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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Na hora da pressa tome uma xícara de chá

Esta semana está bem corrida e fora da minha rotina por conta de um evento que estou fazendo. Sabia que seria assim há meses, aliás. Nem por isso deixei de sentir aquela sensação de angústia por achar que tenho mais coisas para fazer do que meu dia me permiti. Foi assim que acordei às 5:50h, sem se quer olhar para o céu e agradecer por este dia – coisa que faço desde que tenho uns 5 anos de idade! Fiz o café da manhã para o meu filho da forma mais automática que eu alguém é capaz de fazer algo, pois meu pensamento estava obcecadamente focado em listar todas as coisas que eu tinha que fazer hoje, especialmente para dar conta de dois compromissos que estão marcados e que não quero furar – um na hora do almoço e outro no início da noite. Foi assim que coloquei o café na mesa e chamei meu filho. Dali já fui logo para o meu escritório adiantar algumas das minhas tarefas e listar todos os afazeres do dia para não me perder. 

Era 6:30h da manhã e eu já estava absolutamente envolvida com o mundo lá fora, sem me dar conta do furacão que se formava no mundo aqui de dentro de mim. Tinha que começar a definir aquilo que não ia conseguir fazer e pensei que deveria avisar a Nany que hoje não daria para escrever no blog. Esta decisão é difícil para mim, pois escrever no Movimentos Humanos é um dos compromissos mais sérios que assumi nos últimos tempos, uma das minhas prioridades. E estava eu ali, diante da decisão de enviar uma mensagem dizendo que ia “furar”. Não se trata de deixar de fazer algo para a Nany, trata-se especialmente de deixar de fazer para mim (por mim) e isso me deixaria muito frustrada. 

Fechei os olhos - muito mais na intenção de pensar numa outra alternativa do que de acalmar o turbilhão mental em que me encontrava. Foi quando a voz, sempre a voz, me disse: lembre-se do tema desta semana (ritmo interno) e tome uma xícara de chá. Fiquei ali imóvel por alguns minutos, absorvendo aquelas palavras que vinham de dentro de mim.

Fui preparar o chá. Acendi o incenso que costumo usar para meditar, liguei minhas músicas de relaxamento, sentei no meu espaço preferido e comecei a respirar – fazendo o que na ioga chama-se de pranayama. Foi quando minha outra vozinha, a mental, começou a falar sem parar: “Não acredito que você está lotada de coisas para fazer e ao invés de se mexer está aqui tomando chá e respirando. Você ficou louca?”. Respondi calmamente e em voz alta: “Sim, estou louca e você pode falar quanto quiser, pois eu vou continuar aqui fazendo exatamente isso”. Foram 15 minutos em paz e uma nova vibração tomou conta de mim. Sentei novamente na minha mesa de trabalho, olhei para a parede em frente e meu olhos cruzaram com um bilhete do meu filho enquadrado há uns 5 ou 6 anos que diz assim:

Mãe...
Todas as lições estão aqui!!!! Guarde na minha mala depois. As folhas você pode deixar dentro do livro de espanhol. Ahhhh, assina também o negócio do “fut” se você deixr eu ir (em cima do computador). Bjs!!!! PH  J


Este bilhete está enquadrado porque ele me lembra de uma época em que eu tentava ser uma boa mãe (olha que lindo: eu via o dever de casa dele todos os dias!). Mas falava com o menino por bilhetes! Chegava em casa, muitas vezes, quando ele já estava dormindo! Mais do que lembrar desta época aquele quadro me diz: "existe um outro caminho". Foi o que eu fiz de uns tempos para cá. Optei! Não por trabalhar menos, pois só trabalho mais a cada dia, mas faço de uma forma um pouco menos tumultuada, atribulada, agitada e ansiosa. E quando isso começa a acontecer, eu simplesmente tomo um xícara de chá.

Pronto! Aqui está o texto do blog! Não são nem 8 horas da manhã, ainda tenho uma hora e meia para o meu próximo compromisso, metade do que estava me incomodando já foi feito e eu estou em paz. Vai ser um dia agitado, mas agora, tenho certeza, dará tudo certo.

P.S.: Só por curiosidade, deixo aqui, uma musiquinha (bem bobinha) que gosto de ouvir com a xícara de chá quando vou ficando muito ansiosa. A melodia e a letra me deixam em paz!

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fomos condenados a ser feliz!

Sacrifício! Esta é a palavra que escolhi para explicar a sensação que se tem ao perceber que você está de volta ao seu verdadeiro eu. Pode parecer uma estranha palavra para associar a algo tão pleno. Mas não é. Sacrifício, muitas vezes confundido com renúncia ou abandono, na verdade, tem seu verdadeiro significado no tornar sacro. É disso que estou falando.


Durante toda esta semana temos debatido sobre o caminho que se segue na busca do que verdadeiramente somos. O tão desejado reencontro com nossa essência, nosso ser uno, inteiro, que faz parte de um todo muito além de nós mesmos. Já deve ter ficado claro que não há outro jeito de se fazer isso, a não ser por meio do voltar-se para dentro, seja com que ferramenta for e, ao fazermos isso, inevitavelmente somos conduzidos (quase induzidos) a perceber que tudo aquilo que não faz sentido em nós tem que deixar de existir . Toda dor, toda raiva, toda mágoa precisa ser oferecida para forças que vão além de si, como um chamamento sagrado – o sacrifício. Não significa não mais sofrer, não mais trilhar o caminho humano do crescimento, das provações. O que muda é a forma como lidamos com nossas vidas, sensações, emoções e com o outro. O que não é verdadeiramente essencial  passa a ter um peso menor, nossa integridade nos equilibra, nos deixa num estado de serenidade que passa a ser a força que nos sustenta, que nos dá força para ir além. É como o rio que flui aceitando o caminho, agradecido pela existência.

Jamais vou esquecer a primeira vez que senti esta sensação. Me refiro a ela como paz interior e a qual a Nany chamou de contentamento interno, no seu texto que abriu a semana aqui. Era época da faculdade e eu estava saindo do campus quase vazio. Uma tempestade se formava no céu e uma rajada de vento me fez parar e ouvir o barulho das árvores. Fiquei parada ali, paralisada eu diria, submersa em mim. Não estava em outro lugar, não estava numa experiência transcendental. Nada disso. Estava ali. Totalmente, completamente, inteiramente ali. Até hoje esta lembrança me traz lágrimas aos olhos e sinto o vento batendo no meu rosto. Fazia meses que buscava por isso e, simplesmente, naquele momento, havia finalmente me conectado comigo mesma. Não há palavras que possam expressar exatamente a sensação. É algo muito individual. Uma citação do alquimista Morienus de Roma, eremita cristão do século VII, diz:

O portal da paz é sobremaneira estreito e ninguém poderá atravessá-lo senão pela sua própria alma.

É lindo, é divino e é humano. Por mais estranho que isso possa parecer. E é como o pianista Benjamim Taubkin diz no depoimento abaixo: "Parece que fomos condenados a ser feliz!”