A exame.com publicou ontem uma matéria falando
sobre as mulheres que mentem sobre seu sucesso para achar namorado. Vou resumir
em poucas palavras do que se trata, mas se você quiser ler a matéria na íntegra
basta clicar aqui.
É o seguinte: a jornalista americana Liza Mundy, autora do livro Michelle
(biografia da primeira dama dos Estados Unidos) e de Sexo Mais Rico (que
será lançado em breve no Brasil) fez uma ampla pesquisa sobre o aumento do
poder aquisitivo das mulheres americanas e suas consequências. Entre as
descobertas tornou-se evidente para ela que as moças bem sucedidas estão com
dificuldades de assumir o próprio sucesso profissional/financeiro,
especialmente diante da figura masculina. Isso porque ainda crêem, mesmo que
inconsciente, que provedor mesmo é o homem e assim sempre será. Por
consequência desta crença, mentem para os possíveis pretendentes, quando
questionadas sobre o que fazem da vida. Advogadas jovens e bem sucedidas
tornam-se vendedoras, executivas administradoras de grandes potências viram
donas de um micro negócio e por aí vai. Embora eu tenha a sensação de que
existe um certo exagero nas afirmações da escritora, confesso que não
consegui dormir esta noite pensando nisso. Primeiro fiquei com o coração
entristecido por saber que existem mulheres que estão fazendo isso (milhares ou
apenas algumas é o que menos importa). Depois fiquei indignada e prometi para
mim mesma que usaria este blog, meu perfil nas redes sociais, minhas idas ao
cabeleireiro, meus almoços com amigas e até mesmo o banco da praça para dizer,
quantas vezes for preciso:
Mulheres, por favor, orgulhem-se
das suas vitórias, dos seus diplomas, do seu dinheiro, do seu sucesso. E
principalmente, busquem e assumam as suas verdades. Não vai ser com mentiras que vocês vão ter uma jornada plena. Não
sintam medo de ficarem sozinhas e não deixem que façam vocês acreditarem que não
merecem nada menos do que vocês têm.
Anos atrás, numa das minhas incontáveis crises em
que tinha certeza que meu sucesso era meu karma - por isso estava predestina a ser sozinha - fui buscar um novo
terapeuta. Depois de diversas sessões da mesma ladainha, o rapaz perdeu a
paciência comigo (e pelo jeito com muitas outras mulheres que passaram por lá)
e desabafou: "Vocês mulheres são, realmente, um caso sério. Conquistam o
mundo, dominam tudo, mostram sua força, quebram amarras, mandam e desmandam,
mas mesmo assim, sentem-se completamente insatisfeitas, porque acham que só um
macho provedor - financeira e emocionalmente - podem salvá-las do martírio em
que se encontram. Como vocês conseguem ter um pé tão firme no novo e outro tão
enraizado no velho?". Quando ele parou de falar, já meio constrangido pelo
desabafo, olhei para ele e disse com sinceridade: "Ok. Entendi. Você me
colocou diante da verdade e agora eu que lide com ela". Hoje tudo aquilo
que ele falou parece tão simples, bobo, mas até então não era. Talvez eu nunca
tivesse ouvido - muito menos dito - em voz alta o óbvio. Fui embora e levei
minha verdade. Dolorida, não vou negar. E por ser uma das crenças mais
poderosas que existem dentro mim provoca recaídas até hoje. É quando me agarro
forte ao que eu verdadeiramente sou.
Mas meninas, atenção: ninguém está falando para
sustentar marmanjo que vive encostado e que já entendeu que as mulheres se
enfraquecem por medo da solidão. Estamos falando da sua verdade. Da sua
essência. Do que é seu. Do que te faz feliz, plena, consciente. Do que te faz
grata pela vida.
Meu irmão mais novo é engenheiro de alimentos,
trabalhador, inteligente, desenvolveu uma farinha que foi muito importante para
os fenilcetonúricos na década de 90. Já deixou o emprego duas vezes para
acompanhar a esposa, que também é engenheira. A primeira vez mudaram-se por
dois anos para a Dinamarca, onde ela começou a ser treinada para assumir um
alto cargo na empresa onde trabalha. Depois voltaram ao Brasil, ela continuou
trilhando seus objetivos, e ele se recolocou assim que chegou. Agora ela está
pronta para o cargo e recentemente assumiu as operações da empresa na Ásia. Lá
se foram os dois (e os filhos) para a China. Ele não teve dúvida em abrir mão
dos seus bons empregos e acompanhá-la nenhuma das duas vezes. Já minha cunhada
nunca deu sinal de que se sente envergonhada pelo seu sucesso ou acha que meu
irmão vale menos por abrir mão das suas próprias conquistas e assim apoiar a
sua carreira. São evoluídos estes dois.
Como diz a Liza Mundy: "Devemos
mudar o nosso pensamento sobre o que queremos de um relacionamento. O mundo
está mudando, há muitos problemas ainda, mas também há novas oportunidades
tanto para homens quanto para mulheres serem felizes".
Estamos conversadas?
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