sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ao gênio da lâmpada eu pediria o que mesmo?

Eu gosto muito do Nando Reis. Da figura dele, do seu talento como poeta, das suas músicas. Uma das canções que eu mais gosto chama-se Hoje Mesmo. Uma parte da letra diz assim: 

Se um gênio perguntasse quais seriam os meus três desejos o primeiro: pediria ao tempo voltar pra trás pra te ver aos dezesseis anos. Não há idéia que alcance ou seja parecida com a imagem da menina esguia, a bolsa a tiracolo e as pedras só pesando. Pois ela nunca irá jogá-las!
O seguinte, segundo desejo, emoldurar no céu o seu sorriso que eu pensei que nunca mais pudesse reencontrar. O filho é que cria a mãe
E o último, complexo, honesto e genuíno, amar sem precisar da dor, querer também sem magoar. Tocar seu corpo. Hoje mesmo.

Eu enxergo os desejos declarados na música como algo tão sincero, essencial, vindo do fundo da alma. 

Quando a  Nany nos provocou esta semana com a pergunta sobre o que queremos para o início do resto de nossas vidas (conforme ela conta no texto anterior) confesso que fui tomada por um sentimento sufocante, uma sensação  de mau estar, físico e emocional, que perdurou por todos os dias que se seguiram.

Primeiro ficou tudo muito escuro e não conseguia nem pensar em algo que me empolgasse. Para alguém que sempre teve certeza do seu propósito, não ter ideia do que quer fazer é quase como não ter ar para respirar. Não existe chão, base. E agora? Será que cheguei naquele lugar onde só o que importa mesmo é o que se recebe no fim do mês e pronto? Fiquei paralisada. 

Depois, já refeita da escuridão, comecei a listar desejos. Eu quero trabalhar numa empresa super legal, poder cuidar da comunicação corporativa e assim, cuidar das pessoas. Eu quero trabalhar numa empresa inovadora, num lugar super descontraído, onde as pessoas são felizes e não estejam sempre com caras de desespero. Eu quero trabalhar de metrô (sim, essas coisas acontecem neste processo!). Eu quero abrir uma empresa e fazer coisinhas lindas que toquem os corações das pessoas. Eu quero escrever coisas verdadeiras que ajudem outras pessoas a entenderem o que se passa com elas. Eu quero ser rica e só trabalhar como voluntária em ONGs. Essa continua sendo uma opção a se considerar, caso o gênio da lâmpada apareça me perguntando sobre os meus 3 desejos!

Brincadeiras a parte é muito interessante ver o jogo mental que fazemos para tentar resolver nossos dilemas rapidamente e ir pensar logo no jantar ou no próxima série que vamos começar a assistir. E aí entra o Nando Reis. Os desejos que listei acima, certamente um pouco exagerados, não são desejos da alma, sinceros, genuínos.

Enquanto eu escrevia este texto começou a chover e eu saí correndo para fechar as janelas. Na última delas eu olhei para fora e me perguntei qual foi a última vez que eu parei para ver a chuva. Fiquei ali, parada, tentando apenas me conectar com cada gota d’àgua que caía. Uma bênção, afinal, poder fazer isso. Me veio que apesar de todos os processos físicos, químicos, biológicos, meteorológicos que envolvem a chuva, aquela água ali, só caindo, é a coisa mais simples do mundo. Chegou a hora de chover e, pronto, chove. Um ato simples e grandioso ao mesmo tempo.



Bingo! Finalmente tenho uma resposta que faz sentido: por enquanto a única coisa que eu quero, para o início do resto da minha vida, é voltar a ser simples como a chuva. Quando eu conseguir isso, tenho certeza, saberei o que eu quero fazer daqui para frente. Sem sacrifícios e sem dilemas. Pode demorar, vai precisar de  paciência e, enquanto isso, não há mal nenhum em fazer o que sempre fiz com tanto amor e dedicação. É um primeiro passo. Bem pequenino, mas já é melhor do que a sensação de paralisia que descrevi no início da história.



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