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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Um amor leve, um amor puro



Falar da separação do meu primeiro casamento ainda não é fácil. Não que exista sofrimento ou algo pendente, pelo contrário: somos pessoas de bem, que só buscaram ser felizes e que têm um objetivo muito maior em comum: passar coisas boas ao nosso filho. Mas por mais que esteja tudo certo, sempre existe aquela sensação de fracasso. Ninguém casa para separar. Eu, pelo menos, penso assim. Durante muito tempo me chicoteei, me punindo e sentindo culpa por uma série de fatores que vieram acompanhados com a separação. 

Hoje já me perdoei. Era imatura, muito jovem, ingênua e, principalmente, chata. Sim, eu era muito chata. Dona da verdade, queria tudo do meu jeito, nunca relaxava, estava sempre arrumando as coisas, querendo tudo certinho, afinal, aquilo ali era coisa séria. Difícil me aguentar. Meu ex-marido era a pessoa mais calma que já conheci (continua sendo), da paz, tudo estava sempre certo para ele, nunca encanava com as minhas neuras. Mas obviamente não havia leveza entre nós. Não estou me culpando por isso. Estou apenas narrando os fatos. Não havia diálogo também – e isso certamente azedou o caldo. 

Mas 15 anos se passaram desde que me separei. Dizem que aprendemos pela dor ou pelo amor. Aprendi pela dor, neste caso. Foram anos tentando entender o que tinha dado errado, mais um par de anos tentando me perdoar e, depois de tudo, eu deveria estar pronta para recomeçar. Mas não foi o que aconteceu. Quando encontrei novamente uma pessoa com a qual gostaria de caminhar pela vida, começou tudo de novo. A chata em ação. E desta vez com um agravante: o rapaz em questão não era a serenidade em pessoa como o primeiro. Este (é) era turrão, cabeça dura, esquentando. Tivemos que fazer nossa relação morrer, para voltar a nascer, literalmente. 

A verdade é que estávamos dispostos a nos amar e encontrar uma saída. Foi assim que a magia aconteceu. Hoje, eu e meu companheiro querido, deixamos a vida leve. Rimos das nossas desgraças tanto quanto dos nossos sucessos. Nos amparamos, nos acolhemos. Este foi um ano difícil para mim. Uma prova de fogo para a nossa relação. A tensão no ar poderia ter deixado tudo insuportável, mas lindamente, a cada obstáculo, encontramos leveza um no outro. Não sei se teria conseguindo passar por tudo que precisei viver se não fosse a boa vontade desta pessoa que soube entender meus momentos mais difíceis. Lembro do dia que ele me disse que estava com saudades da minha gargalhada e que não via a hora de ver isso acontecer de novo. Um dia, sem nenhuma intenção, aconteceu. Gargalhamos sem muito sentido até a barriga doer. Tinha sido mais um dia bem complexo. Talvez o pior de todos, pois meu pai tinha falecido não fazia muito tempo e eu estava doente. Mas a gargalhada veio assim mesmo e, mais uma vez, enchemos nossos corações de gratidão. O que eu posso dizer é que vale a pena tentar. Vale muito a pena. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Alegria. O remédio do amor.

Olá! Após algumas semanas fora - depois eu conto sobre minha viagem a meu país, Peru - estou de volta e trago esta semana um tema para reflexão,  sobre os relacionamentos amorosos. 

É necessário leveza para viver em tempos tumultuados e acelerados. Mas como? Me perguntarão as mulheres -  sempre na busca de fazer seu melhor: "Como? Se estou sozinha tentando levar a família para frente? Pois está ai o grande nó da questão: você não está sozinha. Pode não ter a ajuda que você gostaria de ter. Do jeito que você gostaria- mais uma pista - mas dificilmente estamos sozinhas.

Precisamos, como mulheres, apagar a memória de nossas células de que estamos só e que somos responsáveis - únicas - pela nossa família. Ok, o homem abandona, eu sei. Ele terá que também apagar da sua memória essa crença, mas vamos convir que, hoje, estão cada vez mais surgindo homens colaborativos. Vamos dar espaço a eles?

E mais, vamos aprender com eles a ser leves e rir de nós mesmas, das situações e da vida? Porque a vida, assim como o amor, precisam de leveza para fluir. Como me disse um amado mestre "um casal que não ri junto, é um casal triste".

Vamos refletir sobre isto esta semana?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Refletindo por algo maior



Em agosto falamos aqui sobre o filme Eu Maior que, naquele momento, ainda estava sendo produzido. Agora já está em exibição em algumas salas de cinema do Brasil e também disponível no youtube. Só ontem eu consegui assistir e confesso que vou precisar fazer isso mais algumas vezes para poder dizer o que achei. 

Ele me toca muito em diversos aspectos, mas por enquanto o fica mais fort para mim é a magia no tom da voz das pessoas que, de alguma forma, se dedicam a entender o sentido maior da nossa existência. Em alguns momentos fui tomada por alguns insights e “fichas caíram”, mas ainda num nível mais inconsciente do meu sentir.

Falando com um amigo ele disse que não gostou tanto assim porque como os produtores são ligados a ioga, a obra puxa um pouco para os preceitos desta filosofia. Sim, é verdade em alguns momentos isso aparece. 

Mas consigo olhar além e encontrar a beleza de ver pessoas de origens, profissões, interesses tão diferentes colocando suas opiniões sobre o sentido da nossa existência. Não tem a ver com religião, mas tem a ver com fé. 

O filme tem cerca de uma hora de duração e pode ser um programa gostoso para este fim de semana. Enche o coração de esperança e aquece a alma. Se o tema da semana são as mulheres autoritárias e os homens fracos, pode ser uma boa oportunidade para ambos pensarem em algo muito maior do que os nossos conflitos pequenos.

Um fim de semana de reflexão para todos nós.




quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A boa vontade nos salvará!

A capa da última Revista Época é dedicada a um tema  semelhante ao que escolhemos para dialogar esta semana aqui no blog: Homens & Mulheres - O desafio desta relação. Li a matéria animada em busca de referências, mas ao terminar o texto, a única coisa que vinha a minha cabeça era: Mas será que isso é novidade para alguém? E era preciso uma pesquisa e um livro sobre o assunto? Veja: não estou desprezando nem a matéria, nem o livro, muito menos a pesquisa, mas não posso negar que esperava algo novo. Foi aí que entendi: a questão não é ter uma novidade, e sim, como se lida com o fato.

Mas vamos começar do começo: a pesquisa a que me refiro (e que referenda a matéria da Época) foi desenvolvida por John Gray (autor do famoso best-seller de autoajuda Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus). Foi realizada com 100 mil funcionários de grandes empresas. Sim, o número está correto: 100 mil funcionários! Além disso, Gray contou com a parceria de Barbara Annis, consultora famosa por resolver conflitos entre homens e mulheres em governos e grandes empresas (segundo a Revista Época). E mais: a dupla passou 25 anos estudando o assunto, enquanto viajavam pelo mundo fazendo oficinas, palestras e workshops. Vieram ao Brasil algumas vezes e estiveram também na Índia, Japão, Estados Unidos e Europa.  No fim das contas lançaram um livro que, no Brasil, ganhou o título Trabalhando Juntos. Portanto, depois de tanto estudo, e de confirmar seus aprendizados tantas vezes no campo, eu não posso, simplesmente achar, que tudo que eles se dispõem a ensinar não tem valor. 

Mas convenhamos, a conclusão que os dois pesquisadores trazem no livro, em resumo, é que os motivos para tantos desentendimentos está baseado em alguns pontos cegos - uma alusão aos retrovisores dos carros que nem sempre mostram aos motoristas tudo o que precisam ver, ou seja, a mente masculina na maioria das vezes não repara em ações que incomodam profundamente as mulheres e vice-versa. Muito bem. Gostei disso. Mas veja quais são os 8 "pontos cegos" mais comuns, resumidos em uma frase:

ELAS falam demais
ELES não ouvem as mulheres
ELAS querem mudar os homens
ELAS se sentem excluídas
ELES têm medo de falar com elas
ELES não valorizam as mulheres
ELAS são muito emotivas
ELES são insensíveis

Sério? Me fala uma coisa: tem algo nestas afirmações que você, seja homem, seja mulher, já não sabia? E sabe qual é, também de forma bem sucinta, o conselho para exterminar cada um dos conflitos? DIÁLOGO!  

Ok! Estou sendo irônica! Mas é muito maluco ver como é difícil para nós, humanos, entendermos algo tão simples. Mais do que isso: é desafiador tomar uma atitude sensata, baseada no bom senso e amor ao próximo, quando se trata das diferenças entre os gêneros. Seja no ambiente profissional ou não.

Mas tem uma frase do John Gray na matéria que eu gostei muito e que pode servir como ponto focal para todos nós “homens e mulheres sempre serão diferentes. O nosso objetivo não é tentarmos ser iguais, mas entender as diferenças, respeitá-las e, juntos, criar algo melhor”. Lindo não? Eu acredito nisso. 

Já a Barbara Annis disse: “Não saber como, e por que, homens e mulheres pensam e agem faz com que os pontos cegos venham à tona”. Cá entre nós...não é possível que seja tão difícil enxergar as diferenças, não é? Será que estou sendo otimista demais? Pode ser. Mas, para mim, parece que o que falta mesmo, na prática, muitas vezes é só boa-vontade! De ambas as partes.

É o que os autores do livro, mais simpáticos do que eu, chamaram de “inteligência do gênero: conhecer as diferenças entre a mente masculina e feminina e LEMBRAR essas diferenças na hora de interagir com o sexo oposto”.  Resumindo: boa-vontade!


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mulheres mandonas, homens bobalhões: fórmula de comercial!

Vou usar a publicidade para refletirmos sobre um dos lados do tema que estamos debatendo esta semana, pois mesmo que de forma estereotipada, ela nos traz as tendências do que acontece em determinado momento da história. 

Na década de 60 e até meados de 70, a propaganda mostrava a mulher como a rainha do lar. Os dois exemplos que ilustram este texto sempre me deixaram bem chocadas: num deles, a mulher está sentada com toda a família em volta, secando os cabelos com um secador de pé. E o texto, inclusive, fala sobre a rainha do lar. O outro ainda me deixa mais surpresa: é a comunicação de um banco, convidando as mulheres a assumir a sua independência financeira – "elas assinam os cheques da escola das crianças", diz o anúncio. 

Já entre o fim dos anos 70 e os anos 80 a figura feminina muda radicalmente em comerciais e anúncios. Ela passa a ser a espertalhona que resolve tudo e o homem sempre é um bobalhão. Fica ainda mais explícito isso quando têm crianças e até cachorros que se divertem da figura masculina feita de bobo. Lembro que meu pai odiava os comerciais desta época. Ele sempre dizia: “comercial é tudo igual – mulher espertona e homem bobo”. 

Nos anos 90 isso fica ainda pior, pois diversas vezes o homem nem aparece, dando total espaço a uma mulher poderosa e sensualíssima.  Vou ficar apenas com a parte histórica desta linha do tempo para não entrarmos na polêmica da publicidade realizada a partir do ano 2000, pois tudo se torna mais esquizofrênico.

Isso tudo para dizer que às vezes me sinto em um comercial da década de 80. Amigas muito próximas, que têm bom-senso e ótimo coração, se transformam em mulheres autoritárias, mandonas quando falam com seus maridos ou se referem a eles. Verdadeiros bobalhões nas mãos de mulheres que, muitas vezes, ganham mais do que eles e que criaram uma dependência desta situação. Elas mandam e desmandam a respeito do que fazer com os filhos, as empregadas, a casa e assim por diante. Eles estão sempre disponíveis para e obedientes como cordeiros.

Fico me perguntando, embora tenha a resposta, se eu tenho sorte ou azar de ter um companheiro que não se dobra a todos os meus impulsos de mandona. Porque, às vezes, confesso, eu tenho tais impulsos. Acredito que é meio natural para a maioria das mulheres modernas tomar as rédeas, organizar, dar direção, assumir. Mas cá entre nós, tudo tem limite. A resposta a pergunta que faço é que eu tenho sorte. 

Na verdade até tenho a certeza de que eu pedi um homem assim – que tenha a sua opinião. Às vezes a relação fica mais difícil, pois é preciso muita maturidade para se chegar a um caminho comum, sem desgastes irreparáveis. Foi difícil para nós chegarmos neste ponto. Mas vou falar que a recompensa disso é poder, muitas vezes, chegar em casa e ter uma comidinha boa me esperando, sem que eu se quer tenha sugerido que isso fosse feito, muito menos "mandado". É bom de vez em quando não precisar escolher o programa do fim de semana ou planejar as férias. É bom ser mimada um dia ou outro. E mimar também. Quando descobri isso, deixei de mandar. Foi deliciosamente bom para mim e para a minha relação. 

Que tal experimentar? 

Publicidade da década de 60 dizendo que o produto
vai trazer a "rainha do lar" de volta para casa!

Anúncio da década de 70 falando que as mulheres
 agora também assinando cheques
Comercial dos anos 80 mostrando a mulher mandona e o homem "cordeirinho"e bobalhão

Diversos anúncios da década de 90
mostrando as mulheres poderosas e sensuais.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Uma das maiores prisões das mulheres: acreditarem que sabem mais que os homens

As mulheres andam cansadas. Elas falam isso para nós o tempo inteiro. Após estes anos todos ouvindo e estudando mulheres e homens uma coisa é bastante clara para mim: as mulheres estão na sua grande maioria, tomadas por uma crença aprisionante, mulheres sabem mais que os homens. E isso as coloca - se colocam - na posição cansativa de terem que conduzir a vida do casal e da família.

Entendemos que isso deve-se à própria necessidade de autoafirmação oriunda de anos ouvindo mensagens dizendo que elas não eram tão boas quanto os homens. Por mais que ela tenha conseguido comprovar que pode tanto quanto o homem, que é capaz; ela ainda precisa, talvez mais para ela do que para os outros, dizer não só que é capaz mas é melhor.

Ser melhor é uma posição cansativa especialmente se o parâmetro é o outro. Essa necessidade de ser melhor que o outro está conectada com a necessidade de comparação e promove a competição. Aprendi que competição quando é um estado permanente da pessoa - todos nós conhecemos pessoas que vivem competindo sobre tudo e com todos - demostra um estado imaturo de personalidade. 

A personalidade madura precisa menos do outro para ser. O desejo de ser melhor e de superação nestas pessoas têm mais a ver com melhoria sobre si mesmo, superando seus próprios limites. O desejo de ser melhor que o outro leva a querer seguir os passos do outro para poder competir. No final, vive-se menos a própria vida.

As mulheres ao viverem a crença de que sabem mais que os homens, agem como se o homem não soubesse. Se colocam no papel de líderes do lar, da família. Se o seu companheiro não pensa ou quer algo que ela queira, então ela insiste em convencê-lo pela razão ou pelo cansaço. Ah! que cansaço. Para ambos.

Quando nos colocamos como as sabe-tudo, nos tornamos responsáveis por tudo. E isso cansa. Seria tão bom se nós mulheres, aceitássemos que o mundo gira sem necessariamente nossa vontade e que a nossa verdade e a forma como fazemos pode não ser a melhor. Se assumir isto é muito para você mulher neste momento, então começa a pensar que mesmo não sendo a melhor, a maneira como o outro faz permite você dividir responsabilidades, faz o outro crescer - você não sonha com um homem sábio, forte, que te proteja? Esse homem mítico que permeia o imaginário das mulheres, para existir precisa deixar de ser meio homem, meio filho e se tornar um homem por inteiro. Vamos ajudar?

Devo ressaltar que esta crença não é só feminina. Para uma crença se manter ela precisa ser alimentada pelos dois. Portanto, os homens que têm mulheres que agem em função dessa crença devem querer não ter que assumir a responsabilidade do homem adulto e se acomodam no papel de meio homem, meio filho.

Nem todos sabem sobre tudo. A troca é fundamental para acertar mais. Se o casal pensar como par, serão a soma de duas mentes e corações num objetivo comum. O sucesso será a soma de ambos. E distribuindo o peso, o cansaço diminui em ambos.

Boa semana para todos!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Amores intensamente virtuais

Quando falamos em sociedade líquida, conforme o texto de ontem aqui no blog, a primeira coisa que me vem são os relacionamentos construídos a partir de bases virtuais. Pessoas que nunca se viram, de repente se tornam namorados, transam via webcam e conseguem até discutir a relação sem nunca terem se tocado. Tenho uma conhecida que passou mais de 2 anos num relacionamento assim para, só depois, conhecer o seu “namorado”. Quando a encontrava, ela sempre comentava isso ou aquilo do rapaz como se ele simplesmente estivesse viajando. A maioria das pessoas que a ouviam e não conheciam a história, jamais imaginariam que ele morava em outro país e que eles nunca haviam se encontrado. Até onde eu sei, eles ainda namoram e se veem uma, no máximo duas, vezes por ano. Fico impressionada, pois um relacionamento, para mim, é feito, entre outras coisas, de uma certa convivência de carne e osso. De olhar nos olhos e da tal química que só a presença é capaz de explorar. 

Por outro lado, tenho uma amiga com uma história bem mais complicada (e triste do que essa). Trata-se de uma mulher com valores muito firmes e princípios bem rígidos. Depois de muitas frustrações com homens, e de muito resistir, decidiu tentar um outro caminho para conhecer pessoas: os sites de relacionamento. Não se passou nem uma semana e ela conheceu um cara de uma outra cidade. Começaram a conversar, partiram para o bate-papo em redes sociais e em poucos dias estavam se falando por telefone. Sentindo-se completamente invadida por um sentimento novo, ela não agiu com a razão, como costumava fazer, e assim, pegou um avião e partiu em direção a cidade do moço. Conheceram-se, apaixonaram-se, enlouqueceram em apenas uma noite. Ela acreditou plenamente que havia encontrado o homem da sua vida. Ela queria isso, ela desejava, ela precisava desse amor. O próximo encontro já estava marcado quando o rapaz surtou. Não veio ao encontro e ainda começou a fazer ofensas horríveis a ela . Minha amiga adoeceu, elouqueceu, ficou sem chão. Tivemos que confortá-la. Tudo aconteceu tão rapidamente (em menos de 15 dias ela tinha o homem da sua vida e o ser humano que a fez passar pela maior humilhação da sua vida).

Quando ela me chamou pedindo socorro eu simplesmente não sabia nem que ela havia conhecido alguém e a história que ela me contou parecia história e ficção. Questionei, com delicadeza, se tudo não tinha acontecido muito rápido para ela estar tão abalada. Mas ela estava fora de si, sofrendo, magoada e ainda assim, desesperada para ter o rapaz de volta. Ela tinha o coração cheio de esperança que o moço voltasse a ser o da noite em que passaram juntos. Não deu tempo para se conhecer, amadurecer uma paixão, no entanto, na cabeça dela, era um relacionamento solidificado. Assustador! 

Veja...estou falando de uma pessoa com valores muito sólidos, uma pessoa séria e profunda. Uma mulher que gosta das coisas, digamos, "a moda antiga": um encontro, um carinho, um beijo e aí para frente, até chegar a um relacionamento de fato. E de repente, essa pessoa, tão tradicional, havia vivido algo tão intenso e completamente fora dos seus padrões. Algo deste novo mundo que já não dá tempo para as coisas amadurecerem. 

No conceito de Zygmunt Bauman:  

"Os tempos são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. Disso resultariam, entre outras questões, a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranóia com segurança e até a instabilidade dos relacionamentos amorosos. É um mundo de incertezas. E cada um por si.”

No entanto, o desejo da minha amiga era viver o maior amor da vida dela. A paixão mais intensa que já provou. Sinal que os tempos são líquidos, mas nossos desejos e intenções ainda são feitas de sentimentos, de emoção, de conexão. Temos é que aprender a conviver com esses novos tempos. Com harmonia e equilíbrio para conseguirmos discernir entre o que pode (e até deve) ser passageiro e o que é consistente e verdadeiro para cada um de nós.