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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Essencial é se aceitar. Mesmo sem cabelos!

Outro dia estava contando a história de uma fatalidade que aconteceu em nossa família para o meu filho. Conforme ele me perguntava coisas e eu respondia (ou tentava) percebi o quanto esta história envolvia as questões de isonomia e poder que temos falado por aqui. 

Trata-se de uma história de amor, não necessariamente com final feliz, mas com o final que foi possível para os envolvidos. Era um casal jovem, bonito, com um grande futuro pela frente. Ele, muito inteligente, era um jovem PHD que já havia morado em diversos lugares do mundo e que adorava estudar. Ela era linda. Tinha os cabelos compridos até a cintura, bem lisos. Era artista.  Era bastante vaidosa também. O marido era mais tranquilo quanto a isso, mas orgulhoso pela mulher que tinha. A vida dos dois era boa. Ainda não tinham filhos, então aproveitavam o melhor que o conforto material poderia proporcionar. 

As coisas mudaram no dia que um aneurisma fez a moça chegar ao hospital quase sem vida. A primeira providência foi raspar os longos cabelos dela, afinal, era preciso abrir a cabeça para que os médicos pudessem salva-la. Ela se recuperou fisicamente, mas teve sequelas que foram difíceis aceitar. Apesar das dificuldades motoras tenho cá para mim que o pior impacto para ela foram os cabelos. Ela odiava aquele novo visual e isso a deixava muito raivosa. O marido foi muito bacana. Como engenheiro mecânico rodou o mundo em busca de soluções que trouxessem conforto a ela e ao seu dia a dia. Para ele, passado o susto, a vida seguia seu rumo e tinha orgulho muito mais orgulho da mulher agora. Fez o que pode para seguir em frente e estava disposto a qualquer mudança para que tudo ficasse bem. Aquilo para ele era só mais um aprendizado. 

Para ela as coisas não eram assim. Ela se sentia inferior, obrigada a depender dele e quanto mais ele tentava faze-la independente mais ela achava que ele a insultava. Se separaram depois de todas as tentativas dele em continuarem juntos. Ela voltou para a casa dos pais onde se sentir subjugada pela sua condição, doía menos. Ele sofreu tudo que tinha para sofrer e seguiu em frente.


Aí você vai me perguntar: o que isso tem a ver com o tema da semana? Vejo nesta história um exemplo de como as coisas podem não funcionar se não aceitarmos os nossos próprios desafios e o dos outros. A revolta da moça pela sua condição e o fato de perder todos os seus símbolos de vaidade e de poder a fizeram refém da situação. Nem o amor do marido que tanto fez pela aceitação foi suficiente. Esta história aconteceu  há quase 20 anos, mas ainda me emociono ao perceber como é difícil para nós, humanos, deixarmos nossa soberba de lado e viver o essencial. E para um relacionamento saudável este exercício é fundamental.  Até rimou. Como se fosse poesia.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Relacionamento amoroso feliz é uma conquista sem competição.

Nas últimas semanas temos falado sobre poder, e qual é o novo poder que está se configurando nas nossas vidas. Nesta semana vou trazer esse tema nos relacionamentos amorosos felizes. No final de semana passada comemorei mais um ano do meu relacionamento amoroso, celebramos onze anos de felicidade, sem nenhum exagero nessa expressão. É comum que pessoas que convivam conosco perguntem qual é o segredo para vivermos esse amor feliz. Sinceramente, não sei se existe um segredo ou uma receita para dar porque cada pessoa é uma história, com suas expectativas, medos e sonhos. Num casal isso é literalmente multiplicado por dois e essa aritmética precisa dar um resultado harmonioso. Não é fácil. Nada fácil. Mas é possível.

Durante o final de semana refleti sobre tantos casos de relacionamentos que tenho ouvido ao longo de meus anos de pesquisadora. Pensei sobre meu relacionamento e o que ajuda a obter essa tão desejada felicidade. O que fica claro - claríssimo vamos dizer - é que viver uma relação amorosa feliz é uma conquista obtida dia-a-dia. Consciente, esforçada e focada. Mas diferentemente do que associamos ao conceito de conquista, nesta, não há competição porque não há - ou não deveria haver - perdedor. E nisto penso que a relação-amorosa-feliz, se aproxima do novo poder, o poder isonômico que vimos falando. 

No novo poder, como temos visto nas últimas semana, a hierarquia é menos relevante, o exercício de poder se faz sem subjugar. A conquista de uma relação-amorosa-feliz, pela minha experiência pessoal e meus estudos me mostraram até agora, está baseada justamente nisso: na isonomia, ou seja, direitos iguais mesmo entre seres bastante diferentes. Há o respeito às diferenças sem querer igualar o outro.

Descompromissadamente, criei alguns pontos aos quais credito a minha relação-amorosa-feliz: o primeiro é o desejo profundo que a relação dê certo e isso ser maior do que nosso ego. A auto-importância torna-se menor. Para deixar claro devo dizer que o que entendo por auto-importância é colocar nosso eu, nossa pessoa e persona na frente de tudo - nossas vontades, nossa opinião, a nossa "verdade". Sei que isso é contrário ao que temos lido por ai. Nas últimas décadas a crença de "ame-se primeiro" tem tomado conta de todo discurso de auto-ajuda. E ele é verdadeiro, porém, no caso de um relacionamento amoroso, o ceder, o deixar o ego de lado em prol do que é justo e correto para a relação, considero fundamental. E para aplicar e praticar a justiça, sem dúvida, o eu fica menor. Não tento convencer e impor o que eu quero, o que me deixa feliz, mas o que - com o distanciamento devido do meu eu - considero justo para os dois. Assim, ambos cedem nos seus devidos tempos e assuntos. E não há sacrifício nisso. 

E aqui vem o segundo ponto fundamental na minha relação: não há vítimas. Ninguém se sacrifica. Não consideramos o sacrifício um honra, um valor, muito menos amor. Amor a dois não implica em sacrifício. Amor, para nós implica dar e receber, ceder sob a ótica que consideramos justo. Se é justo, não é sacrifício. São trocas. Aliás, há muitos anos uma mestre querida me explicou isso: o amor não necessita de troca mas de doação. O relacionamento sim precisa de troca. Compreendi que podemos amar profundamente e optar em não nos relacionar porque essa relação nos machuca. Compreendi também que se sacrificar por amor pode ser um vício, um forma que a pessoa tem para operar no mundo. E essa opção costuma ser bastante manipuladora. É uma forma de poder sobre, como falamos a semana passada, que implica em subjugar alguém. 

O terceiro ponto, ligado, claro, aos anteriores, é que só estamos juntos porque essa relação nos faz feliz. É um círculo vicioso, estamos juntos pela felicidade que temos de estar juntos. Não há nada mais que nos ate fora o amor e a felicidade. Somos independentes, em todos os sentidos, menos na felicidade. Engraçado, não é? Tenho certeza que seria menos feliz sem meu marido. O foco, portanto, é a felicidade, não meu marido nem nossa relação. Mas para obter a minha felicidade preciso da relação amorosa com meu marido para tê-la. Então, como não cuidar desse bem tão precioso? Uso toda minha autonomia e disciplina para obter o que desejo, ou seja, pratico o poder para, que falamos a semana passada.

O quarto ponto que trarei aqui - de uma lista que fiz - tem a ver com o cuidado e o autoconhecimento. Para cuidar adequadamente precisamos nos conhecer e conhecer ao outro. Temos repetido aqui incessantemente a necessidade de autoconhecimento para evolução. Entendendo aqui que a evolução significa para mim, ter maior capacidade de optar consciente o que traz tranquilidade, paz e felicidade. Aumenta nossa capacidade de amar.

Existem milhares de formas de autoconhecimento e, para mim, as mais eficientes, dependem da ajuda de terceiros. Penso que se autoconhecer sem a ajuda de um especialista, independente da linha de atuação, é não querer ir fundo no conhecimento sobre si mesmo. Respeito a opção, até porque compreendi que deva haver muita dor por baixo dessa resistência, mas também aprendi que essa dor é como uma pus que fica latejando e infeccionando tudo ao redor. Uma hora vai ter que abrir e limpar, porque como disse Jung "o inconsciente quando não trazido a luz, vira destino".

Boa semana a todos.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Ser exatamente quem somos é a chave que abre esta porta



Acordei hoje com uma "pulga atrás da orelha": apesar da mulher atual ser tudo que ela é hoje (fortona, destemida, batalhadora e todas as características citadas no tema da nossa semana) ainda assim, a maioria de nós, não aprendeu a ter auto-estima. E sem ela....não há solução. 

Não importa se você estudou muito, se rodou o mundo, se é presidente de multinacional, se tem tudo que sempre sonhou. Se o seu coração não está em paz com quem você verdadeiramente é, nada vai funcionar. Auto-estima é coisa delicada. É difícil reconhecer, debaixo de tantas vestimentas e máscara, quem realmente se ama e se reconhece de fato. Sei que os homens também sofrem da mesma coisa - não é um mal feminino, mas a sensação que tenho é que com a mulher este assunto ainda é mais intenso e presente.

Auto-estima, não tenho dúvida, é coisa que começa se estabelecer em casa, na criação. Não é apenas o elogio que leva a auto-estima, mas a honestidade de ser destacar as boas qualidades e não valorizar potencialmente os defeitos.

Aliás…o que é defeito? Fico pensando nisso sempre que vou fazer entrevistas de emprego e me pedem para citar as minhas qualidades e os meus defeitos. Sempre acabo confusa porque, no fundo, acho meus defeitos qualidades e minhas qualidades, muitas vezes, soam como defeitos. Portanto temos que aceitar as pessoas como elas são. 

Se falamos sobre a incrível geração de mulheres que foram criadas para ser tudo que os homens não querem, faço um apelo àqueles que criam seus filhos: os aceitem. Mais importante do que criar mulheres para enfrentar um mundo novo e homens para serem vencedores, nós precisamos muito de seres humanos com a auto-estima equilibrada e, acreditem, os pais são fundamentais para que isso ocorra. 

Fecho a semana inteiramente convencida que mais importante do que ser uma mulher moderna ou um homem contemporâneo, precisamos ser nós mesmos.

Deixo para vocês um vídeo que assisti hoje e que fala deste assunto. Muito interessante. Está em inglês, mas é fácil de entender. A diretora do vídeo pede para as pessoas fazerem coisas como "uma garota". Olha a diferença na reação entre as mulheres adultas e as meninas. Esta atitude das jovens meninas é que não pode sumir ao longo do tempo! É disso que estamos falando!




Um final de semana de muita luz para todos nós.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A prática torna tudo mais fácil. Até mesmo o equilíbrio na relação a dois!

Ontem foi um dia exaustivo para mim - tanto emocional quanto fisicamente. Acordei muito cedo, me preparei para uma entrevista importante e, no meio disso tudo, recebi duas notícias que me abalaram. Além disso eu sabia que teria uma agenda cheia no período até à noite.

Não estava fácil e no meio do dia eu já estava tão cansada que fui tomada por um mau humor sem tamanho. Quem me conhece sabe que dificilmente eu fico mal humorada. Mas sei bem que quando a gente está assim, costuma descontar na pessoa que está mais próxima e tentando te ajudar. Quem estava comigo era o meu companheiro de 8 anos. Ele me acompanhou na entrevista apenas para me dar apoio moral e ficou mais de uma hora passeando pelo shopping a minha espera. Isso porque ele tinha feito um treinamento de trabalho na noite anterior e praticamente não havia dormido. Mesmo assim soltei os cachorros nele. 

À noite, depois de toda agenda cumprida, estava sozinha em casa, e muito chateada por ter brigado com ele. Comecei a refletir: sem dúvida eu não tinha motivos para brigar com ele, mas por outro lado, se ele me conhece bem (e conhece) sabe que eu não sou assim. Então também não devo brigar tanto comigo mesma. Foi só um dia difícil. Respirei fundo e liguei para ele. Sem dramas, nem desculpas pedi. Apenas conversei e ele, vendo que eu estava mais calma, falou comigo calmamente, colocou o ponto de vista dele e nos entendemos. 

Não foi sempre assim. Em outros tempos, nem tão distantes assim, um dia como o de hoje teria gerado um estresse e uma briga que duraria pelo menos uns 4 dias. Ele estaria com cara emburrada, eu me penitenciando por ter sido um “monstro”. Mas a maturidade chegou e isso fez muito bem para a nossa relação. Agora a gente não quer mais ter a razão. Eu não quero mais que ele entenda o quanto a minha vida é dura e como é difícil cumprir todos os meus papéis: de mãe, dona de casa, profissional, amiga e blá blá blá. E ele não que me convencer que o problema é a minha arrogância de mulher moderna. Nos aceitamos e, principalmente, nos amamos, verdadeiramente. Ouvimos o que temos a falar e nos acolhemos. Amanhã pode ser ele que esteja de mau humor e assim, compreendemos que todos têm direito a um dia ruim. Bom mesmo é saber que conseguimos chegar neste equilíbrio. 


A escritora Elizabet Kantor escreveu recentemente um livro entitulado A Fórmula do Amor, onde ela usa as personagens de Jane Austen (autora, entre outras obras, de Orgulho e Preconceito) para explicar as diferenças no 

“vamos usar nossa especialidade natural em relacionamentos para abrir nosso caminho no campo minado das vulnerabilidades de homens e mulheres até um lugar onde ambos possam ser felizes”. 

Isso é um conforto quando colocado verdadeiramente em prática!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mas, afinal, qual é a mulher que o homem quer ter ao seu lado?

Desde a semana passada está circulando pelas redes sociais um texto da Ruth Manus, publicado no Blog do Estadão e que, segundo o próprio jornal, já foi compartilhado por mais de 700 mil pessoas. O assunto o próprio título entrega: "A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer”.  No relato sincero e fiel ela descreve a mulher que ela é que, provavelmente, o incrível número de pessoas que interagiu com o texto, também é. Somos, como temos falado ao longo da existência do projeto Movimentos Humanos, a mulher que ela relata já no início do seu texto: 

“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.

Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.

Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.

Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”

Qual mulher não se identifica com ao menos uma ou duas características apresentadas neste descritivo? E lá vamos nós falar novamente sobre os conflitos que se inicia, muitas vezes, por conta do que somos hoje para a sociedade. Ao longo do texto ela expressa o outro lado desta mesma moeda e diz assim: 

"Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?"

Nós do Movimentos Humanos ficamos felizes quando esta discussão ganha a proporção que este texto tomou, pois é a prova do quanto o ser humano precisa e quer debater o assunto. É desta reflexão que conseguiremos caminhar para frente: entendendo e assegurando o papel da mulher no mundo, mas compreendendo as consequências que impacta a sociedade como um todo, incluindo o próprio feminino.

A solução para encontrar um ponto de equilíbrio entre a mulher que somos hoje e o homem que consegue entender e acompanhar esta mulher só pode passar pelo diálogo, pelo amor e pela boa vontade de todos os nós. Vamos falar sobre este assunto, mais uma vez, esta semana. 

Post do jornal O Estado de São Paulo falando
sobre a crônica que inspirou a discussão da nossa semana



sexta-feira, 28 de março de 2014

Uma relação séria é sinônimo de falta de liberdade?

Pensando no tema desta semana, me lembrei de um filme bem bobinho (mas bem bobinho mesmo!) que está em cartaz nos cinemas brasileiros chamado Namoro ou Liberdade,no original em inglês, That Awkward Moment

Trata-se do gênero comédia romântica em que três amigos, após sofrerem desilusões amorosas, resolvem celebrar a "galinhagem" por toda a vida. Porém não é preciso avançar muito no filme para descobrir que, no fim das contas, eles vão se apaixonar por outra menina e toda a promessa de liberdade eterna (ou independência eterna) vai por água abaixo. É aqui que começa aquela coisa água com açúcar toda. 

Até aí tudo bem. O incrível é como ainda faz sucesso a fórmula do príncipe encantado e a menina dos sonhos do fetiche masculino. Sejamos honestos: qualquer pessoa que já se relacionou no mundo real, sabe que a vida não é tão cor de rosa e que os meninos não são príncipes e nem as meninas são tão moldadas para gostar de tudo que você, meu caro rapaz, faz. 

Foi neste ponto que eu deixei meu lado crítico de cinema de lado - que aliás não é de forma alguma um talento que tenho - e entendi: ali tem o sonho, o desejo, a ilusão. O aspiracional talvez. Os casais assistem ao filme, sonham com a relação fofa. O homens curtem a parte da galinhagem, ou seja, a suposta liberdade e as meninas suspiram quando eles abrem mão do vidão em nome do amor.Tudo isso ali no escurinho e depois vão para casa viver suas vidas. E tudo bem! Ninguém precisa mesmo viver apenas de realidade e, afinal, o cinema se propõe, antes de mais nada, a entreter. 

De qualquer forma é válido como reflexão a respeito da liberdade e da independência - e o que extamente homens e mulheres desejam e sentem a respeito do tema. Chamo este gênero de filme de domingo: gostoso para relaxar e dar uma risadas. Como o fim de semana está chegando pode ser uma boa pedida para o seu domingo. Só não espere uma obra prima digna de Oscar. Trata-se de outra coisa.

Confira o trailer abaixo:

quinta-feira, 27 de março de 2014

Homens, mulheres e a caixa do nada


Outro dia me apresentaram um vídeo que explicava as diferenças entre a forma de pensar e agir do homem e da mulher. O raciocínio que o vídeo traça é muito engraçada e basicamente diz que a cabeça do homem é feita de caixas (caixa da família, caixa dos filhos, caixa do dinheiro, etc). Já a cabeça da mulher é um enorme emaranhado de fios, todos conectados entre si, muitos deles, desencapados. 

Depois de muitos exemplos divertidos, ele chega nas duas maiores caixas que o  homem tem na cabeça: a caixa do sexo e a caixa do nada - que é a maior de todas, segundo o vídeo. Como o próprio nome diz, na caixa do nada, não tem nada dentro. É aquele momento em que o homem não está ouvindo nada do que a outra pessoa diz. Muitas vezes a conexão com a caixa do nada é feita na frente da televisão, onde os rapazes vão mudando de canal sem parar em lugar nenhum. Eles estão simplesmente fazendo nada. 

A maioria das mulheres não compreende muito bem essa coisa de não fazer nada e aí, os fios desencapados começam a dar um enorme curto circuito e pronto….está armada a confusão. Piadas a parte, estereótipos também, confesso que enxergo uma certa razão no raciocínio. 

Para não ficar só na relação casal, pensei nos meus irmãos. Não bastasse um, eu tenho três! Eu os amo de paixão, que fique claro. Mas desde pequena me recordo de me queixar para mim mãe que eles não me ouviam. Agora então, que somos adultos, já sei perfeitamente quando eles estão “ligados" no que estou falando e quando não. Já nem insisto mais de querer conversar nos momentos “off”. Tento esperar os momento “on" para conseguir dar conta de todos os assuntos importantes.

Não consigo achar que não há o que se aprender com esta habilidade tão masculina. Claro que os homens têm a aprender com a possibilidade de ser mais "multi sei lá o que" com as mulheres também, mas olhe pelo outro ponto de vista: não seria uma delícia desligar as nossas cabeças tão pensantes de vez em quando? 

Vou falar a verdade: até pagaria por ter uns 15 minutos totalmente off, sem pensar em nada. De novo chegamos ao ponto em que só o equilíbrio e a compreensão mútua nos fará caminhar para frente, mas eu ainda defendo que as mulheres precisam se desarmar um pouco que este caminhar aconteça. 


P.S.: Sei que o que vou falar agora pode soar estranho, mas vou falar assim mesmo. Quem me mostrou este vídeo foi meu companheiro, o Edu. Demos risadas e nos identificamos bastante. Mas eu fiquei pensando que, às vezes, quando eu chego em casa, cansada, também quero uns 15, 20 minutos para ficar em silêncio. Não que eu não pense em nada nestes momentos, mas não quero interagir. No fim das contas, imagino, não somos assim tão diferentes. Não é verdade?

domingo, 13 de outubro de 2013

Nossos pais, nossos espelhos para agir melhor.

Uma das coisas que mais me surpreendem nos estudos que realizamos é perceber quanto as pessoas não notam a relevância das crenças paternas e maternas na sua vida e o quanto o exemplo de ambos, os guia.

Entrevisto um número consistente de pessoas ao longo do ano graças aos estudos da behavior. Pessoas comuns ou excepcionais, tanto faz, na hora de falar de si há sempre um grau considerável de ilusão. Engraçado como contam de seus pais e depois da vida deles e acham que estão falando de vidas muito distintas; porém para mim, na maioria dos casos, essas vidas são a releitura moderna da mesma história.

As múltiplas formas de autoconhecimento ajudam a perceber o quanto as crenças familiares e figuras paternas dirigem a nossa vida. Com essa consciência é possível escolher o que iremos incorporar e o que iremos abandonar. Conclui que os mais iludidos são aqueles que acham que se conhecem bastante e não precisam de ajuda. As pessoas que melhor se conhecem, e consequentemente estão mais harmonizadas com elas próprias (leia os posts da semana passada), deixam constantemente a dúvida estabelecida. Sabem que qual uma cebola, a cada descoberta uma camada é retirada mas logo em seguida aparecerá outra. 

Vamos iniciar a semana discutindo um pouco a herança vinda da mãe e do pai. Já discutimos aqui que somos produtos de nossos valores que geraram crenças que conduzem nossas atitudes e atos. Esses valores são transmitido dia a dia, segundo a segundo pelos nossos pais. Incluo aqui aqueles que optaram por abandoar seus filhos. Independente do motivo, estes deixam marcas tão profundas que vejo homens e mulheres tentando superar esse sentimento de abandono por uma vida inteira. 

A visão de mundo que possuímos devemos aos nossos pais ou as figuras que os representam nas nossas vidas. Seguimos essa visão e avaliação do mundo quase que rigorosamente. Alguns de tão apavorados de ser iguais aos seus pais, correm para ser o oposto. Todos tentamos ser o espelho ou negar o espelho. Nossos pais são nossa principal referência.

Pense agora no seus pais. Liste virtudes e defeitos de cada um. Analise as opções que fizeram na vida em relação a família, casamento, filhos, profissão, trabalho, desenvolvimento, crença religiosa... e me diga: o quão próximo ou distante você está? 

Se for corajoso pergunte a três pessoas que o conhecem bem e compare as respostas.
Pense: que tipo de companheiro/ companheira você escolheu? sabe me dizer porque? Lembre, nossas escolhas amorosas refletem muito do que pensamos de nós. Que tipo de trabalho realiza hoje? como lida com as finanças? como lida com a família? com lida com seu lazer?

Quanto mais observamos com lucidez nossos pais, mais poderemos aprender de nós. Poderemos trazer de volta coisas lindas deles que abandonamos pelo caminho só para ser do contra e deixar para atrás crenças que só nos fazem repetir a sina da infelicidade que eles por ventura, carregam.

Para sermos livres e felizes precisamos fazer o exercício do espelho com a história de vida de nossos pais e assim escolher o nosso próprio destino.

Deixo vocês com a foto de minhã mãe, que especialmente nos últimos 2 anos veio perto de mim para eu não fugir do meu espelho.

Boa semana para todos. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sou um elefante que pode voar


Imagine uma mulher bonita, cheia de postura, que anda com as costas eretas deixando claro que se trata de uma pessoa segura e cheia de si. Imagine ainda que esta mulher passe até uma certa arrogância no olhar e uma atitude de eu sou capaz de resolver meus problemas sozinha.  Agora imagine que você tem poderes especiais e pode olhar além daquela postura de confiança e, lá dentro, você se surpreende ao ver uma menina insegura, confusa, frustrada e cansada de carregar esta máscara de mulherão forte, confiante, poderosa. Não é incomum. Pelo contrário, é bem mais fácil que isso ocorra com a maioria das mulheres com este perfil. Como diz Jung, em O Homem e seus Símbolos

“Todos nós podemos sofrer uma dissociação e perder nossa identidade. Podemos ser dominados e perturbados por nossos humores, ou tornarmo-nos insensatos e incapazes de recordar fatos importantes que nos dizem respeito".

Falar de identidade e autoconhecimento é sempre algo fascinante, porém, na prática, ainda é um dos grandes dilemas que enfrentamos no cotidiano.  Sou uma entusiasta do assunto porque durante anos senti que vivia com um “mal-estar” permanente dentro de mim. Era algo que não conseguia explicar e convivia com isso em silêncio sob a máscaras que variavam da boa menina comportada a mulher inatingível. Confundi, muitas vezes, com questões físicas tais como sou gorda, sou feia, sou estranha, sou grande, sou cabeçuda. Outras vezes a tentativa de explicar a sensação era emocional: sou tímida, sou burra, sou inteligente demais, sou incapaz, sou incompreendida. E era mais do que óbvio que, ao achar que tinha descoberto o motivo para tamanha inadequação, agia de alguma forma para tentar amenizar o eterno mal estar. Porém nada do que eu fazia era suficiente. 

Lembro, por exemplo, depois de passar boa parte da vida me achando gorda,  um dia decidi que ia ser magra. Tinha na cabeça um objetivo de peso e não tinha médico ou personal trainer que me convenceria de que o peso que eu considerava ideal era, na verdade, até perigoso para a minha saúde. Quando finalmente cheguei no meu objetivo a frustração foi enorme, pois, a única coisa que descobri é que não tinha encontrado a felicidade por causa disso e ainda sentia a megera sensação de incômodo dentro de mim.  Foi então que me convenci que não existia outro caminho se não o de encarar, de fato, o que era isso que tanto me incomodava. Não com possibilidades vindas de crenças desgastantes, mas com um trabalho sério e focado no autoconhecimento. O que não fazia da mulher que existia dentro, a mesma que existia fora? Quais eram os sinais que eu emitia para o mundo e que não faziam o menor sentido para a minha essência? Um difícil exercício que durou anos. Na verdade nem acabou. Nunca acaba. E o pior: conhecer apenas, não significa abandonar os padrões. O que só dá mais desespero num primeiro momento, pois viver a sua verdade plenamente, muitas vezes, requer uma certa dose de coragem e ousadia. 

Mas a sensação descrita ontem aqui no blog de que além da felicidade passageira existe algo maior que é o contentamento dentro de cada um é vigoroso, pleno, maravilhoso. Vale a pena a busca. E como buscar? Outro dia uma amiga me perguntou isso. Respondi a ela com toda sinceridade: É impossível dizer qual o melhor método. É preciso encontrar aquele que melhor se adequa a cada um. Já fiz de tudo nesta vida: de psicanálise a aura-soma, reike, radistesia, acupuntura, ioga, dança corporal, coaching emocional, etc etc etc. Muitos não passei de algumas sessões, outros continuo fazendo. Mas esta sou eu: curiosa, aberta ao holístico, ao alternativo. Se vai funcionar para a minha amiga? Provavelmente sim e não. Ela precisa experimentar. A única coisa que não podemos fazer é ficar lá, parada, sentido todo a inadequação de estarmos vivendo algo que não somos e nada fazer. Os caminhos se abrem para aqueles que se buscam. Esta é a única certeza que levo no coração.

Termino contando uma historinha que nunca sai da minha cabeça. Um terapeuta me perguntou, certa vez, com que animal eu achava que me parecia ao andar. Eu, sem hesitar, respondi: Sou um elefante!  Pesado, desengonçado, sem charme.  Hoje acho esta resposta engraçada. Não que agora eu consiga me sentir o animal mais encantador do planeta (preciso me trabalhar muito ainda para isso), mas consigo, ao menos, achar que posso ser um pássaro para voar livremente e ir aonde eu desejar. É bom ser pássaro. O elefante, volte e meia, ronda os meus pensamentos e aí penso que poderia ser um elefante voador! Tenho a impressão que o terapeuta acharia que enlouqueci de vez. Mas é divertido ter a leveza de rir de mim mesma. Sinal de que, pelo menos, uma coisa eu aprendi: não preciso ser tão rigorosa e séria o tempo todo. Brincar comigo mesma já foi um grande passo.




sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Celebre o amor!


Nossa dica de hoje tem a ver com o amor romântico - tema que trabalhamos durante toda a semana. A grande reflexão é que o maior desejo tanto de homens e mulheres é possível sim de ser vivido, mas exige uma certa dose de vontade, dedicação, respeito e autoconhecimento. 

Mas o dia hoje é para celebrar este amor. E o nosso convite é para festejar o seu amor escrevendo uma música. Calma. Você não precisa ser compositor. O exercício é colocar no papel alguns versos que expressem em palavras o real significado da sua relação. Mas faça isso em verso mesmo, e não em prosa, pois fica mais fácil. Não precisa de muita poesia. querer parecer romântico ou de palavras bonitas. Precisa de verdade. De sentimento sincero. 

Mas se você ainda não encontrou a sua cara metade, por favor, não desista da nossa dica. Faça uma canção ao seu desejo sincero de encontrar o amor verdadeiro. Palavras ajudam a entender o que realmente você está buscando.


Para trazer inspiração fomos buscar uma pessoa comum. Um senhor que perdeu a esposa recentemente e vez alguns versos para ela. O desejo de celebrar o amor era tão bonito que, no fim das contas, se tornou realmente uma linda música. Assista o vídeo abaixo e deixe a emoção falar por você.

Tenhamos todos um fim de semana repleto de celebrações ao amor!



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

No amor, busque a imperfeição!


Calma! Não se irrite com  título de hoje. Vou explicar, prometo!


Na proposta de dedicarmos a semana ao amor romântico, hoje decidimos falar sobre como construir uma relação que nos acalente e o relato de diversas pessoas sobre a dificuldade para construí-las. Fiquei dias pensando num casal que pudesse servir de personagens para trazer vida ao tema e, claro, pensei em umas 5 ou 6 possibilidades, mas narrando na minha cabeça a história de cada um deles, sempre me vinha a ideia de não era o casal certo. Pensava: “não, esses não têm um casamento perfeito”!

Foi então que entendi: a beleza desta história está justamente nas imperfeições dos casais e não o contrário. Repensando as histórias por este novo ângulo, descobri algo muito interessante: os casais que tenho como base de relações felizes tem um componente comum entre eles: são feitos de pessoas sinceras, que não fecham os olhos para as diferenças reais entre homens e mulheres. E, principalmente usam isso a favor do relacionamento – e não para manipular ou ofender o outro. Como diz Elizabeth Kantor no seu livro A Fórmula do Amor: “esteja disposta a notar que homens e mulheres têm suas vulnerabilidades especiais e suas limitações, mas também têm suas vantagens especiais”.

Lembro do meu ex-sogro que sempre nos falava, no seu tom de professor (o que ele realmente era): “respeito e generosidade é o que vocês precisam para fortalecer um amor”. Vou dizer que ele amava a mulher dele. Amava tanto que não foi capaz de viver sem ela e faleceu poucos meses depois que ela se foi. Sempre achei o casamento deles um exemplo de superação. As diferenças eram muitas, mas eles queriam fazer com que o amor fosse mais importante e acalentavam a relação se nutrindo de verdades e da generosidade de conviver com suas diferenças.

No fim das contas, fazendo este texto, senti, na prática, o que de fato significa a frase: “Bonito não é amar o igual. Bonito mesmo é amar (e aceitar) o diferente”. É isso que realmente aquece nossos corações.

Resolvi ilustrar o texto de hoje com música bonitinha que celebra o amor. Porque coragem se expressar o que se sente também é muito importante para fazer uma relação a dois florescer.