Mostrando postagens com marcador sociedad. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sociedad. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Cadê o homem que a mulher deseja?



Ontem foi o dia dos pais. Passei o dia no Rio de Janeiro, almoçamos com meu sogro, honrando o patriarca. No FB a maioria das publicações eram destinadas, claro, aos pais. Como acabara de voltar de Recife onde realizamos o workshop do Projeto Uno, desta vez com mulheres, a importância da figura masculina nas nossas vidas está bastante presente em mim por isso gostaria de trazer a seguinte reflexão: vimos no Projeto Mulheres e no Projeto Homens que há uma crença estabelecida tanto nas mulheres, quanto nos homens, o que no meu entendimento é mais sério, de que as mulheres são melhores do que os homens.

Essa crença, entendemos até agora, foi consolidada, provavelmente, nos últimos 100 anos, quando a mulher foi ganhando espaço no ambiente público - a rua, o palco social. Nesse período, também, a educação formal escolar já era dominada por mulheres que, na tentativa de ter alguma atividade fora do lar escolhiam o magistério, uma das poucas opções aceitável socialmente para as mulheres. Assim as mulheres tiveram mais importância na formação dos homens e das mulheres do que num passado mais remoto.

Quando falo da crença, as mulheres são melhores do que os homens, alguns me perguntam se foi uma revanche das mulheres. Pode até ser. Mais inconsciente que consciente, creio eu. Mas penso que existem outras razões mais relevantes para essa crença se instaurar. A primeira é a visão binar que temos da vida, homem-mulheres, preto-branco, rico-pobre, mais-menos, em cima-embaixo, para alguém subir, alguém tem que descer. Estamos caminhando para uma complexidade da realidade maior, mas ainda somos dominados por essa percepção binar da realidade. Então, para eu ganhar espaço, alguém tem que perder.

Outro ponto é que antes mulheres submissas, sob o domínio masculino, começaram a ganhar voz e força. Muitas saíram dos lares, sem nada a não ser os filhos embaixo dos braços. Foram a luta. Elas geraram filhos orgulhosos da coragem materna-feminina. As que ficaram nos lares, começaram a falar mais - e não calaram mais - e assim fazer o domínio indireto (às vezes nem tanto assim) do território privado e invadir, mesmo dentro do lar, o espaço público interferindo diretamente na vida e forma de agir do marido. 

Outras mulheres ficaram nos dois espaços - casa e rua - acumulando funções. Provando (para quem?) que podiam. Essas 'super-mulheres' multitarefas, hoje exaustas e estressadas, carregam a bandeira da auto-suficiência. E são, pela nossas pesquisas, as que mais sofrem com a solidão que a liderança lhes trouxe.

A questão principal aqui não é se ela pode ou não pode, mas a necessidade dela de provar- e binar como somos - fazê-lo desmerecendo o outro, neste caso, o homem. Quem não tem uma mulher, seja ela, mãe, irmã, sobrinha, vizinha que fala mal do seu companheiro? Que sempre o desmoraliza e lhe tira autoridade, mesmo que por 'brincadeira'?

Assim, somos todos hoje em dia, mulheres e homens, frutos de gerações de mulheres poderosas, representantes hoje da força e do poder de superação. Beleza. Conseguimos. E agora, cadê os homens que tanto queremos?

quinta-feira, 20 de junho de 2013

As crenças que nos guiam ainda fazem sentido para nós?















Como humanidade viemos sedimentando, por milênios, crenças do que era certo e do que era errado. De tão fortes elas não só nos pareciam verdadeiras, como nem as questionávamos. De tão reais elas tomaram até forma física que formataram a nossa forma de ver o mundo e nossas avaliações sobre quase tudo: o que é bom, o que é ruim, o que é bonito, o que é feio, o que é doce, o que é amargo, o que é fraco, o que é forte e por aí vai.

Há séculos que essas crenças estão sendo questionadas, porém como a massa que seguia o modelo absorvido era maior, os questionamentos foram reprimidos, embora cumpriram sua função ao colocar esses questionamentos aos poucos, no nossos corações e mentes.

Só para considerar a história moderna e recente, as duas Guerras Mundiais trouxeram mudanças significativas para a humanidade, entre elas, a saída das mulheres do espaço privado e reservado - o lar - ao qual estavam restritas, por vontade própria ou não, para irem às fábricas costurarem uniformes. As guerras acabaram e elas nunca mais voltaram para casa.

Focando nos aspectos da identidade feminina e masculina, tema principal do nossos estudos dos Movimentos Humanos, essa invasão territorial das mulheres dentro do espaço público contribuiu em muito, à quebra de crenças estruturais que regiam as nossas verdades. 


Como por milênios acostumamos a nos sentir seguros através dos condicionamentos externos, a quebra de crenças estruturais abalaram nossa segurança e trouxeram o medo para nossos corações: não sabemos mais o que é certo nem o que é errado. 



É um momento delicado, difícil, dolorido. Muitas coisas que a gente dava valor e até lutou por elas serão, ainda, realmente verdadeiras dentro de nós? O momento para muitos é de fragilidade. Porém, não aprendemos a ser frágeis. Não é valorizado ser frágil. Na insegurança e instabilidade, o medo se instala.


Quando o medo se instala, um caminho confortável é voltar ao passado, na busca de referências que nos acalmem. Procurar os parâmetros que nos digam o que é certo, o que é errado. Sob esta ótica, religiões, crenças e doutrinas que nos dizem para 'retomar' o que foi perdido e nos oferecem modelos formatados do que é certo e errado socialmente, crescem. No medo, a volta ao passado é o caminho mais sedutor e fácil de seguir, seja pela insegurança, seja pela nossa rigidez que evita abrirmos mão das nossas crenças e nossas verdades.

Para outros, o caminho é ficar no limbo. Acuados, sem saber como lidar com a nova realidade. Voltar ao passado não faz sentido, porém o novo tampouco faz tanto sentido assim. Não estamos tão convencidos dele. Para podermos viver com certa tranquilidade muitos de nós optamos pelo caminho do 'politicamente correto', mas não necessariamente essa atitude e comportamento refletem um sentimento genuíno interno de aceitação do novo. Até nesse momento somos massa, agimos como massa.

Para outros de nós ainda, geralmente poucos, cabe a aventura do novo. É o caminho mais difícil e solitário; mas, provavelmente mais curador. Na experiência há conhecimento, e com conhecimento e experiência, temos como ganho o reconhecimento do que é verdadeiro dentro de nós. Se abrir para o novo significa conhecer novidades, se colocar na posição de aprendiz, deixar que o novo seja uma real possibilidade. Se permitir deixar, com amor, para atrás, crenças até então estoicas.  


Estamos num momento especial da humanidade. Acreditamos que seja um dos poucos em que exista informação e conhecimento disponível suficiente para cada um de nós decidir quais são as crenças que vamos seguir: as que vem do passado? as que se mostram futuro? ou vamos olhar para dentro, para nossa essência, para nosso Sentir, e decidir as crenças que estejam mais alinhadas com o nosso ser e nos permitam viver a vida mais genuína e autêntica que nos seja possível, num mundo em sociedade?