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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Essencial é se aceitar. Mesmo sem cabelos!

Outro dia estava contando a história de uma fatalidade que aconteceu em nossa família para o meu filho. Conforme ele me perguntava coisas e eu respondia (ou tentava) percebi o quanto esta história envolvia as questões de isonomia e poder que temos falado por aqui. 

Trata-se de uma história de amor, não necessariamente com final feliz, mas com o final que foi possível para os envolvidos. Era um casal jovem, bonito, com um grande futuro pela frente. Ele, muito inteligente, era um jovem PHD que já havia morado em diversos lugares do mundo e que adorava estudar. Ela era linda. Tinha os cabelos compridos até a cintura, bem lisos. Era artista.  Era bastante vaidosa também. O marido era mais tranquilo quanto a isso, mas orgulhoso pela mulher que tinha. A vida dos dois era boa. Ainda não tinham filhos, então aproveitavam o melhor que o conforto material poderia proporcionar. 

As coisas mudaram no dia que um aneurisma fez a moça chegar ao hospital quase sem vida. A primeira providência foi raspar os longos cabelos dela, afinal, era preciso abrir a cabeça para que os médicos pudessem salva-la. Ela se recuperou fisicamente, mas teve sequelas que foram difíceis aceitar. Apesar das dificuldades motoras tenho cá para mim que o pior impacto para ela foram os cabelos. Ela odiava aquele novo visual e isso a deixava muito raivosa. O marido foi muito bacana. Como engenheiro mecânico rodou o mundo em busca de soluções que trouxessem conforto a ela e ao seu dia a dia. Para ele, passado o susto, a vida seguia seu rumo e tinha orgulho muito mais orgulho da mulher agora. Fez o que pode para seguir em frente e estava disposto a qualquer mudança para que tudo ficasse bem. Aquilo para ele era só mais um aprendizado. 

Para ela as coisas não eram assim. Ela se sentia inferior, obrigada a depender dele e quanto mais ele tentava faze-la independente mais ela achava que ele a insultava. Se separaram depois de todas as tentativas dele em continuarem juntos. Ela voltou para a casa dos pais onde se sentir subjugada pela sua condição, doía menos. Ele sofreu tudo que tinha para sofrer e seguiu em frente.


Aí você vai me perguntar: o que isso tem a ver com o tema da semana? Vejo nesta história um exemplo de como as coisas podem não funcionar se não aceitarmos os nossos próprios desafios e o dos outros. A revolta da moça pela sua condição e o fato de perder todos os seus símbolos de vaidade e de poder a fizeram refém da situação. Nem o amor do marido que tanto fez pela aceitação foi suficiente. Esta história aconteceu  há quase 20 anos, mas ainda me emociono ao perceber como é difícil para nós, humanos, deixarmos nossa soberba de lado e viver o essencial. E para um relacionamento saudável este exercício é fundamental.  Até rimou. Como se fosse poesia.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Relacionamento amoroso feliz é uma conquista sem competição.

Nas últimas semanas temos falado sobre poder, e qual é o novo poder que está se configurando nas nossas vidas. Nesta semana vou trazer esse tema nos relacionamentos amorosos felizes. No final de semana passada comemorei mais um ano do meu relacionamento amoroso, celebramos onze anos de felicidade, sem nenhum exagero nessa expressão. É comum que pessoas que convivam conosco perguntem qual é o segredo para vivermos esse amor feliz. Sinceramente, não sei se existe um segredo ou uma receita para dar porque cada pessoa é uma história, com suas expectativas, medos e sonhos. Num casal isso é literalmente multiplicado por dois e essa aritmética precisa dar um resultado harmonioso. Não é fácil. Nada fácil. Mas é possível.

Durante o final de semana refleti sobre tantos casos de relacionamentos que tenho ouvido ao longo de meus anos de pesquisadora. Pensei sobre meu relacionamento e o que ajuda a obter essa tão desejada felicidade. O que fica claro - claríssimo vamos dizer - é que viver uma relação amorosa feliz é uma conquista obtida dia-a-dia. Consciente, esforçada e focada. Mas diferentemente do que associamos ao conceito de conquista, nesta, não há competição porque não há - ou não deveria haver - perdedor. E nisto penso que a relação-amorosa-feliz, se aproxima do novo poder, o poder isonômico que vimos falando. 

No novo poder, como temos visto nas últimas semana, a hierarquia é menos relevante, o exercício de poder se faz sem subjugar. A conquista de uma relação-amorosa-feliz, pela minha experiência pessoal e meus estudos me mostraram até agora, está baseada justamente nisso: na isonomia, ou seja, direitos iguais mesmo entre seres bastante diferentes. Há o respeito às diferenças sem querer igualar o outro.

Descompromissadamente, criei alguns pontos aos quais credito a minha relação-amorosa-feliz: o primeiro é o desejo profundo que a relação dê certo e isso ser maior do que nosso ego. A auto-importância torna-se menor. Para deixar claro devo dizer que o que entendo por auto-importância é colocar nosso eu, nossa pessoa e persona na frente de tudo - nossas vontades, nossa opinião, a nossa "verdade". Sei que isso é contrário ao que temos lido por ai. Nas últimas décadas a crença de "ame-se primeiro" tem tomado conta de todo discurso de auto-ajuda. E ele é verdadeiro, porém, no caso de um relacionamento amoroso, o ceder, o deixar o ego de lado em prol do que é justo e correto para a relação, considero fundamental. E para aplicar e praticar a justiça, sem dúvida, o eu fica menor. Não tento convencer e impor o que eu quero, o que me deixa feliz, mas o que - com o distanciamento devido do meu eu - considero justo para os dois. Assim, ambos cedem nos seus devidos tempos e assuntos. E não há sacrifício nisso. 

E aqui vem o segundo ponto fundamental na minha relação: não há vítimas. Ninguém se sacrifica. Não consideramos o sacrifício um honra, um valor, muito menos amor. Amor a dois não implica em sacrifício. Amor, para nós implica dar e receber, ceder sob a ótica que consideramos justo. Se é justo, não é sacrifício. São trocas. Aliás, há muitos anos uma mestre querida me explicou isso: o amor não necessita de troca mas de doação. O relacionamento sim precisa de troca. Compreendi que podemos amar profundamente e optar em não nos relacionar porque essa relação nos machuca. Compreendi também que se sacrificar por amor pode ser um vício, um forma que a pessoa tem para operar no mundo. E essa opção costuma ser bastante manipuladora. É uma forma de poder sobre, como falamos a semana passada, que implica em subjugar alguém. 

O terceiro ponto, ligado, claro, aos anteriores, é que só estamos juntos porque essa relação nos faz feliz. É um círculo vicioso, estamos juntos pela felicidade que temos de estar juntos. Não há nada mais que nos ate fora o amor e a felicidade. Somos independentes, em todos os sentidos, menos na felicidade. Engraçado, não é? Tenho certeza que seria menos feliz sem meu marido. O foco, portanto, é a felicidade, não meu marido nem nossa relação. Mas para obter a minha felicidade preciso da relação amorosa com meu marido para tê-la. Então, como não cuidar desse bem tão precioso? Uso toda minha autonomia e disciplina para obter o que desejo, ou seja, pratico o poder para, que falamos a semana passada.

O quarto ponto que trarei aqui - de uma lista que fiz - tem a ver com o cuidado e o autoconhecimento. Para cuidar adequadamente precisamos nos conhecer e conhecer ao outro. Temos repetido aqui incessantemente a necessidade de autoconhecimento para evolução. Entendendo aqui que a evolução significa para mim, ter maior capacidade de optar consciente o que traz tranquilidade, paz e felicidade. Aumenta nossa capacidade de amar.

Existem milhares de formas de autoconhecimento e, para mim, as mais eficientes, dependem da ajuda de terceiros. Penso que se autoconhecer sem a ajuda de um especialista, independente da linha de atuação, é não querer ir fundo no conhecimento sobre si mesmo. Respeito a opção, até porque compreendi que deva haver muita dor por baixo dessa resistência, mas também aprendi que essa dor é como uma pus que fica latejando e infeccionando tudo ao redor. Uma hora vai ter que abrir e limpar, porque como disse Jung "o inconsciente quando não trazido a luz, vira destino".

Boa semana a todos.


segunda-feira, 31 de março de 2014

Homens, sempre meninos. Uma leveza a ser reaprendida pelas mulheres.

Continuaremos a falar sobre os homens nesta semana, tema que, nós mulheres, adoramos discutir e tentar entender. Como vimos na semana passada, até onde conseguimos compreender nos projetos que conduzimos, os homens não querem a independência mas a liberdade de viver seus momentos que lhe permita alimentar sua alma: um chopinho com os amigos, jogar uma pelada, dormir sábado a tarde – toda a tarde! – entreter-se com games, viajar de moto para sempre voltar, sempre. Como me disse um dos entrevistados do Projeto Homens, “eu sou feliz, livre, na minha gaiola”.

A mulher se irrita profundamente com esse comportamento masculino. Muita desta irritação tem a ver com a sensação de exclusão do universo dele – como assim ele quer ser feliz sem mim? – apoiada na crença romântica que o casal só pode viver a dois o tempo inteiro. Mas outras vezes, a irritação vem do julgamento de irresponsabilidade que a mulher dá a este tipo de atividades: como assim, você vai se divertir se temos tantas coisas a fazer?

Pois é exatamente aqui que a relação azeda. A mulher possui, no meu entendimento, uma habilidade quase genial de realizar diversas coisas ao mesmo tempo – e neste momento não importa as origens desta habilidade. Com isso ela parece ter a necessidade de arrumar o mundo, e, na medida que vai deixando o mundo como ela acha que deve ser, retroalimenta a percepção que só ela é capaz de deixar o mundo perfeito. É quase uma antena ligada ininterrupta que a deixa tensa, vigiante, quase um fiscal. Estudei toda minha infância e juventude num colégio feminino de freiras, a congregação era francesa; creio que por isso carrego comigo a imagem da madre superiora: severa, vigiante quase um policial. É assim que muitas vezes encontro as mulheres, quando as entrevisto.

Se nesse contexto o homem decide, no meio de uma grande mudança, parar tudo para tomar um chopinho… já dá para imaginar que a Terceira Guerra Mundial está prestes a começar. Sinceramente, penso, que ela não começou ainda porque o homem, acostumou a calar e deixar para lá.

Pois é... mas é através dessa atitude de parar tudo para se dar prazer, e que no fundo transmite leveza, que o homem tem ganhado terreno. Uma característica que aos poucos vai ganhando força e reconhecimento. A mulher tem muito a aprender com esse tempo para si e com essa atitude sempre menino que o homem tem e que nós, na behavior, consideramos dois movimentos humanos importantes que estão integrando o casal.

É claro, homens, que essa atitude não pode disfarçar, como em muitos casos, irresponsabilidade e se tornar uma fuga para não enfrentar os desafios da vida e amadurecer. Mas esse é tema de outra semana.

Vamos refletir sobre isso esta semana?

Boa semana para todos.

terça-feira, 25 de março de 2014

os homens querem: liberdade sim, independência não.

Existem algumas crenças em relação ao universo masculino que por estarem tão cristalizadas, geram ruídos nos relacionamentos, só por existirem. Após o Projeto Homens, compreendemos que algumas delas são mais simples de compreender e administrar do que nossa mente quer nos fazer crer. 

Esta semana iremos falar sobre uma delas: a liberdade que o homem disse tanto querer (e ter direito). A reivindicação da liberdade masculina já deve ter gerado alguns bons estresses e até rompimentos. Cada um com sua razão: o homem considerando que tem todo o direito de ser um ser livre, e isso lhe permite a irresponsabilidade; e a mulher que traz consigo a crença que ela sempre será presa - sim, exatamente o oposto - às responsabilidades que deveriam ser compartilhadas. Esta montado o cenário para brigas e ressentimentos.

O que descobrimos no Projeto Homens é que o sentido de liberdade do homem não é o mesmo do sentido de liberdade da mulher. Para a mulher, a liberdade está intrinsecamente associada à independência. Isto se deve a outra crença, a mulher pode não querer nem um pouco, mas ela sabe que sobrevive sozinha. O homem, não.

Portanto, o que vimos no Projeto Homem que a liberdade que o homem tanto busca, é o tempo para si. Um tempo para ele viver suas fantasias, se distrair, sossegar, relaxar, ou simplesmente ficar quieto. Sem falar, nem ter que ouvir ou fingir que ouve para evitar brigas.

Só que é só um tempo porque no próximo ele quer continuar dependente - sim, no sentido emocional do conceito - da mulher e da família que ele escolheu.

Eu sei que este tema dá vários assuntos e discussões, por isso aguardem os desdobramentos.

boa semana para todos.

PS. Ando meio indisciplinada nas últimas semanas mas voltarei a iniciar nosso tema semanal do blog nas segundas-ferias, a partir da próxima semana :)