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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Solitude e solidão: já experimentou a diferença?


Entre homens e mulheres a solidão é, talvez, uma das maiores assombrações que a vida moderna nos desafia a passar. Vejo amigas e amigos, muitas vezes infelizes, com as escolhas que fazem seja em seus relacionamentos amorosos ou em amizades por não suportarem ficar só. Embora poucos assumam isso, é muito claro perceber que este bicho-papão está solto por aí. Eu também morria de medo, e claro, ainda sinto medo da solidão. Sei bem o que é isso e, aprendi,"a duras penas", a diferença entre solitude e solidão. Como diz a música do Lobão:

As cortinas transparentes não revelam
O que é solitude, o que é solidão
Um desejo violento bate sem querer
Pânico, vertigem, obsessão

Na verdade, reaprendi o que é solitude porque quando era criança em gostava de ficar sozinha. Não que eu só brincasse sozinha. Eu tinha amigos e gostava das brincadeiras em grupo, mas também tinha necessidade de entrar no meu próprio mundo, falar com meus amigos imaginários, ficar comigo. 

Muitos e muitos ano depois descobri a solidão. Dolorida, ácida e revoltante. Especialmente quando me mudei para São Paulo. Sempre compartilhei a guarda do meu filho com o pai dele e, portanto, durante muitos dias ficava sozinha. Fiz amigos, claro, mas nem sempre eles estavam disponíveis. E nem a minha família estava por perto.  


Foi assim que, aos poucos, fui redescobrindo a solitude. Aprendi a gostar do silêncio – fundamental para quem trabalhar com comunicação, como eu. Fui perdendo o preconceito de ir a lugares públicos sozinha: restaurantes, cinemas, cafés, exposições, livrarias, teatro. No começo foi difícil e sempre ouvia a voz de uma amiga que dizia: “o mundo é formado de dois e quando você está sozinho isso fica mais evidente”. De fato: por todos os lados as pessoas estavam a dois, a três, a dez. Mas chegou o dia em que comecei a amar os momentos em que eu poderia desfrutar apenas da minha própria companhia.

De uns tempos para cá, ficar sozinha foi rareando por diversos motivos: como eu e meu companheiro decidimos morar em casas separadas queremos estar juntos nas horas que sobram para o lazer. Meu filho também já não vai com tanta frequência para a casa do pai, que agora mora em Brasília, afinal, ele é adolescente e ficar aqui com os amigos é bem mais interessante. Respeitamos isso, e assim, ele também passa mais tempo em casa. E finalmente, eu decidi tocar alguns projetos paralelos o que faz do tempo vago algo muito precioso.

Mas este fim de semana tudo conspirou para novamente eu estar em solitude: eu, meu cachorro, meus pensamentos e nada mais. Foi uma experiência interessante, pois descobri que estar com você mesmo, sem sentir que isso é solidão, é também um treino contínuo. Se você parar de exercitar começa a ficar difícil sentir paz. Muitas vezes me peguei com vontade de compartilhar coisas que aconteciam, especialmente como meus meninos: marido e filho. Apesar disso, no fim do sábado, senti a plenitude em mim. Uma sensação maravilhosa por ter ficado comigo, por ouvir meu coração, organizar pensamentos e, especialmente, ter tempo para acalmar minhas angústias que estavam bem mais latentes do que eu imaginava. E desejei que as pessoas soubessem a diferença entre solitude e solidão e comprovassem que o ditado “antes só do que mal acompanhado” tem um lado muito bom. Vale experimentar.

Outra conclusão que cheguei, bem engraçada por sinal, é que meu cachorro,  grande companheiro, também tem seus desejos de ficar só. Digo isso porque, às vezes, ele simplesmente sumia de perto de mim. Mas até isso me fez refletir sobre respeitar o momento de solitude do outro. Já que eu gosto tanto, tenho que aceitar o momento outro também.

Por fim, fiz algo que (confesso!) se tornou, ao longo do tempo, também um prazer quando estou sozinha num restaurante: ouvir a conversa das mesas alheias . Mas o assunto, desta vez, foi tão rico que este vale um texto só para falarmos disso amanhã.



quarta-feira, 17 de julho de 2013

"Não devemos ter medo da bondade, da ternura" - Papa Francisco


Falar de religião não é nossa praia. Não levantamos bandeiras e acreditamos que a fé é assunto individual. Mas com a proximidade da visita do Papa Francisco ao Brasil é impossível não ouvir histórias sobre ele ou, ao menos, não ficar curioso a respeito do homem que ele é – não do líder da Igreja Católica, mas da pessoa que ele faz questão de mostrar ser.  


Não dá para negar que este Papa é diferente. "O Papa é pop" nunca foi uma expressão tão verdadeira. E pop no sentindo mais popular mesmo. Ele fala e a mensagem chega ao coração. Ele faz e nunca é por acaso. É um homem de atitude. Um homem de carisma. Um homem de palavras verdadeiras. Ou parece ser. O tempo dirá. Mas fato é que a sua palavra, até agora, está marcada por uma mensagem profunda, direta, moderna e...simples. As suas primeiras palavras oficiais, na missa inaugural do dia 19 de março deste ano, já deixou isso claro e estabelecido. Mais parecia uma conversa: genuína, pura, honesta. Uma mensagem do amor que devemos ter uns pelos outros e por nós mesmos. Reli este discurso para tentar falar deste homem, sem me ater ao seu papel oficial no mundo. Também assisti ao vídeo deste dia. De repente percebi que a paz inundou-se na praça de São Pedro – do estado de euforia, para o estado de paz. Muito forte.

A Revista Bons Fluídos, edição de julho de 2013, publicou na seção “Palavra de Mestre”, uma adaptação muito bonita deste discurso, chamada de Homilia pelos católicos. Infelizmente a publicação não está disponível para conteúdo digital. Em resumo, e entre tantos ensinamento, ele falou de José de uma forma muito mais humana: do José guardião. Do José que protegeu e confiou, mesmo quando nada entendeu. E a partir de uma passagem bíblica trouxe um lindo ensinamento*:

"(...)É proteger as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e de cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se no bem. Quando o homem falha nessa responsabilidade o coração fica ressequido.
Devemos também cuidar de nós mesmos. O ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então, guardar quer dizer vigiar seus sentimentos, nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más. Nos Envangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, em seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é virtude dos fracos, antes, pelo contrário, denota fortaleza de ânimo e capacidade de solitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, do amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura.”

Que este homem, comum, simples, de olhar sereno e cativante continue sobressaindo ao papa que ele é. E que assim ele possa, cada vez mais, semear palavras sábias para purificar os corações. Usar da sua autoridade, como líder de uma igreja, para quebrar crenças milenares. Que continue, acima de tudo, agindo com humildade, ajudando assim, na construção de um mundo em paz. 


*a Homilia da missa inaugural falava de José porque dia 19 de março é dia de São José. 


Aqui o vídeo oficial da Missa Inaugural




terça-feira, 2 de julho de 2013

Um "bom dia" no elevador vale quantos "likes" no seu post?


Pense na cena: você chega na fila do elevador e diz bom dia para as pessoas que já estão ali. Ninguém responde. Você entra no elevador e novamente diz bom dia para os que já estão lá dentro. Um ou dois respondem, porém ninguém levanta os olhos do celular para ver quem foi a pessoa que os cumprimentou. 


Esta não é uma cena difícil de imaginar porque está cada dia mais comum. Os “brinquedos” da vida moderna, travestidos em celular, smartphones, tablets e afins, certamente facilitaram as nossas vidas e não há nada de errado com eles. O ponto é outro: nós simplesmente esquecemos as regras mais básicas de educação e, portanto, de relacionamento quando estamos entretidos com nossos brinquedos.

Mais complexo ainda: perdemos o poder de observar o que está a nossa volta. De sorrir olhando nos olhos de um desconhecido. De bater um papo despretensioso com alguém que não conhecemos. Como se aquelas máquinas em nossas mãos fossem tão ou mais fundamentais quanto o ar que respiramos. E atire a primeira pedra quem nunca fez isso. É um hábito generalizado que ultrapassa todas as fronteiras: pessoal, profissional, país, idade, status social, gênero.

Uma pena perdermos esta capacidade de ver o que está a nossa volta, não é? Assim ficamos cada vez mais isolados, longe, distantes. Depois reclamamos de solidão, apesar dos nossos 1322 amigos nas redes sociais. Isso não é uma crítica ao contexto de mundo em que vivemos. Mas, até por isso, precisamos lembrar que um sorriso, às vezes, salva o dia de uma pessoa. Uma conversa traz a solução de um problema e desejar bom dia pode significar tanto quanto os 15 likes no seu último post. 

Que tal tentar, apenas uma vez ao dia, entrar num elevador sem estar com o(s) celular(es) na mão e desejar bom dia? Sorrir para a primeira pessoa que cruzar seus olhos? Puxar conversa com a primeira pessoa que encontrar? Esteja preparado para ser o único a fazer isso, mas alguém tem que começar, né? Lembra daquela história sobre o rapaz que jogava as estrelas do mar da areia de volta para o oceano? É a mesma coisa.


Estrelas-do-mar

Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo. Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
“Por que está fazendo isso?”- perguntou o escritor.
“Você não vê! – explicou o jovem – A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia”.
O escritor espantou-se.
“Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma”.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor.
“Para essa aqui eu fiz a diferença…”
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo um lugar melhor. Sejamos a diferença!

Autor Desconhecido