem amável e diferente dos outros programas que já assisti, onde as pessoas eram bem mais enérgicas. Apesar do estilo doce, após negociada a casa e iniciada a reforma, descobre-se canos na sala da casa, justamente onde eles quebraram uma parede. É um grande problema, mas Jonathan, o irmão empreiteiro, acostumado com isso, não dá muita bola para o assunto. O marido também parece lidar bem com a situação, tentando achar um caminho alternativo. A mulher, no entanto, fica bem transtornada, estressada, querendo explicações loucas e pressionando muito - o que pode atrasar a obra já que é hora de resolver e não de discutir por que ninguém viu isso antes.


Achei engraçado porque em ambos os casos vi claramente as situações que estamos abordando esta semana: homens divertindo-se "irritantemente" durante o percurso e mulheres estressadas. O ineterssante é que, em  ambos os casos, as mulheres tinham razão nas suas colocações, mas a forma raivosa como reagiram é que atrapalhou tudo. 

Me vez pensar que este lado mais sério e firme da mulher não é de todo mal. Pelo contrário! Muitas vezes é isso que faz a vida de um casal andar, por exemplo. O que precisamos, me parece, é apenas nos acalmar, respirar fundo, tomar um chazinho e reagir com um pouco mais de discernimento. Sei que é difícil e que muitas vezes os meninos nos deixam loucas com suas reações de tranquilidade absoluta. Mas pensa bem: o estresse gera toxinas que fazem mal e nos deixam prejudicadas até fisicamente. Então não vale a pena perder a nossa beleza, não é mesmo?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mãe é chata: manda tomar banho. Pai é legal: joga video game.

Uma das frases que mais ouvi do meu pai a vida toda foi: “não sofra por antecipação”. Às vezes eu retrucava dizendo: “então me ensina a fazer isso”. Ele dava uma risadinha e dizia: “simplesmente não sofra”. 

No fundo eu tenho a impressão que ele sabia que era impossível ensinar isso para uma mulher. Pensando sobre o assunto, e olhando alguns exemplos do dia a dia, me vem a cabeça que juntar seriedade com leveza é coisa que não veio mesmo no DNA feminino. Eu não tenho nenhum embasamento científico para dizer isso, mas tenho fatos. Normalmente nós, mulheres, encaramos tudo com muita seriedade. No trabalho então…é quase que um pecado corporativo para nós misturarmos o momento de trabalhar com diversão. Não estou falando que a gente não dê risada e não se divirta, mas no fundo, a gente gosta de separar as coisas. É como se para nós tudo tivesse a sua hora. Hora de brincar é de brincar. De trabalhar é de trabalhar e assim por diante.

Isso me faz lembrar um ponto levantado no Projeto Homens. O homem contemporâneo tem estado meio confuso sobre seu papel e um dos lugares onde ele agora encontra um certo canal para ser útil é como pai. Isso porque ele consegue entrar no universo infantil e brincar com seus filhos muito mais do que as mulheres. Fala a verdade, especialmente se você for mãe: brincar com o filho você até brinca, mas não é exatamente aquela coisa de soltar a imaginação, se jogar no chão e se deixar levar. 

Tenho feito algumas pesquisas a respeito, em função de um possível negócio que pretendo lançar e conversando com as mães, elas sempre me dizem que gostam de brincar de pintar, montar kits e coisas assim com os filhos. Ou então ir ao teatro, shows, parques…essas coisas. Poucas mães conseguem realmente se entregar, na verdade. Porque, afinal,  mãe é mãe. É coisa séria. É isso que eu escuto elas falarem ao argumentar sobre o que gostam de fazer com seus filhos.

Ainda não se convenceu? Então me diga: quantas mulheres, na faixa de 30 anos ou mais, curtem video game. Poucas. Bem poucas. Meninas mais novas, amam. Mas mulheres, não gostam. Agora te pergunto: quantos homens na mesma faixa de idade adoram video games? Até os que não têm filhos amam. 

Mas e daí? E daí que a gente deveria começar a praticar um pouco mais a mistura de seriedade e diversão. Rir de si mesma. Descontrair no meio de uma apresentação séria. Dar uns gritos de vez em quando brincando com os filhos de pega-pega dentro de casa. Você vai continuar sendo respeitada e séria do mesmo jeito. Tenha certeza disso! 


No fim das contas, eu fico me perguntando: por que mesmo a gente tem que ficar com esse rótulo de ranzinza e chata enquanto os meninos se divertem?