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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Mamães, está liberado errar. Vocês são humanas!

Como domingo celebramos o dias das mães estava pronta para escrever sobre elas, pois tem tudo a ver com o tema da nossa semana. Mães, na minha opinião (e me incluo), não gostam de ambiguidades e estão sempre em uma busca insana por fazer o certo. Para elas só existe dois caminhos: acertar ou errar. 

Não tinha exatamente uma história para contar e, por isso mesmo, seria mais genérica no texto/tema. Mas o universo conspirou e me trouxe um exemplo que acabei de viver com meu filho. 

Usando como desculpa o Dia das Mães, comprei passagens com milhas para nós dois irmos até Curitiba visitar a minha mãe. Sabia que hoje, dia da viagem, seria um dia com horários bem apertados, pois mal ele chegaria da escola e nós já teríamos que estar no aeroporto. Como mãe zelosa que sou, já tinha tudo programado para não deixar meu filho sem almoço e sem o banho que, como todo adolescente, ele ia queria tomar antes de sair. Fiz o check-in em casa ontem à noite, pois assim ganharíamos uma folga de meia hora no horário programado para chegar ao aeroporto. Porém em meio a uma série de trabalhos que tinha que fazer ontem e com um problema na minha impressora, apanhei bastante, não para fazer o check-in que foi feito com sucesso, mas para imprimir o cartão de embarque. No fim das contas, só hoje, já dentro do taxi, percebi que imprimi duas vezes o meu cartão e não imprimi o dele. Tentei resolver pelo celular, mas lá dizia que o check-in já havia encerrado. Não quis acreditar nesta informação e entrei no "modo mãe à beira de ter cometido um erro". Saí loucamente do carro, fui voando de uma lado para o outro determinada a embarcar de qualquer jeito. Para piorar, andava pelo saguão berrando com meu filho, dizendo que é por isso que temos que chegar com folga no aeroporto. Estava com raiva de mim, mas atacando ele que era a única pessoa ao meu lado naquele momento. Coisas de ser humano, afinal, mas para uma mãe só ia deixando a situação ainda mais dramática. Ele calmo, como sempre, tentava ajudar dizendo incansavelmente o número do localizador para todos os atendentes que pediam, enquanto eu errava tudo e tremia.

Para encurtar a história: não embarcamos e vamos viajar amanhã às 6:45 da manhã. Com tudo isso ainda fervilhando dentro de mim, entrei no taxi de volta para casa, enumerando todas as coisas erradas que fiz: não imprimi o check-in do menino, ele perdeu o aniversário do amigo que seria hoje à tarde aqui em São Paulo, perdeu a festa de uma amiga em Curitiba hoje à noite, vai ter que acordar às 5 da manhã em pleno sábado para ir ao aeroporto. Pedi desculpas a ele, que fez o que eu teria feito: me deu uma bronca por ter sido desligada em não checar os cartões de embarque, mas não parecia que o mundo havia caído para ele, como parecia para mim. 

Foi aí que lembrei do tema da semana. Sim, eu fui desligada, como não costumo ser, e simplesmente não vi se estava tudo certo no papel que imprimi. Isso teve uma consequência, mas daí a ser uma mãe horrível e ter cometido um erro revoltante, só dentro de mim mesmo. Isso tudo porque, na minha cabeça binária de mãe, eu havia feito tudo errado quando eu poderia ter feito tudo certo. Vim me perguntando sobre certo e errado e, no fim das contas, ainda vamos viajar, conforme o planejado, e com uma notícia boa que ainda nem havia me tocado: a mudança de horário, saiu 2 mil milhas mais barato. Isso significa mais pontos para uma futura viagem qualquer dia desses. 

Ainda chateada, mas já bem mais conformada, cheguei em casa e apaguei. Dormi por horas, coisa que jamais faço à tarde, porque, afinal, não é um bom exemplo para se dar a um filho de 17 anos (isso é a minha crença falando!). Mas foi totalmente incontrolável. Não tive opção. Quando acordei, meu primeiro pensamento foi: "é sobre isso que vamos falar hoje no blog, não é? Entendi".

Para as mães, compartilho, um vídeo que meu filho me mandou ontem por "whatsapp". Feliz dia das mães. Se possível, se dê de presente um pouco de amorosidade e permita-se ser mais flexível quanto aos conceitos de certo e errado quando se trata de dar exemplos aos seus filhos. Eles entendem o que é caráter e conseguem diferenciar errinhos bobos do dia a dia, de problemas sérios de valores e princípios. E isso, desde muito pequenos. Posso garantir.


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tudo "combinandinho"

Sabe a Margarida, namorada do Pato Donald? Você já reparou que ela sempre combina a cor do sapato,com a bolsa, o vestido e o laço do cabelo? Pois teve uma época da minha vida que eu concluí que eu tinha uma "Margarida dentro de mim", pois sempre tinha que estar tudo combinado nas minhas roupas. Primeiro achei que se tratava de um "toc" leve, mas logo percebi que era reflexo do ser binário que sou. Já fui muito mais, é verdade. Hoje, por exemplo, já saio numa boa com um sapato preto e uma bolsa vermelha, por exemplo. É lógico que estou dando este exemplo, apenas para ficar mais claro sobre o quanto podemos ser rígidos e inflexíveis por conta dos padrões binários que aprendemos a ter ao longo dos anos: certo e errado; preto e branco, bem e mal e por aí vai. O interessante é que quando me toquei desta minha tendência de combinar as cores das roupas e acessórios, também percebi que poderia descombinar muita coisa dentro de mim. 

Pode não ser tão simples quanto usar peças coloridas, mas o que eu quero dizer é que se trata apenas de uma questão de consciência e treinamento. Enquanto escrevia fiquei pensando se isso fazia sentido apenas para mim ou se era mesmo comum a todos nós. Lembrei então de duas amigas. A primeira tem mania de combinar os vasos da casa. Isso mesmo. Ou é tudo azul, ou tudo verde, ou tudo transparente. Tem épocas em que até as flores combinam com a cor do vaso. Perguntei se ela conseguia sair com o sapato e a bolsa de cores diferentes e ela respondeu: "de jeito nenhum". Fui além querendo saber por que não e ela não sabia exatamente o que dizer, deixando escapar um: ah...precisa ser tudo certinho, né? 

A outra amiga só veste preto. Todos os dias da semana, em qualquer ocasião. Com um certo receio, resolvi perguntar o motivo de usar só preto e a resposta foi rápida: assim não erro. E eu disse: então você acerta fazendo isso? Ela riu, mas a pergunta era séria! 

Tenho sido provocada pela vida a deixar meus pensamentos binários de lado. Tudo que parecia certo na minha rotina se apagou sem que eu tivesse me preparado para isso. O levantar, fazer ioga, tomar banho, café, me arrumar, pegar o carro, ir trabalhar e por aí vai deixou de existir de um dia para o outro e, afinal, isso aconteceu durante uma vida toda. Mudei de cidade, mudei de casa, mas não mudei este rotina por muitos anos. Isso significa fazer mais do mesmo durante mais de 20 anos! E isso é apenas um exemplo! Poderia dar outros: como assim eu posso ganhar dinheiro sem trabalhar 10 horas por dia, dar todo o meu suor e me sacrificar? Como assim pode ser fácil e eu posso trabalhar 3 horas, numa confeitaria gostosa, em vez de estar num escritório, praticamente amarrada? 

A resposta, para mim é: flexibilidade. Do corpo, da alma e de si mesmo. Só assim, vamos nos acostumando com o colorido, com os milhares de outros jeitos e caminhos de ser fazer algo. Isso é o mundo que se apresenta à nossa frente e pode ser bem divertido. Que tal começar colorindo a sua roupa e deixando a síndrome de margarida para trás?


Imagem fotografada do Manual da Televisão de 1982 (Editora Abril/Walt Disney)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Reconstruindo a vida com a desestruturação

Temos falado bastante sobre o movimento humano desestruturação – que significa sair da fôrma – por ser o mais visível e fácil de ser assimilado. Seus efeitos são contundentes e estruturais, por mais contraditório que possa parecer.

Lendo o post da Isa e sua dificuldade em fazer shavasana num período de desestruturação lembrei do livro do Zygmun Bauman, Modernidade e Ambivalência, que trata exatamente do fim da ordem e do início (?) de um período que a ambivalência será a forma de lidar com o mundo. Compreendi com o grande mestre Bauman que criamos a ordem, e ela, trabalha com dois polos, aos quais colocamos valor, sendo que um é o certo e o outro é errado. Assim é para tudo. Homem – mulher, criança – adulto, negro – branco. Nessa dicotomia estabelecemos uma ordem para viver, organizando nossos dias e horários de acordo a aquilo que é o certo.

Quando desestruturamos, qual é o certo? qual é o norte se a bússola está girando loucamente? Assim, trabalhamos sábado e domingo, e descansamos terças-feiras. Tiramos férias em setembro e ficamos no natal. Dormimos até as 11 da manhã e trabalhamos durante a madrugada. Qual é o certo? qual o errado?
Sentar para tomar uma xícara de chá, demoradamente, em
plena segunda à tarde e jogar conversa fora, pode? E por que não?
Temos tanta necessidade de estaremos certos que buscamos nas teorias e na ciência um apoio para eliminar a ambivalência. Algumas leis morais, eu acredito e apoio, devem reger a sociedade: amar o próximo, respeitar o outro e a si mesmo, por exemplo. Mas compreendo também que há pouca discussão sobre esse ponto. O que incomoda é o pequeno, o dia-a-dia, a rotina que não é mais comunitária mas particular. A opção das pessoas pelo o que é certo, para elas e não para o estabelecido.

Usar a bússola da sociedade apontando onde está o norte para me guiar, está cada vez mais difícil e falso. Eu vivo na ambivalência há um bom tempo e posso lhes dizer: é um prazer e meus grandes guias são meu Sentir e exercitar o amor.

É sobre isto que iremos falar nesta semana: a ambivalência e a não ordem e seus incômodos e benefícios. Tenham todos uma ótima semana com muita não ordem!


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Estou com medo de errar o título!


Ontem resolvi andar de ônibus. Preciso diminuir os custos e, afinal de contas, não é exatamente o maior sacrifício que já fiz na vida. Tudo bem que não era hora de pico e nem eu ia para algum lugar tão distante assim. Mas depois de décadas sem andar de transporte coletivo, estava meio apreensiva. Na verdade estava com medo de bancar a tola por não saber coisas básicas de quem é obrigado a fazer isso todos os dias. Fiz algumas perguntas "idiotas" para a minha funcionária que, obviamente, riu de mim e disse que queria ser uma mosquinha para me ver no ônibus. Pensei em me ofender por um instante, mas achei que era um bom momento para deixar de me apegar a bobagens deste tipo.  Resolvi focar na minha decisão de ir mesmo bancando a tonta e lá fui eu. Deu tudo certo e eu me senti confiante. 

Depois, já de volta, tomando um sorvete próximo a minha casa, pensei que era uma bobagem eu me sentir mais confiante por ter feito isso. Então me lembrei que todo mundo anda falando que eu preciso pegar mais leve comigo mesma, ser mais gentil e amorosa comigo, blá blá blá e resolvi ficar feliz com isso. Percebi como tenho medo de errar. Tudo na minha vida é pautado por isso. Se acerto, sou feliz. Se erro, sou infeliz, muito infeliz. Isso atrapalha a vida, não é mesmo? 

Conheço mais pessoas como eu, do que pessoas que simplesmente metem as caras em tudo e, se errar, tudo bem, seguem em frente felizes da vida e agradecendo pelo tanto que aprenderam com o erro. Na verdade a gente só fica feliz com o erro muuuuuito tempo depois. Normalmente quando já estamos "acertando" de novo. 

Todos esses devaneios me fizeram enxergar que a maioria das pessoas desejaria começar um nova vida ou pelo menos modificar uma coisa ou outra - ou muitas. Mas ninguém quer conviver com o erro, então…ficamos aqui, quietinhos, vivendo nossa vidinha e pronto. E aquela coisa: "todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer". 

Resta saber: o que é certo afinal? Fazer esta pergunta para alguém como eu é quase um desafio mental porque vou lá nos conceitos aristotelicos para trazer a pouca filosofia que tenho e discorrer entre o bom senso, a ética e essas coisas todas que me fariam pensar que estou sendo tão inteligente e que as pessoas vão me adorar por isso. Mas, sabe, estou meio cansada da minha mente que vive fazendo este joguinho. Ando pensando em coloca-la num navio para a Sibéria e deixar que ela fique por lá congelando por um tempo. Será que sem a minha mente para me perturbar eu cometeria mais erros? Será que eu conseguiria rir mais de mim mesma, ser mais leve e divertida? Por enquanto, como a mente ainda não foi despachada, o que me vem é que eu ando ficando louca. Mas posso, finalmente, estar errada!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

público e privado, separar? integrar? o que é saudável para você?

Bom dia a todos. Quem acompanha nosso blog sabe que nosso interesse é trazer aqui temas oriundo dos nossos projetos (atualmente estamos com o Projeto Uno em campo) que se mostraram relevantes para o brasileiro. A ideia é trazê-los em forma de comportamentos corriqueiros para gerar reflexão sobre eles. Contribuir com a conscientização e sair do comportamento automatizado.  
Há um bom tempo descobri que a informação traz conhecimento que gera consciência. E com consciência você consegue fazer escolhas com maior lucidez. Claro, tem pessoas que não desejam esse grau de consciência, preferem partilhar a responsabilidade de sua vida com o mundo. O livre arbítrio está ai para isso, não é mesmo? 

Esta semana vamos falar sobre integrar que é um conceito muito discutido hoje nas ciências humanas. Integrar é uma resposta à divisão que fizemos nas nossas vidas. É um fato que acostumamos a ver a vida de forma binaria (feminino - masculino, criança-adulto, branco-negro, rico-pobre, bonito-feio... e assim vai). A visão binaria contribui com a competição e a hierarquia. E a hierarquia no fundo tem a ver com exercício de poder, considerando aqui poder, não como potencialidade de ação mas sim como poder sobre os outros. Aliás mesmo fugindo um pouco ao tema do nosso blog não consigo evitar trazer outro ponto para reflexão: muitas dos movimentos e entidade que lutam pela igualdade de classes - partindo de uma visão binária - incentivam mais, no meu entendimento, a raiva da separação. Creio eu, e ai meu ponto a refletir, seja porque eles sobrevivem da separação, da luta. Se a luta acabar, o que será deles? Antes de voltar ao nosso tema de hoje, deixo bem claro que sou totalmente a favor da isonomia (igualdade perante a lei).  

Bom voltando ao tema, vários movimentos, desde a década de 60 especialmente, tem alertado para despertar em nós a visão holística cuja proposta é observar o todo e um ponto como parte desse todo. A consciência da possibilidade de uma visão holística nas nossas vidas, nos ajudou a chegar onde chegamos, como estar discutindo este tema hoje no blog, por exemplo. Quando você desperta a visão holística em você se faz necessário a integração das camadas existentes em você e na tua vida, originadas pela antiga visão binária.

Em função do movimento humano, desejo de integrar, começamos a diluir os limites das camadas separatórias nas nossas vidas. Hoje se discute muito os aspectos públicos e privados de cada um. Compreendendo o espaço público como o local onde vivemos um papel social mais formatado - trabalho, rua, ambientes públicos em geral - e espaço privado com o local mais intimo, como nossa casa, nosso núcleo familiar.

A ideia dessa separação é que no espaço público representamos mais, é nosso palco diário. E no espaço privado somos mais autênticos, mais nós mesmos. Bom, hoje fala-se muito em integrar essa 'persona' que criamos para lidar com o espaço público com a pessoa que somos para assim vivermos de forma mais genuína. A intenção é que se formos mais genuínos seremos mais felizes. Esta uma crença que está se consolidando.

O Jung disse que o homem avança no seu desenvolvimento em aspiral ascendente, indo de ponta a ponta, sempre subindo, mas indo de um extremo a outro na tentativa de corrigir os erros do estado atual. Sendo assim já que a separação - visão binária - não nos trouxe toda a felicidade que imaginávamos ter, estamos indo para a integração - visão holística - na tentativa de achar o pote no fim do arco iris.

Cada vez penso mais que o caminho do meio, que o oriente antigo tanto fala, embora hoje em dia lá também tenham se perdido na sua caminhada; é um caminho mais restaurador. Devo reconhecer que é difícil andar no meio sem ter experimentado os extremos. Mas a questão para refletir esta semana é a integração versus a separação. 


É válido para nós integrar? O quanto você quer ser o tempo inteiro como você é, ou acha que é, mesmo no espaço público em detrimento dos valores dos outros, do que é importante para os outros? Será que isso não é auto-importância acima do limite? Ou seja, será que isso não extrapola o limite do outro? Penso que o espaço público é um espaço para todos. E para todos poderem conviver de forma saudável existem regras mínimas de convivência. Isso, na minha opinião, não é prisão nem se subjugar. Isso, é você compreender que você não é um ser único na terra e que aceitar o outro e sua expressão de vida, seja ela qual for, também é aceitar a você como parte desse todo.

Por um outro lado, quem separa o tempo inteiro a persona da pessoa, será que partilhar teu ser em vários 'seres' te deixa feliz? A final, você sabe quem é você? Entende de você, do que você gosta, do que te faz feliz, do que você não gosta? Você consegue saber quando para de atuar e começa a ser você de verdade? E a ideia aqui, parte de uma crença nossa que sabendo VOCÊ quem VOCÊ é, há mais chances de encontrar um caminho que te deixe mais pleno, satisfeito e com isso alcance, se não o pote no fim do arco iris, pelo menos uma tranquilidade e leveza para caminhar neste mundo complexo.

Gostou do tema? mexeu contigo? tem mais durante semana.

Boa semana a todos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desconforto que liberta



O assunto da semana é a tal da liberdade. O que é ser livre para você? Você vive de fato uma liberdade ou criou uma liberdade aparente que mais aprisiona do que realmente liberta? Por conta de todas estas reflexões é que a nossa dica para o fim de semana vai propor algo que pode parecer muito estranho para você. A ideia é essa mesma: causar pequenos estranhamentos, que mexa com o que você considera confortável, que te leve a fazer as coisas de outro jeito. 

Começamos contando uma história publicada no Neo-Tarô, cartas do Osho e que fala assim:

VALOR
Não tente provar seu valor, reduzindo a si mesmo a uma mercadoria. Lembre-se, a maior experiência da vida não vem através do que você faz, mas através do amor, da meditação.

Lao Tzu e seus discípulos estavam viajando e chegaram a uma floresta onde centenas de lenhadores cortavam árvores. Toda floresta havia sido cortada, exceto uma grande árvore com milhares de galhos. Lao Tzu disse aos seus discípulos para perguntarem aos lenhadores por que aquela árvore tinha sido poupada e a resposta foi: Essa árvore é imprestável porque seus galhos têm muito nós. Não dá para usar nem como lenha, porque sua fumaça é perigosa para os olhos. Os discípulos contaram a Lao Tzu exatamente isso. Ele riu e disse: “Sejam como essa árvore. Se forem úteis, serão cortados e se tornarão mobília na casa de alguém. Se forem belos, serão vendidos no mercado, se tornarão uma mercadoria. Sejam como esta árvore, absolutamente inúteis e então crescerão grandes e amplos e milhares de pessoas encontrarão sombra sob vocês.”

Lao Tzu tem uma lógica completamente diferente da sua. Ele diz: seja o último, mova-se no mundo como se você não existisse: não seja competitivo, não tente provar seu valor – não há necessidade. Permaneça inútil e desfrute.

Tenho certeza que você sentiu, ao menos um pouco, de desconforto ao ler o texto acima. De fato é estranho pensar em sermos inúteis, não é?  Mas pense sem julgamentos e de coração aberto. Reflita sobre o real valor da sua vida e da sua essência. Faça isso durante todo o fim de semana, de uma forma bem diferente: mude seus padrões e rotinas. Faça um novo caminho, deixe de fazer algo que você sempre se programa e se tornou obrigação. Coma coisas diferentes do seu paladar do dia dia. Vá num lugar novo. Escute uma música que não é a sua favorita. Faça tudo diferente do costume. Parece fácil, mas é muito difícil e bem interessante. 

Permita-se o desconforto. E depois sinta a sensação da liberdade te invadir.

Um fim de semana bem diferente para todos nós.





terça-feira, 24 de setembro de 2013

Filhos não foram feitos para atender as expectativas de seus pais


Já adiantei ontem, aqui, que um dos meus prazeres quando almoço sozinha é ouvir as conversas das mesas ao lado. Mas esta confissão só serve para que eu possa contextualizar o assunto de hoje. No último sábado, estava esperando meu almoço, contemplando o bom dia, quando pessoas sentaram na mesa ao lado da minha. Dois casais e uma adolescente. Pelo que pude perceber, o casal mais velho eram os pais da menina e o rapaz, do casal mais novo, era filho do pai da menina, ou seja, meio irmão dela. Lá pelas tantas o rapaz pergunta para a irmã se ela já havia decidido que vestibular faria. Antes que a menina tivesse a oportunidade de abrir a boca, a mãe começou a responder. Contou que outro dia a menina veio com um história de fazer cinema, mas é lógico que ela, a mãe, já cortou esta possibilidade. “Não vamos nem falar sobre isso, Fulana. Faculdade de cinema não serve para nada. Nem para ganhar dinheiro e nem para arranjar marido. Pensa em outra coisa e já tira desta lista também jornalismo, teatro, artes plásticas e essas coisas assim. Aliás risca qualquer curso de Humanas". O pai da menina, que estava mais entretido com o seu celular do que com a conversa, levantou a cabeça, olhou para as duas e voltou ao seu entretenimento, sem falar nada. O irmão e a suposta cunhada, deram algumas risadas e a menina permaneceu calada. A conversa seguiu neste tom, mas perdi o foco, pois já tinha escutado o suficiente para minha cabeça começar a pensar neste texto.

Fiquei refletindo na falta de cuidado ao lidar com filhos adolescentes. Uma coisa que aprendi, anos atrás, quando decidi colocar meu filho de um ano e meio numa escola puramente construtivista, foi o respeito pelo indivíduo. É verdade que optei por escolas que não estavam no ranking dos melhores colégios da cidade - aqueles que preparam a pessoa para o vestibular mais complexo ou mesmo para formar os executivos mais poderosos do futuro. Mas me orgulho por ele ter recebido uma educação muito humana que valorizava quem ele é. Lembro-me de ter ouvido diversas vezes, nas reuniões de pais, a seguinte frase: “Quando alguém perguntar algo a seu filho, não responda por ele. Confie na capacidade que ele tem de se expressar”. Não vou negar que este exercício é bem difícil, portanto, não conto esta história na intenção de julgar a mãe do restaurante. Talvez, para ela, isso nem faça sentido. Mas fiquei curiosa em saber qual seria a resposta da menina, coisa que, até onde participei, não aconteceu.

Outra coisa (e isso sim me chocou) é a mãe achar que tem o direito de decidir o que a menina vai ser "quando crescer”. Especialmente porque os critérios da mãe estavam baseados em: 1) ganhar dinheiro, 2) arranjar marido. Ela não é a única, eu sei. A mulher parecia bem prática e, portanto, deveria estar apenas querendo encurtar o caminho de decepções que a menina poderia passar na vida até encontrar o seu caminho. Mas cá entre nós: o barato da vida não é exatamente a busca? De novo, como mãe, consigo entender que querer proteger o filho é visceral, mas não há o que se possa fazer para impedir os obstáculos que cada um vai ter que superar. Lidar com este fato o quanto antes fará das nossas vidas, mamães, menos pesadas. 

Fiquei pensando que o que mais detestava na minha mãe - na minha adolescência - era o fato dela nunca decidir nada por mim. As frases que mais ouvia era: Você que sabe. Como você quer? O que vai ser melhor para você? Eu achava injusto ela deixar na minhas mãos todas as minhas escolhas. Hoje, com o coração cheio de gratidão, amo minha mãe por isso. Tenho certeza que não teria conseguido passar pela minha vida se ela tivesse decidido coisas como a faculdade que eu iria fazer por ser um lugar potencial para eu encontrar um marido. Meu espírito livre não suportaria.

Tentei limpar a tendência de julgar aquela mãe para narrar um fato bem comum e talvez ela saiba o que é melhor para sua filha. E que o meu filho me perdoe se sentir que estou sendo injusta em dar a ele a opção de errar ou acertar.


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mudar e Experimentar. Ou Vice-versa.


Um dos comportamentos mais comuns atualmente é a falta de cuidado em nossos relacionamentos. A maioria das pessoas não está disposta a entender o outro. Dialogar com calma e entender as razões de cada um então...é quase uma afronta. É mais fácil desistir, partir para outra. As estatísticas dos casais que se divorciam nos primeiros anos do casamento estão aí para comprovar. E nas nossas andanças pelo Movimentos Humanos a gente confirma a estatística e percebe o quão inconsciente é, muitas vezes, a intolerância entre casais o que leva logo ao rompimento e não a oportunidade de amadurecer e criar uma relação equilibrada.



A grande questão é que todos nós somos diferentes e se não estivermos abertos ao diálogo e dispostos a ceder, o mínimo que seja, certamente só veremos mais e mais amores acabarem em mágoas e processos de separação. Não é fácil cultivar uma relação. É como educar filhos: dá trabalho, exige atenção e não tem fim. Tem que cuidar diariamente. A vontade de desistir, muitas vezes, é um alívio para aquilo que não conseguimos lidar. Mas também não é a solução, pois você pode fugir  para o deserto do Saara e, mesmo assim, o que não foi resolvido vai, de algum modo, te acompanhar.

Este assunto veio à tona neste fim de semana para mim. Eu e meu “namorido” somos muito diferentes no jeito de agir e (re)agir. Isso já fez com que a nossa relação chegasse a beira do penhasco inúmeras vezes. Aliás, a relação chegou a despencar - é bem verdade. Digo que foi  preciso nos matar para revivermos num relacionamento com um olhar mais maduro, mais entregue. Amadurecemos em nome de algo muito maior que as diferenças: a vontade de ficarmos juntos. Pois bem...a vida nos coloca  a prova de tempos em tempos só para termos certeza de que aprendemos.

Vamos lá: Me mudei pouquíssimas vezes na vida (a última vez há 9 anos atrás, quando comprei um apartamento e a penúltima há 13 anos quando vim de Curitiba para São Paulo). Mas as poucas vezes foram suficientes para ver como funciono a respeito do assunto. Gosto de fazer a mudança sozinha. Claro que preciso de ajuda para levar os móveis de uma casa para outra, mas quando está tudo na casa nova, prefiro resolver só (ou com o mínimo de pessoas possíveis). Isso faz com que eu entre em contato com aquele novo ambiente e, aos poucos, sinto dentro de mim, a transformação da casa (ambiente físico) para o lar (ambiente de proteção). Dá um trabalho danado. Mas é a renovação que preciso para começar um novo ciclo.

Meu companheiro, claro, gosta mesmo de resolver tudo em comunidade. Reunir as pessoas queridas para ajudar na mudança, todo mundo dando palpite, a casa cheia, amigos dividindo o espaço com as caixas e móveis fora do lugar, é o jeito dele se conectar com o novo ambiente. E como foi ele quem mudou no sábado, lá fui eu. Coração aberto, mas sabendo que estava prestes a viver uma experiência difícil. E apesar de ser a casa dele, combinamos que passarei mais tempo lá e, por isso, idealizamos o projeto juntos. Então a mudança era um pouco minha também. Combinamos que na parte da manhã eu iria resolver algumas coisas fora e ajudaria à tarde. Cheguei às 15h e o que encontrei? Como disse, ele gosta do coletivo. O apartamento estava tomado de caixas, móveis, amigos, música alta e animada, furadeira, telefone tocando e por aí vai. E, o meu amor querido, feliz da vida, no meio do caos, ainda me pergunta: “Por que você não trouxe o jimi?”(jimi é o nosso cachorro, meio igual a mim, que achei ficaria melhor na tranquilidade de um lar já montado!). No meio de tudo aquilo o aberto do meu coração, conforme afirmei algumas linhas acima, começou a virar uma frestinha quase imperceptível. Durante a primeira meia hora achei até que ele ia mesmo se fechar violentamente – como uma porta que bate com o vento forte. Mas percebi o que estava acontecendo comigo e consegui reagir ao movimento que me contrariava. Resisti firmemente a deixar meus impulsos irracionais tomarem conta da situação e comecei a trabalhar. Mão na massa, coração amenizado e vamos nessa. Estamos juntos e posso ao menos tentar, pensei.

A mudança terminou em pizza, no fim da noite, com mais amigos que foram chegando, e muita coisa ainda por fazer. Mas estávamos felizes. Ele com a conquista e eu com a experiência, com a felicidade dele (e com meu comportamento, confesso). É bem verdade que, ao decidirmos morar em casas separadas, facilitamos a vida e quando for a minha vez de mudar, vamos fazer diferente. Mas tudo bem. Sei que ele topa.


Para terminar o fim de semana, ontem ele já era melhor amigo do vizinho de porta, já conhecia a namorada do sujeito e já havia convidado o casal para um vinho, em casa, claro. Eu, nem preciso dizer, sou mais reservada e apesar de ter um relacionamento cordial com meus vizinhos, poucos se tornaram amigos e frequentam o meu apartamento. Pensei comigo: isso tudo é rápido demais para mim. Fiquei meio estranha e, meio de mal jeito, sem entender direito o que estava acontecendo, nós conseguimos nos adequar a situação. Ele foi ao supermercado comigo enquanto os vizinhos terminavam outro compromisso e de lá escapei para casa. Ele tomou o vinho com os novos amigos e eu tomarei muitos vinhos com eles também. Mas, calma, preciso respirar um pouco. Meu ritmo é diferente. Como meu namorado mesmo concluiu: “Nem certo, nem errado. Diferente”. Vitória do amor.