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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A gratidão por poder viver este estranho momento

Escrever sobre o tema desta semana sem pensar no meu próprio momento é quase impossível. Na verdade eu preferia simplesmente contar uma história e me ausentar, mas nada me parece mais genuíno do que o meu próprio despertar. Então vamos lá.
Sabe aquela sensação de quando você toma relaxante muscular e depois que o efeito do remédio vai se desfazendo no seu corpo parece que seus músculos estão se esvaindo também? Pois é assim que me sinto. Eu tive um inverno bem rigoroso este ano. Muito tempo me foi dado para a reflexão e o descanso. Tive tempo para deixar ir tudo aquilo que já não me faz feliz. Sonhei e dormi infinitamente. Mas agora ainda não consigo despertar com todo vigor. Estou sonada, embora com muita vontade de agir. Isso me incomoda. Muito. No mundo físico sou daquelas que já acorda pela manhã a mil por hora e pronta. 

Mas o despertar da minha alma resolveu me ensinar uma nova lição: o acordar com calma, com preguiça, ainda sem vontade. Por mais que a mente queira acelerar, coitada, esta batalha ela perdeu. É impossível. Mas e daí? O que estou aprendendo com isso? 

Primeiro estou aprendendo a ter paciência. Preciso fluir com calma, no ritmo que o corpo me impôs. Tenho vontade de chorar. Sinto até raiva, mas de nada adianta. 

O segundo aprendizado é o da consciência em si. Depois de tanta reflexão, de deixar ir tanta coisa, eu simplesmente quero voltar ao que era? Não! Claro que não. Então é hora de fazer diferente. De amadurecer com calma. De ir sentindo a realidade, apreciando a neve que ainda congela boa parte da minha alma. 


Assim tenho vivido. Mais do que nunca. Com vigor. Com sentimento. E com gratidão, pois por mais difícil que esteja o aprendizado de tantas novidades, tudo tem sido rico e verdadeiro como tem que ser. Mas que é estranho é. Muito estranho.



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Contemplar é sentir o sabor

Fui almoçar com um amigo que é chef de cozinha e dono de restaurante. A vida dele é uma agitação sempre no mesmo horário, durante o almoço. Sempre fico abismada ao vê-lo trabalhando. Passado o estresse daquele momento, ele se senta calmamente, pede uma taça de vinho e almoça com toda tranquilidade, saboreando mais um dia.

Hoje não foi diferente. Assim que se sentou me contou animado que havia, finalmente, tomando uma decisão: vai abrir outro restaurante. Já tinha o local, o sócio, tudo, enfim. Eu mais do que depressa, comemorei: "Que maravilha! Quando será a inauguração?”. Ele, como bom italiano me respondeu: "Mas está com pressa por que, Bela?" .

Eu disse: "Ué…você disse que ia abrir outro restaurante e já está tudo certo, achei que já era fato". E ele, como calma, me disse:" Fato é. Mas agora vou começar a sentir como é isso para mim”. 

Me lembrei então do nosso tema da semana e conversamos a respeito. Eu tenho em minha essência fazer tudo muito rápido. Não pondero muito as coisas e fico meio sem paciência quando, decidido algo e já não começo a agir na mesma hora. Muitas vezes na madrugada! 

Na maioria das vezes funciona para mim ser assim. Porém tenho aprendido, muito em função do meu trabalho com a Nany, a refletir melhor sobre as coisas. Sentir o meu querer. Assim como o meu amigo está fazendo. Sem atropelar o momento.  É um exercício, pois minha natureza diz que tem que agir e não contemplar. 

A questão em ser assim é que passei a maior parte da vida fazendo, fazendo, fazendo. Sem a parte do saborear. Pode ver….que é assim não saboreia nada. Até para almoçar tudo é rápido, corrido. Mas é legal, ir aos poucos aprendendo a ser diferente. 


Perguntei, por fim, quando meu amigo pretendia então estar com o novo restaurante pronto e ele, sabiamente, me respondeu sorrindo: “Quem sabe quando a primavera chegar possamos fazer a festa das flores lá". E eu respondi brincando: "Pelo andar da carruagem estou achando que isso acontece lá pelos meados do verão". E ele, sem pestanejar validou: "Aí tomamos um vinho branco gelado e celebramos a hora certa". 

E que assim seja!