Mostrando postagens com marcador pais e filhos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pais e filhos. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A velha e cansada mãe de 43 anos!

Essa é minha mãe aos 20 e poucos anos. É assim que
eu decidi que ela será para sempre na minha memória!
Hoje é meu aniversário. Interessante falarmos sobre convivência na velhice justo na semana que marca minha passagem do tempo. Meu filho, nas primeiras horas do dia, me desejou parabéns e de forma carinhosamente divertida me disse: “Quarenta e três anos, hein? Está ficando velhinha”. Entrei na brincadeira e respondi com uma frase que minha adora falar: “Sim! Sou sua velha e cansada mãe!” Demos risadas como só duas pessoas em sintonia são capazes de fazer, sabendo ambos, que a brincadeira tem lá um fundinho de verdade.

Quando eu tinha 16 anos meus pais eram um pouco mais velhos do que eu sou hoje. Fazendo as contas rapidamente acredito que minha mãe deveria ter seus 47 anos e meu pai algo em torno de 52, 53 anos. Não lembro de achar que eles eram velhos naquele momento, mas também não lembro de achar que eles eram como eu me sinto hoje. Trata-se de um sentimento estranho este de ser filha e mãe ao mesmo tempo. Pensar nisso me fez refletir: quando é que percebemos que nossos pais, de fato, envelheceram e como reagimos a isso? A constatação de que meus pais ficaram velhos, para mim (e acredito que para meus irmão também) aconteceu não faz nem 5 anos. Foi quando meu pai teve uma queda bem séria, que gerou uma série de consequências deixando-o bastante debilitado. Já minha mãe é outra história: ela tem uma saúde de ferro, mas sua cabeça está cada vez mais nebulosa. Não vou negar que o primeiro impacto ao estar de frente com o fato de que seus pais agora têm limitações é muito chocante. Gera insegurança, medo, vontade de não ter que lidar com isso. Depois vem a fase da impaciência, da incompreensão de que eles não são mais capazes de fazer uma série de coisas físicas e mentais que até então era comuns para eles. Por fim, no nosso caso pelo menos, entramos na fase de tentarmos ser o mais amorosos possível com eles. Sabemos que nosso tempo com eles nesta vida, está cada dia que passa menor e estar ao lado deles é uma bênção que muita gente gostaria de ter. Mas não é fácil. Existe um eterno mal-estar, um reflexo do que seremos. No caso da minha mãe então, a semelhança física é quase um tapa na cara.

Lembrei de um livro que li tempos atrás e fiquei chocada com a semelhança entre a história da minha família e das personagens da história. O livro chama-se Por favor, Cuide Bem da Mamãe e foi escrito pela sul-coreana Kyung-Sook Shin. A história fala de todo processo de lamento, culpa, remorso e luto dos filhos a partir do sumiço da mãe, que desapareceu ao ir visitar os filhos sempre muito ocupados e que moram em Seul.  Toda narrativa mostra os personagens (todos irmãos) apontando falhas em suas relações com a desaparecida e revelando segredos impensáveis. Este livro me trouxe uma nova forma de lidar com o momento de fragilidade dos meus pais velhinhos. Afinal esta é a última oportunidade que teremos, nesta vida, de limparmos tudo aquilo que não importa e vivermos apenas o nosso amor. As limitações físicas (e mesmo mentais, intelectuais) são bem menos importantes para nos apegarmos a isso.
No início do livro a autora coloca uma frase que é muito tocante para quem vive este processo de acomodar o coração diante da velhice dos nossos parentes. Diz assim: 
Ame, enquanto puder amar - Franz Liszt.
É o que me propus a fazer. As limitações da velhice que tanto me chocaram num primeiro momento, a partir deste ponto de vista, passou a não ter nenhuma importância.





sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Um pardal


A dica do finde esta semana é muito simples, mas vai fazer muito bem aos corações. Falamos a semana inteira sobre o delicado equilíbrio das relações entre mais e filhos, portanto, nada mais justo do que fazer um convite para celebrar exatamente isso. 

A proposta é levar seus pais (ou só o pai ou só a mãe ou ambos) para um gostoso passeio. Só vocês, se possível, sem celulares e outras traquitanas. 

Pode ser dar uma volta numa praça, sentar num banco e lá ficar. Não olhando para o relógio com vontade de ir embora cuidar da vida, mas acreditando que a vida está exatamente ali. Falem sobre coisas diferentes, pergunte sobre a vida deles, se mostre interessando. Tenha uma ótima conversa e agradeça por estar ali. 

Se quiser mostre a eles o vídeo abaixo e agradeça pela paciência que tiveram para ter criar.

Uma semana cheia de paz fraternal para todos nós. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Filhas e filhos: as verdadeiras diferenças


Quero começar com trechos de cartas escritas por pais e endereçadas a Mariateresa Zattoni e Gilberto Gillini. As mesmas foram transformadas em temas do livro escrito por eles com o título original  I Genitori si interrogano (tradução brasileira: Os pais se perguntam... A narração como proposta de mudança).  Lá vai:


(...) Ainda bem que tenho Davi, meu filhão de dez anos. Carmela, de oito, é farinha de outro saco. Não liga para nada, é preguiçosa, não move uma palha por ninguém. Já Davi é muito sensível, inteligente, é meu consolo. Pedi a Deus um filho como ele e fui atendida.

Tenho um filho de dez anos, Eugênio, que para mim transformou-se num transtorno, no sentido que vivo mal comigo mesma por causa dele. Entre outras coisas, há um ano e meio dei à luz a sua irmãzinha, que cresce bem alegre, o oposto dele, coitadinho. (...) . Desde que a irmã nasceu ele fica o máximo de tempo fora de casa. Sei porque age assim; é para não ver a alegria de Ana Rosa, que cresce como uma flor. (...) Minha preocupação é que só eu entendo o que Eugênio sente e não mais sei o que fazer para ajudá-lo.

Minha filha Silvia está me levando a loucura. Não posso reclamar de nada, nem do colégio, porque este ano, como das outras vezes, chegará em casa aprovada. Não faço outra coisa a não atender à suas ordens. (...) Cansei de lhe dizer que tenho minhas exigências e que ela tem que aprender a respeitá-las, pois já está crescida e poderia muito bem ajudar um pouco em casa e não se sentar a mesa e torcer o nariz.

Que um simples pai azulejista com um uma professora muita ativa resolva pegar a caneta e escrever-lhe pode parecer um absurdo. Mas sinto-me exasperado. “Se você vive descascando laranja para ele, o que vai fazer da vida sozinho”, digo a ela, às vezes.




Ontem falamos que diversas questões que levam os pais a gostar de forma diferente de um filho para outro e a maioria das histórias acima comprova exatamente isso, usando exemplos muito práticos sobre o tema. Mas algo muito mais preocupante aparece como similares nos diferentes relatos. Você consegue perceber? Sim, todas as narrações falam de filhos (homens) coitadinhos e no, contraponto, temos filhas (mulheres) que são “farinhas de outro saco”- arrogantes e egoístas.

Não é a primeira vez que abordamos este tema, (vide Filhos hoje, homens amanhã e  Amor de mães e filhas, um delicado equilíbrio), mas sempre me impressiono com os relatos que ouvimos nos diálogos do projeto Movimentos Humanos. O tema, como sempre menciono, gera discussões fortes e polêmicas. As mulheres, principal e invariavelmente, falam das diferenças de criação entre elas e seus irmãos homens. É inegável que se trata de um padrão.

Sempre falo que filhos não vêm com manual de instrução e certamente não é possível acertar sempre no que diz respeito a educação. Mas é impressionante ver como mães não conseguem perceber o que fazem com seus filhos, que mais tarde viram exatamente os homens que tanto rejeitamos. Assim como também me parece estranho mães agindo como adolescentes perante as filhas, numa grande queda de braço para decidir quem tem poder nesta relação.

A grande lição que tiro de histórias como as que ilustram o início do texto é como cada indivíduo faz parte do sistema familiar em que está inserido. A experiência que cada um terá nesse sistema vai acompanhá-lo vida afora. Que grande responsabilidade! Mas não há como fugir. É uma relação tão entrelaçada entre os indivíduos que nelas sem encontram, seja na função de pais ou de filhos – ou mesmo ambas, que não há outro caminho se não conviver com ela (seja encarando o assunto, seja deixando guardado debaixo do tapete). Obviamente profissionais qualificados podem ajudar. Literaturas especializadas e com boa reputação também! Mas só nossos corações podem nos dizer e aceitar, humildemente, que precisamos entender para mudar o curso da relação pais e filhos. É trabalhoso, puxado e depende muito do quanto conhecemos a nós mesmos.

Mas é muito bom pensar que meninas podem crescer fortes e com estima equilibrada se encontrar na mãe uma autoridade e não uma autoritária que entra na sua energia competitiva. E o meninos? Ah! Os meninos! Que mundo maravilhoso pode se abrir para eles, um novo tempo mesmo, em que possam viver sem a sombra de ter que ser os machos provedores ou molengas bobos sem personalidade. Depende de nós, pais de hoje, que isso aconteça.



domingo, 13 de outubro de 2013

Nossos pais, nossos espelhos para agir melhor.

Uma das coisas que mais me surpreendem nos estudos que realizamos é perceber quanto as pessoas não notam a relevância das crenças paternas e maternas na sua vida e o quanto o exemplo de ambos, os guia.

Entrevisto um número consistente de pessoas ao longo do ano graças aos estudos da behavior. Pessoas comuns ou excepcionais, tanto faz, na hora de falar de si há sempre um grau considerável de ilusão. Engraçado como contam de seus pais e depois da vida deles e acham que estão falando de vidas muito distintas; porém para mim, na maioria dos casos, essas vidas são a releitura moderna da mesma história.

As múltiplas formas de autoconhecimento ajudam a perceber o quanto as crenças familiares e figuras paternas dirigem a nossa vida. Com essa consciência é possível escolher o que iremos incorporar e o que iremos abandonar. Conclui que os mais iludidos são aqueles que acham que se conhecem bastante e não precisam de ajuda. As pessoas que melhor se conhecem, e consequentemente estão mais harmonizadas com elas próprias (leia os posts da semana passada), deixam constantemente a dúvida estabelecida. Sabem que qual uma cebola, a cada descoberta uma camada é retirada mas logo em seguida aparecerá outra. 

Vamos iniciar a semana discutindo um pouco a herança vinda da mãe e do pai. Já discutimos aqui que somos produtos de nossos valores que geraram crenças que conduzem nossas atitudes e atos. Esses valores são transmitido dia a dia, segundo a segundo pelos nossos pais. Incluo aqui aqueles que optaram por abandoar seus filhos. Independente do motivo, estes deixam marcas tão profundas que vejo homens e mulheres tentando superar esse sentimento de abandono por uma vida inteira. 

A visão de mundo que possuímos devemos aos nossos pais ou as figuras que os representam nas nossas vidas. Seguimos essa visão e avaliação do mundo quase que rigorosamente. Alguns de tão apavorados de ser iguais aos seus pais, correm para ser o oposto. Todos tentamos ser o espelho ou negar o espelho. Nossos pais são nossa principal referência.

Pense agora no seus pais. Liste virtudes e defeitos de cada um. Analise as opções que fizeram na vida em relação a família, casamento, filhos, profissão, trabalho, desenvolvimento, crença religiosa... e me diga: o quão próximo ou distante você está? 

Se for corajoso pergunte a três pessoas que o conhecem bem e compare as respostas.
Pense: que tipo de companheiro/ companheira você escolheu? sabe me dizer porque? Lembre, nossas escolhas amorosas refletem muito do que pensamos de nós. Que tipo de trabalho realiza hoje? como lida com as finanças? como lida com a família? com lida com seu lazer?

Quanto mais observamos com lucidez nossos pais, mais poderemos aprender de nós. Poderemos trazer de volta coisas lindas deles que abandonamos pelo caminho só para ser do contra e deixar para atrás crenças que só nos fazem repetir a sina da infelicidade que eles por ventura, carregam.

Para sermos livres e felizes precisamos fazer o exercício do espelho com a história de vida de nossos pais e assim escolher o nosso próprio destino.

Deixo vocês com a foto de minhã mãe, que especialmente nos últimos 2 anos veio perto de mim para eu não fugir do meu espelho.

Boa semana para todos.