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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Um amor leve, um amor puro



Falar da separação do meu primeiro casamento ainda não é fácil. Não que exista sofrimento ou algo pendente, pelo contrário: somos pessoas de bem, que só buscaram ser felizes e que têm um objetivo muito maior em comum: passar coisas boas ao nosso filho. Mas por mais que esteja tudo certo, sempre existe aquela sensação de fracasso. Ninguém casa para separar. Eu, pelo menos, penso assim. Durante muito tempo me chicoteei, me punindo e sentindo culpa por uma série de fatores que vieram acompanhados com a separação. 

Hoje já me perdoei. Era imatura, muito jovem, ingênua e, principalmente, chata. Sim, eu era muito chata. Dona da verdade, queria tudo do meu jeito, nunca relaxava, estava sempre arrumando as coisas, querendo tudo certinho, afinal, aquilo ali era coisa séria. Difícil me aguentar. Meu ex-marido era a pessoa mais calma que já conheci (continua sendo), da paz, tudo estava sempre certo para ele, nunca encanava com as minhas neuras. Mas obviamente não havia leveza entre nós. Não estou me culpando por isso. Estou apenas narrando os fatos. Não havia diálogo também – e isso certamente azedou o caldo. 

Mas 15 anos se passaram desde que me separei. Dizem que aprendemos pela dor ou pelo amor. Aprendi pela dor, neste caso. Foram anos tentando entender o que tinha dado errado, mais um par de anos tentando me perdoar e, depois de tudo, eu deveria estar pronta para recomeçar. Mas não foi o que aconteceu. Quando encontrei novamente uma pessoa com a qual gostaria de caminhar pela vida, começou tudo de novo. A chata em ação. E desta vez com um agravante: o rapaz em questão não era a serenidade em pessoa como o primeiro. Este (é) era turrão, cabeça dura, esquentando. Tivemos que fazer nossa relação morrer, para voltar a nascer, literalmente. 

A verdade é que estávamos dispostos a nos amar e encontrar uma saída. Foi assim que a magia aconteceu. Hoje, eu e meu companheiro querido, deixamos a vida leve. Rimos das nossas desgraças tanto quanto dos nossos sucessos. Nos amparamos, nos acolhemos. Este foi um ano difícil para mim. Uma prova de fogo para a nossa relação. A tensão no ar poderia ter deixado tudo insuportável, mas lindamente, a cada obstáculo, encontramos leveza um no outro. Não sei se teria conseguindo passar por tudo que precisei viver se não fosse a boa vontade desta pessoa que soube entender meus momentos mais difíceis. Lembro do dia que ele me disse que estava com saudades da minha gargalhada e que não via a hora de ver isso acontecer de novo. Um dia, sem nenhuma intenção, aconteceu. Gargalhamos sem muito sentido até a barriga doer. Tinha sido mais um dia bem complexo. Talvez o pior de todos, pois meu pai tinha falecido não fazia muito tempo e eu estava doente. Mas a gargalhada veio assim mesmo e, mais uma vez, enchemos nossos corações de gratidão. O que eu posso dizer é que vale a pena tentar. Vale muito a pena. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Alegria. O remédio do amor.

Olá! Após algumas semanas fora - depois eu conto sobre minha viagem a meu país, Peru - estou de volta e trago esta semana um tema para reflexão,  sobre os relacionamentos amorosos. 

É necessário leveza para viver em tempos tumultuados e acelerados. Mas como? Me perguntarão as mulheres -  sempre na busca de fazer seu melhor: "Como? Se estou sozinha tentando levar a família para frente? Pois está ai o grande nó da questão: você não está sozinha. Pode não ter a ajuda que você gostaria de ter. Do jeito que você gostaria- mais uma pista - mas dificilmente estamos sozinhas.

Precisamos, como mulheres, apagar a memória de nossas células de que estamos só e que somos responsáveis - únicas - pela nossa família. Ok, o homem abandona, eu sei. Ele terá que também apagar da sua memória essa crença, mas vamos convir que, hoje, estão cada vez mais surgindo homens colaborativos. Vamos dar espaço a eles?

E mais, vamos aprender com eles a ser leves e rir de nós mesmas, das situações e da vida? Porque a vida, assim como o amor, precisam de leveza para fluir. Como me disse um amado mestre "um casal que não ri junto, é um casal triste".

Vamos refletir sobre isto esta semana?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Ser exatamente quem somos é a chave que abre esta porta



Acordei hoje com uma "pulga atrás da orelha": apesar da mulher atual ser tudo que ela é hoje (fortona, destemida, batalhadora e todas as características citadas no tema da nossa semana) ainda assim, a maioria de nós, não aprendeu a ter auto-estima. E sem ela....não há solução. 

Não importa se você estudou muito, se rodou o mundo, se é presidente de multinacional, se tem tudo que sempre sonhou. Se o seu coração não está em paz com quem você verdadeiramente é, nada vai funcionar. Auto-estima é coisa delicada. É difícil reconhecer, debaixo de tantas vestimentas e máscara, quem realmente se ama e se reconhece de fato. Sei que os homens também sofrem da mesma coisa - não é um mal feminino, mas a sensação que tenho é que com a mulher este assunto ainda é mais intenso e presente.

Auto-estima, não tenho dúvida, é coisa que começa se estabelecer em casa, na criação. Não é apenas o elogio que leva a auto-estima, mas a honestidade de ser destacar as boas qualidades e não valorizar potencialmente os defeitos.

Aliás…o que é defeito? Fico pensando nisso sempre que vou fazer entrevistas de emprego e me pedem para citar as minhas qualidades e os meus defeitos. Sempre acabo confusa porque, no fundo, acho meus defeitos qualidades e minhas qualidades, muitas vezes, soam como defeitos. Portanto temos que aceitar as pessoas como elas são. 

Se falamos sobre a incrível geração de mulheres que foram criadas para ser tudo que os homens não querem, faço um apelo àqueles que criam seus filhos: os aceitem. Mais importante do que criar mulheres para enfrentar um mundo novo e homens para serem vencedores, nós precisamos muito de seres humanos com a auto-estima equilibrada e, acreditem, os pais são fundamentais para que isso ocorra. 

Fecho a semana inteiramente convencida que mais importante do que ser uma mulher moderna ou um homem contemporâneo, precisamos ser nós mesmos.

Deixo para vocês um vídeo que assisti hoje e que fala deste assunto. Muito interessante. Está em inglês, mas é fácil de entender. A diretora do vídeo pede para as pessoas fazerem coisas como "uma garota". Olha a diferença na reação entre as mulheres adultas e as meninas. Esta atitude das jovens meninas é que não pode sumir ao longo do tempo! É disso que estamos falando!




Um final de semana de muita luz para todos nós.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A prática torna tudo mais fácil. Até mesmo o equilíbrio na relação a dois!

Ontem foi um dia exaustivo para mim - tanto emocional quanto fisicamente. Acordei muito cedo, me preparei para uma entrevista importante e, no meio disso tudo, recebi duas notícias que me abalaram. Além disso eu sabia que teria uma agenda cheia no período até à noite.

Não estava fácil e no meio do dia eu já estava tão cansada que fui tomada por um mau humor sem tamanho. Quem me conhece sabe que dificilmente eu fico mal humorada. Mas sei bem que quando a gente está assim, costuma descontar na pessoa que está mais próxima e tentando te ajudar. Quem estava comigo era o meu companheiro de 8 anos. Ele me acompanhou na entrevista apenas para me dar apoio moral e ficou mais de uma hora passeando pelo shopping a minha espera. Isso porque ele tinha feito um treinamento de trabalho na noite anterior e praticamente não havia dormido. Mesmo assim soltei os cachorros nele. 

À noite, depois de toda agenda cumprida, estava sozinha em casa, e muito chateada por ter brigado com ele. Comecei a refletir: sem dúvida eu não tinha motivos para brigar com ele, mas por outro lado, se ele me conhece bem (e conhece) sabe que eu não sou assim. Então também não devo brigar tanto comigo mesma. Foi só um dia difícil. Respirei fundo e liguei para ele. Sem dramas, nem desculpas pedi. Apenas conversei e ele, vendo que eu estava mais calma, falou comigo calmamente, colocou o ponto de vista dele e nos entendemos. 

Não foi sempre assim. Em outros tempos, nem tão distantes assim, um dia como o de hoje teria gerado um estresse e uma briga que duraria pelo menos uns 4 dias. Ele estaria com cara emburrada, eu me penitenciando por ter sido um “monstro”. Mas a maturidade chegou e isso fez muito bem para a nossa relação. Agora a gente não quer mais ter a razão. Eu não quero mais que ele entenda o quanto a minha vida é dura e como é difícil cumprir todos os meus papéis: de mãe, dona de casa, profissional, amiga e blá blá blá. E ele não que me convencer que o problema é a minha arrogância de mulher moderna. Nos aceitamos e, principalmente, nos amamos, verdadeiramente. Ouvimos o que temos a falar e nos acolhemos. Amanhã pode ser ele que esteja de mau humor e assim, compreendemos que todos têm direito a um dia ruim. Bom mesmo é saber que conseguimos chegar neste equilíbrio. 


A escritora Elizabet Kantor escreveu recentemente um livro entitulado A Fórmula do Amor, onde ela usa as personagens de Jane Austen (autora, entre outras obras, de Orgulho e Preconceito) para explicar as diferenças no 

“vamos usar nossa especialidade natural em relacionamentos para abrir nosso caminho no campo minado das vulnerabilidades de homens e mulheres até um lugar onde ambos possam ser felizes”. 

Isso é um conforto quando colocado verdadeiramente em prática!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mas, afinal, qual é a mulher que o homem quer ter ao seu lado?

Desde a semana passada está circulando pelas redes sociais um texto da Ruth Manus, publicado no Blog do Estadão e que, segundo o próprio jornal, já foi compartilhado por mais de 700 mil pessoas. O assunto o próprio título entrega: "A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer”.  No relato sincero e fiel ela descreve a mulher que ela é que, provavelmente, o incrível número de pessoas que interagiu com o texto, também é. Somos, como temos falado ao longo da existência do projeto Movimentos Humanos, a mulher que ela relata já no início do seu texto: 

“Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá.

Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda.

Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar.

Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.”

Qual mulher não se identifica com ao menos uma ou duas características apresentadas neste descritivo? E lá vamos nós falar novamente sobre os conflitos que se inicia, muitas vezes, por conta do que somos hoje para a sociedade. Ao longo do texto ela expressa o outro lado desta mesma moeda e diz assim: 

"Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?"

Nós do Movimentos Humanos ficamos felizes quando esta discussão ganha a proporção que este texto tomou, pois é a prova do quanto o ser humano precisa e quer debater o assunto. É desta reflexão que conseguiremos caminhar para frente: entendendo e assegurando o papel da mulher no mundo, mas compreendendo as consequências que impacta a sociedade como um todo, incluindo o próprio feminino.

A solução para encontrar um ponto de equilíbrio entre a mulher que somos hoje e o homem que consegue entender e acompanhar esta mulher só pode passar pelo diálogo, pelo amor e pela boa vontade de todos os nós. Vamos falar sobre este assunto, mais uma vez, esta semana. 

Post do jornal O Estado de São Paulo falando
sobre a crônica que inspirou a discussão da nossa semana



terça-feira, 20 de maio de 2014

Acordar o Herói que existe em cada um

Na semana passada assisti o filme Orgulho e Preconceito de Joe Wrigth e me senti tocada pela força dos personagens Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy. Tudo a ver com o tema que começamos a falar a semana passada, o desejo crescente da população pela volta de valores mais profundos no dia-a-dia. Na época do lançamento do filme as mulheres saiam do cinema sonhando em encontrar seu Mr Darcy, mas poucas se davam conta que para ter o direito a um Mr Darcy, primeiro tem que ser uma Lizzy Bennet.

Os personagens principais transmitem a intensidade com que vivem a sua verdade, por isso cativam, por isso tornam-se aspiracionais. Ao longo de meus anos de pesquisadora tenho ouvido de homens e mulheres, repetidamente, o desejo de encontrarem o par leal, alguém em quem confiar, e com isso poder amar de "verdade". Porém, também tenho percebido a dificuldade que a grande maioria tem de ser essa pessoa que tanto desejam para si.

Os personagens criados pela escritora Jane Austen (1775 - 1817) no seu livro homônimo, são pessoas que mantém sua verdade interior, independente da sociedade, independente dos interesses envolvidos. Todos nós queremos um mundo melhor. Todos nós queremos poder confiar e poder viver uma relação saudável, manter relações honestas, integras mas, quanto de nós somos íntegros com a nossa verdade, no dia-a-dia? Sinceramente, creio que poucos. Falamos dos outros mas pouco olhamos para nós.

Ser íntegros exige coragem. E coragem exige confiança. Uma coisa tenho certeza, quanto mais abrimos mão de valores nobres na nossa vida, sendo estes importantes para nós, menos auto-estima desenvolvemos. E quanto menos auto-estima desenvolvemos, mais vergonha, no íntimo, temos de nós. A partir de ai, há vários caminhos que seguimos: diminuímos os outros com críticas nivelando todos ao pior para nos sentir melhor; invejamos, sentimos raiva do mundo, das pessoas e especialmente dos mais fortes e que nos parecem íntegros. Há vários anos uma grande mestra me disse: "a raiva começa sendo sentida contra si mesmo". Sabias palavras. 

Aprendi com a vida e as pessoas sábias que cruzaram e cruzam meu caminho, que todo fraco e frágil ser humano tem um herói adormecido. Pode crer. Eu creio. Só é preciso querer acordá-lo e para isso é necessário olhar para nós e menos para os outros. É preciso começar nas pequenas coisas do dia-a-dia. Nas relações cotidianas para fortalecer esse herói que nos faz sonhar. E para isso acontecer é só começar. Que tal iniciar hoje?

Boa semana a todos.   





quinta-feira, 17 de abril de 2014

Nelson Rodrigues entendeu tudo

Tempos atrás fui com uma amiga buscar uma encomenda na casa de uma senhora (amiga das antigas da sua mãe). Era um sábado, logo após o almoço, e a vila simpática em que morava estava um silêncio só.  Ela  veio nos receber feliz e amorosa, mas falando bem baixinho, quase sussurrando. 

Quando entramos ela fez sinal para falarmos como ela, pois "ele" estava dormindo. Intuí que "ele" era um netinho e comecei a falar bem baixinho, afinal, não queria acordar o pequeno. Sentamos na sala e entre uma conversa e outra, ela falava algo "dele". 

Ele anda tão fraquinho. Ele não come mais como antigamente. Ele... ah...coitadinho

Comecei a ficar com o coração apertado pensando se tratar de uma criança doentinha. Então "ele acordou". Veio andando sozinho do quarto. Mas para minha surpresa "ele" era o marido dela! 

Ela, aliás, enquanto eu me surpreendia, já estava na cozinha preparando um café, para ele, claro. Enquanto isso o senhor atravessou a sala arrastando os chinelos, nos cumprimentou à distância, sentou-se confortavelmente numa poltrona e ligou a TV. Parecia um rei em seu trono. 

Ela serviu o café. Ele perguntou se não tinha bolo. Ela mais do que depressa lhe trouxe uma generosa fatia de bolo. Quando percebeu que ele havia se acalmado, voltou para a sala e gentilmente nos ofereceu café e bolo. Mas já não era mais aquela senhora falante e relaxada. Uma tensão se estabeleceu no ar e a visita encerrou-se rapidamente.

Sempre quando lembro desta história penso que poderia se tratar de uma peça de Nelson Rodrigues. Mas hoje, depois de uma longa conversa com a Nany, eu entendi que o comportamento deste casal não é exatamente um conto e sim, uma realidade bem comum. Sabe-se lá por que, mas nós mulheres, tendemos a apoiar esta situação do homem tão fraquinho, desamparado, tão coitadinho. E não acontece só com casais mais velhos não. Nunca havia me dado conta até hoje, mas é muito comum mesmo, inclusive com casais mais jovens. Tenho amigas que tratam os seus maridos como filhos frágeis. Sempre existe um motivo.

Coitado! trabalha tão longe. Coitado! está doente. Coitado! sofreu tanto naquela firma. Tadinho! Ele sai tão cedo de casa que eu nem me chateio de acordou UMA HORA antes que ele para fazer uma comidinha para ele levar.

Não estou falando de mulheres dependentes não. Estou narrando casos de mulheres fortes e decididas, porém dispostas a fazer concessões de todos os tipos em nome do companheiro tão "coitadinho". Não é à toa que "concessão" é um substantivo feminino!

Fico confusa com isso. Nós reclamamos tanto dos homens bobões, sem atitudes, incapazes e, no entanto, o achamos coitadinhos? Estranho, não? Será que não é hora de deixarmos nossos rapazes caminharem com mais autonomia e atitude? 

Fiquei aqui pensando que seria legal se o senhor acordasse um dia desses e, simplesmente, a amiga da minha amiga tivesse se evaporado, sem deixar nem um bilhetinho explicando o sumiço. Será que ele faria o seu próprio café? Bolo eu tenho quase certeza que não faria. Nelson Rodrigues, eu creio, iria divertir-se com essa virada de mesa da senhora. E eu também!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Poupamos homens por que os consideramos mais fracos? Reflexões sobre a educação de nossos filhos

Sem dúvida temos falado nas últimas semanas sobre temas espinhosos para os relacionamentos amorosos mulher-homem. O objetivo é gerar reflexão sobre nosso comportamento e compreender que uma crise na relação tem responsabilidade em ambos. Um comportamento alimenta o outro. Para mudar, é necessário alterar o que pertence ao nosso comportamento que alimenta o circuito negativo do casal. Não adianta olhar somente para o que o outro está fazendo. É mais produtivo e saudável olhar e refletir sobre a única coisa que temos controle: nosso comportamento.

Esta semana vamos aprofundar no tema da semana passada: a atitude masculina em relação a não assumir suas responsabilidades, em muitos casos, ancorado na quase adolescente atitude de querer fazer o gosta e não no que que deve. De onde vem esta atitude?

Compreendemos durante os Projetos Mulheres e Homens conduzido pela Behavior que existem dois principais motivos para isso acontecer: o primeiro, mais antigo e profundo é que os homens são criados para terem direitos "especiais". Há uma crença que nos invade e permanece, que o homem ocupa - e merece ocupar - um lugar de destaque na sociedade. Por mais que nós mulheres, lutemos contra isso nas nossas relações afetivas, tenho entendido que na hora que somos mães transmitimos essa crença mesmo que sem dar-nos conta. Por que criamos filhos homens diferentes das filhas mulheres? Por que poupamos nossos filhos dos trabalhos e das obrigações de pertencer a uma família? Por que incentivamos na menina o desejo de superação e responsabilidade e com os homens somos mais condescendentes? Por que, ainda hoje?

O outro motivo é uma crença tão daninha quanto a outra, que considera o homem mais fraco que as mulheres, mais frágil. Todos podem dizer que "imagina!" mas pense bem: porque poupamos o homem dos trabalhos chatos, pesados, sensíveis, difíceis? Porque as mulheres podem encarar vários desafios e dar conta e esses mesmos desafios o evitamos para os homens?

Considero que há uma certa desconfiança que o homem irá dar conta. Essa crença vem desde a criação dos pais. Pais sempre poupam e protegem o filho mais fraco. Mesmo que inconscientemente. É um instinto natural de preservação, mas peço para refletir sob a seguinte ótica: essa proteção reforça a crença em todo o núcleo familiar da fraqueza do poupado. Ninguém fala disso, mas todos no fundo no coração, sentem. Criar um filho confirmando sua franqueza, ainda pelos próprios pais, podem ter certeza que irá definir boa parte de seu destino.

Muitos filhos homens são criados sob a sina do ser o mais fraco em relação as irmãs. Eles ganham na ilusão do ego a sua base de autoestima. Tornam-se vaidosos e condescendentes consigo mesmos. Se acham reis de um reino ilusório e vivem a vida achando que a vida lhes deve e que devem fazer só o que gostam. 

Por verem quanto os pais permitem tudo - ou quase tudo deles - confirmando sua fraqueza - vão assim alimentando a falsidade de sua identidade. A vaidade neste caso, no fundo, entendo eu, guarda uma profunda dor de se crer o pior - reforçado pelos próprios pais e o núcleo familiar mais próximo.

Aos fracos deveríamos dar vitaminas e expor, com cuidado, mas consistentemente. Ir empurrando à vida, para ele próprio ganhar autoestima e autoconfiança verdadeira, embasada no seu valor. Confie no seu filho e deixe ele voar. Deixe ele ter os arranhões que a vida dá mas que são importantes para conseguirmos nos saber fortes e vencedores. Faça ele assumir suas responsabilidades e pagar os preço de suas escolhas. Enfim, deixe ele crescer. 

Há algum tempo vi no meu jardim uma cena que me trouxe claramente essa reflexão: um passarinho muito pequeno chegou numa árvore através de um vôo descontrolado e incerto. Ele se balançava no galho com notável instabilidade. Logo em seguida chegou a mãe. Eles piavam sem parar. A mãe balançava o corpo como mostrando ao filhote e se lançava no ar. O filhote balançava mas não se soltava do galho. A mãe voltava e fazia tudo de novo. Foi assim umas três, quatro vezes e o filhote nada de voar. Até que na última vez ela fez o movimento de sempre e esperou, ao ver que o filho só se balançava e não soltava as garras do galho, sem duvidar, o empurrou. O filhote saiu voando quase que em queda livre. A mãe ao lado acompanhava a queda piando. Até que perto do chão - bem perto para meu desespero - ele conseguiu bater as asas firmemente e subir em direção à liberdade. 

O filhote poderia ter morrido na queda, mas a mãe sabe que se ele não aprender a voar, ele irá morrer de qualquer maneira rapidamente. Isso, para mim, é uma grande demonstração de amor. Confie no seu filho, no seu homem. Faça isso por ele e por você.

Boa semana, boa Páscoa para todos. Que este renascimento de Cristo, independente da sua crença religiosa, traga o fortalecimento do amor incondicional em você.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Com amor, compreensão e respeito fica fácil


Outro dia um amigo me ligou dizendo que precisava de um conselho: ele estava totalmente oprimido e infeliz na empresa onde trabalhava. Tentou dizer a mulher que ia pedir demissão naquele dia e ela, conhecendo os impulsos do marido, ameaçou dizendo que se separava dele, caso ele tomasse essa decisão assim, sem planejamento. 

Ele estava entre a cruz a espada, já que não tinha nenhuma intenção de se separar. Mas também não conseguia encontrar mais forças para continuar seguindo em frente. Como era a semana do carnaval, e ele trabalha numa cidade e mora em outra (onde fica a esposa e os filhos), disse a ele para respirar fundo e nada fazer durante esta semana. Ele teria muitos dias de folga pela frente para conversar pessoalmente com a mulher. Eu tinha certeza que ela entenderia que o caso era bem sério e que eles encontrariam uma solução juntos, movido pelo amor que sentem um pelo outro. 

Foi legal porque ele fez isso e depois do carnaval pediu uma oportunidade na empresa, para trabalhar como fornecedor deles - e não mais como empregado. Eles estão negociando os termos desta parceria ainda, mas ele está mais feliz e casado. Isso me faz pensar que para tudo existe uma solução. Só é preciso mesmo agir como adultos.

Eu gosto sempre de ter uma história positiva para contar sobre o tema da semana, pois fica mais fácil quando não só a gente identifica com o tema, mas sente - profundamente - que sempre existe uma saída. 

Nada precisa ser tão difícil e doloroso. Precisa ser trabalhado, ter amor, compreensão e responsabilidade, claro. Mas é sempre mais fácil quando vemos luz no fim do túnel. Concordam?

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Homens irresponsáveis, casamentos difíceis

A Nany iniciou o tema da semana falando sobre o ser humano e a pergunta: o que é ser homem para você? Ela termina o texto chamando a atenção para o lado masculino da irresponsabilidade e que nada tem a ver com a leveza (abordado na semana passada) . 

Vem bem a calhar, pois na última sexta-feira, num happy hour com uma amiga, falávamos sobre este assunto. Ela estava admirada com o fato de ter uma quantidade grande de amigas que passavam pela mesma situação: o marido irritou-se com o trabalho e simplesmente demitiu-se, sem nenhum preparo emocional, estrutural ou financeiro. E agora, a maioria, está há pelo menos 6 meses sem trabalhar. Alguns casos chegam há um ano ou dois. E lá estão as suas lindas esposas ralando de trabalhar e segurando a casa financeiramente. 

Isso lembra a minha mãe. Pois é! Estamos falando de um atitude bem masculina, mas a primeira coisa que me passa pela cabeça é uma frase que minha me disse várias vezes na vida: “No trabalho (e na vida também) a gente tem que aturar e engolir muitos sapos, não adianta pedir demissão a cada contrariedade". Quando era menina (recém saída da faculdade), época em que ela me falava isso, achava um absurdo este pensamento. Para mim, as pessoas não devem viver infelizes e pressionadas. Interpretava aquela afirmação como um “aceite a opressão”. Hoje entendo o real significado da frase. Ninguém precisa ficar num emprego oprimido, que faça mal, que tire o sono, a saúde e a vontade de viver. Mas se você é pai (ou mãe), têm filhos que dependem de você, financia uma casa (que é o lar da sua família), têm bocas para alimentar é preciso um certo planejamento para sair de um emprego. É a parte ônus da história, afinal. 

Conheço uma meia dúzia de casos de homens que passaram dois, três, dez anos se organizando financeiramente. Além disso buscaram ajuda de um coach ou headhunter para mudar a situação e foram a luta em busca de nova uma oportunidade. Alguns tornam-se empreendedores. Demorou para conseguirem o que queriam? Como disse: dois, três, até dez anos. Mas eles tinha um plano definido e uma meta que os alimentavam. 

Infelizmente foram poucos os que eu eu vi fazendo isso. A grande maioria faz como os amigos da minha amiga. Tolerância zero: não aguento o meu chefe, a minha "firma", o trânsito, sabe-se lá mais o que e simplesmente dizem adeus sem nada planejar. Alguns nem comunicam a mulher antes! Fácil quando a esposa trabalha e passa a sustentar a casa. Na verdade era para ser algo equilibrado, onde os dois trariam o melhor para a família e, de repente, lá está ela correndo atrás e o bonitão bagunçando a casa. Porque ainda tem isso, né? Muitos até aceitam inverter os papéis por um tempo, cuidam da casa e das crianças. Mas já ouvi histórias absurdas de maridos que, sem emprego, não são capazes de ajudar nem com as crianças e ainda deixam a casa um caos. E depois ainda querem sexo à noite e reclamam que a mulher não tem desejo. Difícil, né? 

Agora tem um grupo de casais que combinaram isso: o marido não tem mais condições físicas e emocionais para continuar e muito menos para planejar uma saída a médio/longo prazo. Infelizmente o mundo corporativo tem feito isso com muitas pessoas que se deixam intoxicar por ambientes, muitas vezes, nocivos. Então a mulher entende e ambos combinam um período onde ela vai assumir financeiramente a casa e ele vai atrás de ajuda para se fortalecer e voltar a ativa. De fato eu conheço apenas uns dois ou três casais nesta situação, mas isso prova que dá para ter uma relação madura quando ambos estão dispostos e abertos ao bônus e ônus que a vida nos traz. 



segunda-feira, 7 de abril de 2014

O que é ser homem para você?

Assisti ao filme Noé esta semana e há duas definições do que é ser homem ditas no filme: a primeira vem de Noé que diz para seu filho "seja homem e faz o que tem que ser feito" dentro de um contexto de abrir mão dos sentimentalismos e preferências pessoais para fazer aquilo que é necessário em prol de algo maior. 

A outra definição vem de outro personagem - e vou me deter nas descrições para não estragar o filme para quem não o viu ainda - que após ver um jovem matar um homem disse: "agora você é um homem". Duas definições bastante distintas para a mesma coisa: ser homem.

Há aqueles que consideram ser homem (e embora no filme refere-se ao gênero masculino, aqui coloco no sentido de ser humano), "matar" alguém. Usam do poder - seja econômico, cultural, educacional ou físico - para se impor. Como se isso os torna-se valentes. Precisar que o outro se renda é para quem ainda não entendeu que a vida não é uma competição e que ser alguém e estar na terra feliz não depende do outro. Na psicologia se compreende que a competição como estado de espírito demostra imaturidade, porque se depende do outro para ser alguém. A competição é comum nas crianças e nos adolescentes e se espera que num adulto saudável, que vai ganhando consciência de seu próprio ser e com isso segurança, diminua até desaparecer.

A consciência de quem se é pode ou não trazer orgulho de si mesmo. Uma das crenças que me regem é que a força que nós sustenta nos momentos mais difíceis da vida, vem de saber que desenvolvemos a capacidade interna de dominar nossos próprios desejos e vontades. E isso se desenvolve na medida que fazemos "o que tem que ser feito" como disse o personagem Noé. Sem crise, sem sacrifício, sem nos vitimizar.

Assumir e cumprir nossas responsabilidades. Mesmo que a gente não goste de fazer. Parar de achar que a vida nos deve e que temos direito - irrestrito - ao prazer e só fazer o que nós gostamos. Querer só o bônus e não o ônus de estar vivo é virar adulto.

Quando fazemos o que é certo para nós, não necessariamente o que é bom para nós, costumamos ficar mais alegres conosco. Orgulhosos de quem somos e não necessariamente de quem representamos ser. E ai, penso eu, é que nos tornamos homens.

Infelizmente, os homens, e aqui sim eu me refiro aos do sexo masculino, têm misturado os momentos de escape e leveza (positivos) do qual falamos a semana passada com a irresponsabilidade. Criados muitas vezes se achando que o mundo está para eles, como o reino para o rei. Negam-se a fazer o lado chato da vida. Ao não assumir suas responsabilidades, deixam de cumprir a suas promessas dadas. Com isso, vai se gerando um processo de auto-estima alicerçado no ego - se achar muito importante - que o deixa fraco e frágil. A roda do espiral negativo está armada. Quanto mais fraco ele se sente, mas ele se alicerça na ilusão de sua auto-importância.

Tema denso, após Noé. Mas vale pena refletir sobre valores mais profundos esta semana. Para quem se interessar, aqui vai um pouquinho do filme.







Boa semana a todos. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mãe é chata: manda tomar banho. Pai é legal: joga video game.

Uma das frases que mais ouvi do meu pai a vida toda foi: “não sofra por antecipação”. Às vezes eu retrucava dizendo: “então me ensina a fazer isso”. Ele dava uma risadinha e dizia: “simplesmente não sofra”. 

No fundo eu tenho a impressão que ele sabia que era impossível ensinar isso para uma mulher. Pensando sobre o assunto, e olhando alguns exemplos do dia a dia, me vem a cabeça que juntar seriedade com leveza é coisa que não veio mesmo no DNA feminino. Eu não tenho nenhum embasamento científico para dizer isso, mas tenho fatos. Normalmente nós, mulheres, encaramos tudo com muita seriedade. No trabalho então…é quase que um pecado corporativo para nós misturarmos o momento de trabalhar com diversão. Não estou falando que a gente não dê risada e não se divirta, mas no fundo, a gente gosta de separar as coisas. É como se para nós tudo tivesse a sua hora. Hora de brincar é de brincar. De trabalhar é de trabalhar e assim por diante.

Isso me faz lembrar um ponto levantado no Projeto Homens. O homem contemporâneo tem estado meio confuso sobre seu papel e um dos lugares onde ele agora encontra um certo canal para ser útil é como pai. Isso porque ele consegue entrar no universo infantil e brincar com seus filhos muito mais do que as mulheres. Fala a verdade, especialmente se você for mãe: brincar com o filho você até brinca, mas não é exatamente aquela coisa de soltar a imaginação, se jogar no chão e se deixar levar. 

Tenho feito algumas pesquisas a respeito, em função de um possível negócio que pretendo lançar e conversando com as mães, elas sempre me dizem que gostam de brincar de pintar, montar kits e coisas assim com os filhos. Ou então ir ao teatro, shows, parques…essas coisas. Poucas mães conseguem realmente se entregar, na verdade. Porque, afinal,  mãe é mãe. É coisa séria. É isso que eu escuto elas falarem ao argumentar sobre o que gostam de fazer com seus filhos.

Ainda não se convenceu? Então me diga: quantas mulheres, na faixa de 30 anos ou mais, curtem video game. Poucas. Bem poucas. Meninas mais novas, amam. Mas mulheres, não gostam. Agora te pergunto: quantos homens na mesma faixa de idade adoram video games? Até os que não têm filhos amam. 

Mas e daí? E daí que a gente deveria começar a praticar um pouco mais a mistura de seriedade e diversão. Rir de si mesma. Descontrair no meio de uma apresentação séria. Dar uns gritos de vez em quando brincando com os filhos de pega-pega dentro de casa. Você vai continuar sendo respeitada e séria do mesmo jeito. Tenha certeza disso! 


No fim das contas, eu fico me perguntando: por que mesmo a gente tem que ficar com esse rótulo de ranzinza e chata enquanto os meninos se divertem?

segunda-feira, 31 de março de 2014

Homens, sempre meninos. Uma leveza a ser reaprendida pelas mulheres.

Continuaremos a falar sobre os homens nesta semana, tema que, nós mulheres, adoramos discutir e tentar entender. Como vimos na semana passada, até onde conseguimos compreender nos projetos que conduzimos, os homens não querem a independência mas a liberdade de viver seus momentos que lhe permita alimentar sua alma: um chopinho com os amigos, jogar uma pelada, dormir sábado a tarde – toda a tarde! – entreter-se com games, viajar de moto para sempre voltar, sempre. Como me disse um dos entrevistados do Projeto Homens, “eu sou feliz, livre, na minha gaiola”.

A mulher se irrita profundamente com esse comportamento masculino. Muita desta irritação tem a ver com a sensação de exclusão do universo dele – como assim ele quer ser feliz sem mim? – apoiada na crença romântica que o casal só pode viver a dois o tempo inteiro. Mas outras vezes, a irritação vem do julgamento de irresponsabilidade que a mulher dá a este tipo de atividades: como assim, você vai se divertir se temos tantas coisas a fazer?

Pois é exatamente aqui que a relação azeda. A mulher possui, no meu entendimento, uma habilidade quase genial de realizar diversas coisas ao mesmo tempo – e neste momento não importa as origens desta habilidade. Com isso ela parece ter a necessidade de arrumar o mundo, e, na medida que vai deixando o mundo como ela acha que deve ser, retroalimenta a percepção que só ela é capaz de deixar o mundo perfeito. É quase uma antena ligada ininterrupta que a deixa tensa, vigiante, quase um fiscal. Estudei toda minha infância e juventude num colégio feminino de freiras, a congregação era francesa; creio que por isso carrego comigo a imagem da madre superiora: severa, vigiante quase um policial. É assim que muitas vezes encontro as mulheres, quando as entrevisto.

Se nesse contexto o homem decide, no meio de uma grande mudança, parar tudo para tomar um chopinho… já dá para imaginar que a Terceira Guerra Mundial está prestes a começar. Sinceramente, penso, que ela não começou ainda porque o homem, acostumou a calar e deixar para lá.

Pois é... mas é através dessa atitude de parar tudo para se dar prazer, e que no fundo transmite leveza, que o homem tem ganhado terreno. Uma característica que aos poucos vai ganhando força e reconhecimento. A mulher tem muito a aprender com esse tempo para si e com essa atitude sempre menino que o homem tem e que nós, na behavior, consideramos dois movimentos humanos importantes que estão integrando o casal.

É claro, homens, que essa atitude não pode disfarçar, como em muitos casos, irresponsabilidade e se tornar uma fuga para não enfrentar os desafios da vida e amadurecer. Mas esse é tema de outra semana.

Vamos refletir sobre isso esta semana?

Boa semana para todos.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Uma relação séria é sinônimo de falta de liberdade?

Pensando no tema desta semana, me lembrei de um filme bem bobinho (mas bem bobinho mesmo!) que está em cartaz nos cinemas brasileiros chamado Namoro ou Liberdade,no original em inglês, That Awkward Moment

Trata-se do gênero comédia romântica em que três amigos, após sofrerem desilusões amorosas, resolvem celebrar a "galinhagem" por toda a vida. Porém não é preciso avançar muito no filme para descobrir que, no fim das contas, eles vão se apaixonar por outra menina e toda a promessa de liberdade eterna (ou independência eterna) vai por água abaixo. É aqui que começa aquela coisa água com açúcar toda. 

Até aí tudo bem. O incrível é como ainda faz sucesso a fórmula do príncipe encantado e a menina dos sonhos do fetiche masculino. Sejamos honestos: qualquer pessoa que já se relacionou no mundo real, sabe que a vida não é tão cor de rosa e que os meninos não são príncipes e nem as meninas são tão moldadas para gostar de tudo que você, meu caro rapaz, faz. 

Foi neste ponto que eu deixei meu lado crítico de cinema de lado - que aliás não é de forma alguma um talento que tenho - e entendi: ali tem o sonho, o desejo, a ilusão. O aspiracional talvez. Os casais assistem ao filme, sonham com a relação fofa. O homens curtem a parte da galinhagem, ou seja, a suposta liberdade e as meninas suspiram quando eles abrem mão do vidão em nome do amor.Tudo isso ali no escurinho e depois vão para casa viver suas vidas. E tudo bem! Ninguém precisa mesmo viver apenas de realidade e, afinal, o cinema se propõe, antes de mais nada, a entreter. 

De qualquer forma é válido como reflexão a respeito da liberdade e da independência - e o que extamente homens e mulheres desejam e sentem a respeito do tema. Chamo este gênero de filme de domingo: gostoso para relaxar e dar uma risadas. Como o fim de semana está chegando pode ser uma boa pedida para o seu domingo. Só não espere uma obra prima digna de Oscar. Trata-se de outra coisa.

Confira o trailer abaixo:

terça-feira, 25 de março de 2014

os homens querem: liberdade sim, independência não.

Existem algumas crenças em relação ao universo masculino que por estarem tão cristalizadas, geram ruídos nos relacionamentos, só por existirem. Após o Projeto Homens, compreendemos que algumas delas são mais simples de compreender e administrar do que nossa mente quer nos fazer crer. 

Esta semana iremos falar sobre uma delas: a liberdade que o homem disse tanto querer (e ter direito). A reivindicação da liberdade masculina já deve ter gerado alguns bons estresses e até rompimentos. Cada um com sua razão: o homem considerando que tem todo o direito de ser um ser livre, e isso lhe permite a irresponsabilidade; e a mulher que traz consigo a crença que ela sempre será presa - sim, exatamente o oposto - às responsabilidades que deveriam ser compartilhadas. Esta montado o cenário para brigas e ressentimentos.

O que descobrimos no Projeto Homens é que o sentido de liberdade do homem não é o mesmo do sentido de liberdade da mulher. Para a mulher, a liberdade está intrinsecamente associada à independência. Isto se deve a outra crença, a mulher pode não querer nem um pouco, mas ela sabe que sobrevive sozinha. O homem, não.

Portanto, o que vimos no Projeto Homem que a liberdade que o homem tanto busca, é o tempo para si. Um tempo para ele viver suas fantasias, se distrair, sossegar, relaxar, ou simplesmente ficar quieto. Sem falar, nem ter que ouvir ou fingir que ouve para evitar brigas.

Só que é só um tempo porque no próximo ele quer continuar dependente - sim, no sentido emocional do conceito - da mulher e da família que ele escolheu.

Eu sei que este tema dá vários assuntos e discussões, por isso aguardem os desdobramentos.

boa semana para todos.

PS. Ando meio indisciplinada nas últimas semanas mas voltarei a iniciar nosso tema semanal do blog nas segundas-ferias, a partir da próxima semana :) 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Conte a melhor versão da história e siga em frente!


Ontem assisti ao filme HER (Ela) do diretor Spike Jonze e saí do cinema com sensações bem estranhas. Não sou especialista no assunto, embora adore cinema, e por isso acredito que filme bom é aquele que te segue. Ou seja, faz você refletir por algumas horas, dias, semanas. No caso de HER, o filme é sensível, tem uma bela fotografia e é bem angustiante em alguns momentos - pelo menos para mim. Resumidamente a história é a seguinte: um escritor (de cartas), atravessando uma fase bem depressiva e solitária da sua vida, compra um sistema operacional e começa a desenvolver uma relação, digamos, inusitada, com o tal SO (ou seria “a tal?”). Sobre o filme em si é isso que tenho a dizer e fica a dica que em tempos em que nos relacionamos cada vez mais com as pessoas através dos tinder, whatsapp, facebook e outros tantos aplicativos da vida, vale a pena ver para onde podemos nos encaminhar num futuro bem próximo. 


Mas vou buscar inspiração em HER para falar de um assunto secundário no enredo, e totalmente protagonista no nosso tema da semana. O fim de uma relação amorosa (ou o recomeço de um novo momento para as duas pessoas que se separam). No filme, o motivo da depressão do protagonista é o fim do seu casamento. Ele não consegue seguir sua vida adiante. O interessante é que trata-se de um homem sensível, com o incrível dom de expressar sentimentos em palavras escritas. Sentimentos de outras pessoas, que ele nem conhece - que fique claro. No seu trabalho, ele escreve cartas de homens apaixonados para as mulheres amadas, de maridos para esposas, de pais para filhos e toda espécie de relação. Para alguns clientes, ele faz isso há anos, conhecendo detalhes das pessoas envolvidas. Mas quando se trata da sua própria vida e de expressar os seus próprios sentimentos ele é simplesmente incapaz de fazê-lo. E ele tem total consciência do que pôs fim ao seu casamento. E mesmo assim ele simplesmente não consegue agir. Quem já não passou por situação semelhante que atire a primeira pedra! 

O fim de um relacionamento me parece ser um dos mais difíceis recomeços. Por isso é tão difícil de expressar e, muitas vezes, é paralisante.  A vida só segue porque o mundo não nos dá um tempo e continua tocando em frente. E com toda a energia que envolve a situação, é bem comum nós "empacarmos" e ainda não deixar a vida do outro também fluir. É preciso consciência e muito amor para mudar a frequência e voltar a viver. 

No filme tem uma frase que eu adorei: o passado é apenas uma história que contamos para nós mesmos. Esta me parece uma boa forma de começar a renovação após uma separação. Conte a si mesmo, e a quem mais interessar, a melhor versão do seu passado e deixe no universo apenas as coisas boas que foram vivenciadas. Libere-se do sofrimento e deixe o outro caminhar. A vida sempre reserva surpresas e, certamente, isso acontecerá com você também. Siga em frente. Tudo vai dar certo. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A boa vontade nos salvará!

A capa da última Revista Época é dedicada a um tema  semelhante ao que escolhemos para dialogar esta semana aqui no blog: Homens & Mulheres - O desafio desta relação. Li a matéria animada em busca de referências, mas ao terminar o texto, a única coisa que vinha a minha cabeça era: Mas será que isso é novidade para alguém? E era preciso uma pesquisa e um livro sobre o assunto? Veja: não estou desprezando nem a matéria, nem o livro, muito menos a pesquisa, mas não posso negar que esperava algo novo. Foi aí que entendi: a questão não é ter uma novidade, e sim, como se lida com o fato.

Mas vamos começar do começo: a pesquisa a que me refiro (e que referenda a matéria da Época) foi desenvolvida por John Gray (autor do famoso best-seller de autoajuda Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus). Foi realizada com 100 mil funcionários de grandes empresas. Sim, o número está correto: 100 mil funcionários! Além disso, Gray contou com a parceria de Barbara Annis, consultora famosa por resolver conflitos entre homens e mulheres em governos e grandes empresas (segundo a Revista Época). E mais: a dupla passou 25 anos estudando o assunto, enquanto viajavam pelo mundo fazendo oficinas, palestras e workshops. Vieram ao Brasil algumas vezes e estiveram também na Índia, Japão, Estados Unidos e Europa.  No fim das contas lançaram um livro que, no Brasil, ganhou o título Trabalhando Juntos. Portanto, depois de tanto estudo, e de confirmar seus aprendizados tantas vezes no campo, eu não posso, simplesmente achar, que tudo que eles se dispõem a ensinar não tem valor. 

Mas convenhamos, a conclusão que os dois pesquisadores trazem no livro, em resumo, é que os motivos para tantos desentendimentos está baseado em alguns pontos cegos - uma alusão aos retrovisores dos carros que nem sempre mostram aos motoristas tudo o que precisam ver, ou seja, a mente masculina na maioria das vezes não repara em ações que incomodam profundamente as mulheres e vice-versa. Muito bem. Gostei disso. Mas veja quais são os 8 "pontos cegos" mais comuns, resumidos em uma frase:

ELAS falam demais
ELES não ouvem as mulheres
ELAS querem mudar os homens
ELAS se sentem excluídas
ELES têm medo de falar com elas
ELES não valorizam as mulheres
ELAS são muito emotivas
ELES são insensíveis

Sério? Me fala uma coisa: tem algo nestas afirmações que você, seja homem, seja mulher, já não sabia? E sabe qual é, também de forma bem sucinta, o conselho para exterminar cada um dos conflitos? DIÁLOGO!  

Ok! Estou sendo irônica! Mas é muito maluco ver como é difícil para nós, humanos, entendermos algo tão simples. Mais do que isso: é desafiador tomar uma atitude sensata, baseada no bom senso e amor ao próximo, quando se trata das diferenças entre os gêneros. Seja no ambiente profissional ou não.

Mas tem uma frase do John Gray na matéria que eu gostei muito e que pode servir como ponto focal para todos nós “homens e mulheres sempre serão diferentes. O nosso objetivo não é tentarmos ser iguais, mas entender as diferenças, respeitá-las e, juntos, criar algo melhor”. Lindo não? Eu acredito nisso. 

Já a Barbara Annis disse: “Não saber como, e por que, homens e mulheres pensam e agem faz com que os pontos cegos venham à tona”. Cá entre nós...não é possível que seja tão difícil enxergar as diferenças, não é? Será que estou sendo otimista demais? Pode ser. Mas, para mim, parece que o que falta mesmo, na prática, muitas vezes é só boa-vontade! De ambas as partes.

É o que os autores do livro, mais simpáticos do que eu, chamaram de “inteligência do gênero: conhecer as diferenças entre a mente masculina e feminina e LEMBRAR essas diferenças na hora de interagir com o sexo oposto”.  Resumindo: boa-vontade!