quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Festa das Cores!

Quando estava procurando escola para meu filho em São Paulo, 13 anos atrás, fiquei apaixonada por uma delas, depois que ouvi da diretora as seguintes palavras: 

“Não tratamos todos como iguais. Cada indivíduo é diferente e nós identificamos essas diferenças e fazemos com que eles se desenvolvam a partir dos seus próprios talentos e habilidades. Mas temos regras, limites e um plano de estudo que deve ser seguido. Trata-se de um trabalho árduo e por isso as turmas são pequenas”.

Ele estudou lá 5 anos. Quando passou da pré-escola para o ensino fundamental houve uma celebração. Não uma formatura da pré-escola como é comum na escolas atuais. O que teve foi o que eles chamam de Festa das Cores. Cada criança deveria escolher uma cor e naquele dia ela e sua família deveriam comparecer a festa com a cor escolhida. O palco era uma arena que foi montada no pátio da escola que é de “chão batido”. Olhando para a platéia você entendia porque a chamavam de festa das cores. As crianças escolhiam se queriam dançar, cantar, recitar poesias ou tocar algum instrumento e ensaiaram durante algumas semanas. Não houve uma medalha para o aluno mais brilhante, nem uma menção a nada que fosse maior ou melhor. Isso simplesmente não existia lá. Houve um grande show, harmônico e emocionante. Os professores não fizeram o tipo “faça o que seu mestre mandar” na frente da turma. Eles tocavam, dançavam e cantavam juntos e integrados aos alunos. Nunca na minha vida fui a um evento mais emocionante. Não apenas por ter sido algo relacionado ao meu filho, mas também por ter compreendido, naquele momento, cada palavra do que a diretora havia me dito anos atrás e por me sentir grata em poder vivenciar este aprendizado. 

Quando ele resolveu mudar de escola fiquei chateada porque, para mim, aquele era o lugar perfeito para a educação dele. Eu queria ter estudado lá! Mas foi a própria escola que me ensinou a respeitar o direito do meu filho de querer algo diferente do que eu gostaria. Ele mudou para uma escola bem mais tradicional e este ano termina o ensino médio lá. Foi uma ótima escolha para ele, afinal. Mas certamente os anos passados na escola anterior fez a base para ele ser a pessoa que é hoje. Um homem, moço, que entende e aceita o que é diferente dele. 

Cada vez que  me conecto com o conceito de isonomia, colocado pelo Projeto Uno no Movimentos Humanos me vem a cabeça esta Escola e tudo que ela fez pelo meu filho. O olhar sob o indivíduo como um ser único, não apenas como um número impresso numa chamada escolar fez com que eu entendesse, claramente, o que é esta tal isonomia e como o mundo pode ser cada vez mais colorido se conseguirmos  introduzir este conceito em nossas vidas.

E assim, será.



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