URGENTE. Esta é uma das palavras que mais se escuta nos dias de hoje, especialmente no mundo corporativo. É como se eficiência fosse unicamente consequência de agilidade. Parte desta crença nasce da imagem metafórica da própria palavra: ágil é sinônimo de movimento e contrário de calmo. Embora não seja, gramaticalmente, nem uma coisa, nem outra.
Faz parte da nossa cultura achar que a ação
(movimento) vem da agitação, da correria, da pressão, do senso de urgência.
Mesmo sendo evidente que, muitas vezes, parar e absorver o que está a sua
volta, pode ser de grande valia para gerar movimentos mais assertivos. Tanto é
que se ouve muito a expressão “vamos dormir com este trabalho antes
de dar um retorno”. É ou não o mesmo que “agora precisamos refletir com calma
para seguir em frente da maneira certa”?
Porém numa época em que o tempo é mais precioso do que ouro, a percepção do que parece
ser é tão - ou mais importante - do que de fato ser. Por isso é muito comum uma pessoa agitada
passar a impressão de estar sempre ocupada e, por estar sempre ocupada, parece
ser mais eficiente. Já uma pessoa mais calma, muitas vezes, é vista como
desocupada, portanto, menos relevante. Mas nem sempre isso é verdade. Um exemplo: Trabalhei com o
presidente de uma multinacional que sempre estava disponível. Ele nunca passava
uma postura agitada e aparentava calma inabalável. Mas ele era, reconhecidamente, um
homem de negócios, bastante produtivo, que cuidava das operações do Brasil e de
toda América Latina. Os negócios, sob sua gestão iam muito bem, portanto,
eficiência ele tinha e a matriz americana o considerava um dos melhores
executivos da Organização. A diferença é que ele estava sempre muito presente
no que realizava. Íntegro. Inteiro. Era este estado, afinal, que gerava a
combinação perfeita entre calma e eficiência. Para conseguir tal combinação é preciso uma certa dose de auto-conhecimento para saber como funcionamos: na adrenalina da agitação ou na calma
reflexiva? Independente do que parece ser porque, neste caso, a percepção pode
ser ilusão. Às vezes uma pessoa muito competente se torna medíocre porque a ansiedade
da pressa o cega. O contrário também pode acontecer: pessoas agitadas podem se
desmotivar e passar a não produzir em ambientes menos realizadores.
O importante é estar confiante, mantendo-se
presente e centrado.
Movimento, enfim, é isso! Pode ser ágil, pode ser calmo. Não importa. A
eficiência é consequência.
Nota: a frase do título é inspirada na frase original do rei espanhol Felipe II, citada no livro FACES OCULTAS, do Pintor Salvador Dalí. Segundo Dali, a instrução era passada pelo soberano ao criado que o vestia na véspera de eventos importantes: "Vista-me devagar, pois estou com muita pressa".
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